THESOURO DE PACIÊNCIA
DA PRISÃO DO SENHOR
MEDITAÇÃO IV
Apresentado o Senhor, como réu, diante de Anaz, um atrevido e sacrílego ministro levantou a mão e deu uma cruel bofetada na face divina e sacro santa. Seja Deus bendito por tal paciência; seja mil vezes bendito e adorado! Cristão, que isto lês ou ouves ler, adora ao teu Jesus tão gravemente afrontado, e confessa-o por teu Deus: esforça-te a compensar-lhe, do modo que te for possível, com as tuas adorações, aqueles desprezos; e depois de o haverdes adorado, pondera devagar o que mereceria aquele atrevido que lhe fizessem em castigo do seu atrevimento. Tu te persuadirás facilmente que todos os castigos, todos os desprezos, todos os tormentos do inferno eram bem merecidos. Sabe, pois, que tu és aquele malvado: quantas vezes ofendeste mortalmente a Deus, outras tantas descarregaste sobre a sua face divina injuriosas bofetadas; não o podes negar. Dize agora, que mereces tu que te façam? Se Deus, pelas suas criaturas, te mandar afrontar, poderás justamente queixar-te? Tu afrontaste a Deus, e ainda te queixas quando agora por sua ordem, te afrontam! 'T'u injuriaste a Deus na sua própria face, e ainda te queixas, quando, em castigo, te tocam na fimbria da tua honra! Que loucura! O vil bichinho da terra teve o insolente atrevimento de levantar a mão contra o Omnipotente, e agora escandaliza-se muito, porque o não adoram nem estimam como queria. Ora confunde-te; e prostrado aos pés desse mesmo Deus, a quem injuriaste, pede-lhe que te perdoe, e, pela sua afronta neste Passo, te dê conhecimento de quanto mereces ser afrontado e desprezado.
JACULATORIA.-
Pequei, meu Deus, pequei: justo é que todas as criaturas me desprezem e afrontem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário