26 de setembro de 2016

Columba Marmion - Jesus Cristo nos seus mistérios.

III

Este conhecimento adquirido na oração, pela fé, sob a inspiração do Espírito Santo é realmente a fonte de água viva que jorra até à vida eterna : Fons  aquae salientis in vitam aetemam. Com  efeito  (e esta é  uma verdade capital que será esclarecida no  decurso destas palestras), o Pai  Eterno depositou em  Jesus Cristo todas as graças, todos os dons de santificação que destina às almas.
 « Ninguém pode ir ao Pai  senão  pelo Filho» Nemo venit ad Patrem, nisi per me; sem Cristo nada temos, mas com Ele tudo possuímos, «tudo podemos», porque n'Ele habita a plenitude da divindade. Quem tiver compreendido o mistério de Cristo e dele viver, encontrou a pérola de inestimável preço de que fala o Evangelho e que por si só vale mais do que todos os tesouros, pois com ela adquire a vida eterna.
Quanto melhor conhecermos a Jesus Cristo, quanto mais aprofundarmos os mistérios da Sua pessoa e da Sua vida e estudarmos, na oração, as circunstâncias e pormenores que a Revelação  nos transmitiu,  tanto mais verdadeira será a nossa piedade e sólida a nossa santidade.
A  nossa piedade deve ser baseada na fé e no conhecimento que Deus nos concedeu  das  coisas sobrenaturais e divinas. Uma piedade baseada apenas  no sentimento é tão frágil e efêmera como o próprio sentimento que lhe serve de base: é uma casa construída sobre areia e que ao primeiro abalo se desmorona. Pelo contrário, quando a nossa piedade assenta na fé e nas convicções resultantes dum profundo conhecimento dos mistérios de Jesus, único Deus verdadeiro como Pai e o Espírito Santo, então é inabalável, como edifício construído sobre rocha firme: Fundata enim erat super petram.
Além disso, este conhecimento é para nós fonte inexaurível de alegria.
A alegria é o sentimento que brota da alma consciente do bem possuído. O bem da nossa inteligência é a verdade; quanto mais abundante e luminosa for esta verdade, tanto mais profunda é a alegria do espírito.
Jesus traz-nos a verdade: Ele é a própria verdade,  verdade cheia de doçura, que nos mostra a
munificência do nosso Pai dos céus ; «do seio do Pai, onde vive sempre, Cristo revela-nos os segredos divinos», que possuímos pela fé. Que festim, que satisfação, que alegria para a alma fiel, contemplar a Deus, o Ser infinito e inefável, na pessoa de Jesus Cristo; ouvir a Deus nas palavras de Jesus ; descobrir os sentimentos de Deus, se assim me posso exprimir, nos sentimentos do Coração de Jesus; considerar os gestos divinos, penetrar no seu mistério, para nele haurir, como  em sua fonte, a própria vida de Deus:  Ut impleamini  in omnem plenitudinem Dei!
Ó Cristo Jesus, nosso Deus e nosso Redentor, revelação do Pai, nosso irmão mais velho e nosso amigo, fazei que Vos conheçamos! Purificai os olhos do nosso coração para Vos podermos contemplar com alegria; fazei cessar o bulício das criaturas para Vos podermos seguir sem bstáculo. Revelai-Vos Vós mesmo às nossas almas, como fizestes aos discípulos de Emaús, expli­cando-lhes as páginas sagradas que falavam dos Vossos mistérios, e sentiremos «os nossos corações inflama­dos»,  para Vos amarem e se unirem firmemente a Vós !

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