UMA CONVERSÃO EXTRAORDINÁRIA
Em tempos idos andava por terras da América um famoso missionário, um verdadeiro apóstolo de Jesus Cristo. Jovem ainda, deixou a pátria e veio para estas terras, que percorreu em todas as direções, pregando e conquistando inúmeras almas para o céu. A sua palavra arrebatava as multidões. O demônio, porém, odiava-o de morte. A maçonaria fazia-lhe guerra tremenda. Reunidos em seus antros, resolveram os maçons dar cabo daquele maravilhoso apóstolo que não sabia o que era medo.
Estava ele a dar uma missão em terras do Peru. Naquela noite pregava sobre as misericórdias da Virgem do Perpétuo Socorro. Ali estava o povo em massa. Bem defronte do púlpito, encostado a uma coluna, de pé, estava um jovem. Era alto, muito magro e de cor Bronzeada. O rosto refletia tristeza muito grande e seus olhos não ocultavam o seu desespero... Inspirava medo aquele tipo.
Notou-o desde o púlpito o famoso missionário. Como naqueles dias recebera muitas cartas anonimas avisando-o de que os maçons o seguiam de perto e já haviam assalariado o assassino, disse consigo: Esse deve ser o homem que vem me matar.
Continuou impávido pregando sobre a bondade da SS. Virgem. Falava com muita unção e fervor. De vez em quando olhava para a frente, dizendo consigo: Não há dúvida, esse é o homem que vem me matar. Terminou, enfim, o sermão e desceu do púlpito. Olhou e viu que aquele terrível personagem, que até então estivera imóvel como uma estátua, começou a mover-se em direção à sacristia.
— Oh! — disse o Padre — é éle mesmo, é o meu assassino.
Entra o missionário na sacristia e quer fechar a porta, mas aquele homem dá um empurrão e entra resoluto.
— Irmão — exclama o Padre — um momento enquanto faço um ato de contrição... Mas antes que terminasse essas palavras, o misterioso personagem, prostrado a seus pés, confessava-lhe um horrendo pecado. E apenas o confessara, pós-se a chorar como uma criança. Juntava as mãos, erguia-as para o céu e exclamava como fora de si:
— Bendita seja a Virgem do Perpétuo Socorro! Saiu, enfim, o monstro do meu coração...
Quando se acalmou, profundamente comovido e derramando abundantes lágrimas, disse:
— Padre, nasci na Grécia. Aos dezesseis anos cometi o pecado que lhe acusei. Tive tal vergonha de o haver cometido que resolvi sepultá-lo para sempre no meu coração. Mas os remorsos me consumiam; não podia descansar de dia nem de noite. Soube que havia guerra no Egito e disse comigo: Irei para a guerra. Lá, quando, na batalha, ouvir. estourarem as granadas ao redor de mim e as balas sibilarem sobre minha cabeça, terei medo e me confessarei... Padre, fui para a guerra; e sibilaram as balas e estouraram as granadas. Estive inúmeras vezes ao lado da morte e não tive coragem de confessar a minha horrenda culpa. Terminada a guerra, disse comigo: Irei para a China. Lá estão os apóstolos mártires de Jesus Cristo. Descerei a seus cárceres e humildemente lhes direi o meu pecado, pedindo-lhes que rezem por mim... E fui até a China, e desci ao fundo dos cárceres e falei com alguns confessores de Jesus Cristo, que eram mártires de seu amor. Quis confessar-me, mas disse: Eles tão santos, e eu tão pecador! E outra vez a vergonha fechou-me a boca. Tenho andado, muito pela América à procura de um confessor que me inspirasse confiança e não o encontrei. Vim, finalmente, morar aqui perto, numa casa de campo. Soube, então, que os senhores pregavam uma missão e vim hoje, pela primeira vez, e só por curiosidade de ouvi-los. Quando o senhor Padre pregava e dizia: “Eu desafio qualquer pecador a que reze três Ave-Marias a N. S. do Perpétuo Socorro e se confesse mal”, disse comigo: “Vou mostrar a esse Padre que é um embusteiro. Direi as três Ave-Marias, e todavia não me confessarei bem”. Padre, rezei a primeira Ave-Maria e meu coração continuou duro como uma bigorna de ferreiro. Comecei a segunda Ave-Maria e, ao chegar àquelas palavras: “Rogai por nós, pecadores”, senti, Padre, um estremecimento em todo o meu ser... “Não, não disse — não quero me confessar”. Mas, como homem de palavra, rezei a terceira Ave-Maria. Então, Padre, posso jurar-lhe, ao chegar àquelas palavras : Rogai por nós, pecadores... ouvi uma voz suavíssima, como a voz de uma mãe, que me dizia : — Agora, é a minha hora, é a tua hora... é a hora da misericórdia de Deus. Agora, meu filho... agora... agora mesmo. Era, sem dúvida, a Virgem do Perpétuo Socorro que me falava. Padre, eu trazia um inferno em meu coração. Agora confessei o meu enorme pecado e recobrei a paz. Bendita seja mil vezes Nossa Senhora do Perpétuo Socorro!
Este belo exemplo foi contado muitas vezes pelo famoso missionário, que, pela proteção de Nossa Senhora, escapou da sanha de seus inimigos. Que este exemplo nos sirva de lição!
Nenhum comentário:
Postar um comentário