4/21- O SONHO DAS CONSCIÊNCIAS
ALMAS ACORRENTADAS
Em sonho, apareceu a Dom Bosco
encontrar-se na estrada que dos Becchi
conduzia a um campo de sua propriedade, perto de Capriglio.
No caminho encontrou um desconhecido que
o acompanhou, sem todavia revelar seu nome. Passando ao lado de figueiras e
depois perto de vinhedos, o desconhecido convidou instantemente Dom Bosco a
provar de algum fruto, mas este se recusou.
Chegados finalmente ao campo para onde
Dom Bosco se dirigia, o indivíduo que o acompanhava dirigiu-lhe uma estranha
pergunta:
_ quer ver seus meninos tais quais são
no momento presente? Como serão no futuro? Quer contá-los?
Oh, sim!
_ venha, então.
LENTE MISTERIOSA
"Então- Dom Bosco- tirou , não sei
de onde, uma grande máquina, que eu não saberia descrever, e a fincou no chão. Dentro dela, havia
uma roda, grande também.
- que
significa essa roda?- perguntei.
Respondeu:
A eternidade nas mãos de Deus!- e, segurando
a manivela e dê uma volta.
Fiz o
que me mandou; acrescentou:
Olhe agora lá dentro.
Observei
a máquina e vi que havia nela uma lente enorme, de aproximadamente metro
e meio de diâmetro. Encontrava-se no meio da máquina, fixa na roda. Olhei logo através da lente. Que espetáculo! Vi todos os
jovens do oratório.
"como é isto possível ?" dizia comigo mesmo. "até hoje, não via ninguém por estas bandas,
e agora
estou vendo todos os meus filhos!
Mas eles não estão em Turim?"
Olhei por cima e aos lados da máquina, porém, a não ser pela
lente, não via ninguém. Levantei o rosto para mostrar minha admiração àquele
amigo, mas, depois de alguns instantes, ele me ordenou dar uma outra volta na
manivela: via então que se afetara uma estranha e singular separação entre os
jovens. Os bons estavam separados dos maus. Os primeiros estavam radiosos de
alegria . o segundos, que felizmente não
eram muitos, inspiravam compaixão. Reconheci-os todos . mas como eram diferentes
do que deles pensavam deles os companheiros !...
Uns tinham a língua furada; outros, os
olhos revirados de modo a causar dó; outros sofriam de dores de cabeças por
causa de úlceras repugnantes; outros tinham coração roído de vermes...mas
olhava para eles, mas crescia minha aflição. Repetia:
Mas será possível que estes sejam os
meus filhos? Não compreendendo o que possam significar essas estranhas doenças
.
A estas palavras, aquele que me tinha
conduzido à roda me disse:
0escute : a língua significa as más conversas; os olhos
vesgos são aqueles que interpretam e apreciam totalmente as graças de Deus,
preferindo a terra ao céu; a cabeça
doente é o descuido dos seus conselhos,
a satisfação dos próprios
caprichos; os vermes são as paixões desregradas que roem o coração ; há também
os surdos que não querem ouvir as palavras , para não Ter que pô-las em
prática.
JOVENS ACORRENTADOS
Fez-me depois um sinal e eu, dando uma
terceira volta na roda, apliquei a vista na lente do aparelho. Havia quatro
jovens presos com fortes correntes. Observei-os atentamente e reconheci -
os todos. Pedi explicação ao
desconhecido, que me disse:
é fácil compreender: são aqueles que não
ouvem seus conselhos e não mudam de vida; estão em perigo de perder-se.
Mandou-me dar outra volta. Obedeci e pus-me
novamente a observar. Via-se outros sete jovens, reservados , com ar
desconfiado, trazendo na boca um cadeado
fechava os lábios.
Três deles tapavam as orelhas com a mão admirado e entristecido, perguntei o
motivo do cadeado que fechava os lábios
daqueles tais. Ele me respondeu:
Então não entende? Estes são os que
calam.
Mas calam o quê?
Compreendi então o que significava:
calam na confissão; mesmo se interrogados pelo confessor não respondem ou
respondem com evasivas.
O amigo continuo:
Está vendo aqueles três que , além do
cadeado na boca, tapam com as mãos os ouvidos? Como é deplorável sua condição ?
são os que não somente calam na confissão, mas também não querem de nenhum modo
ouvir os conselhos, as ordens do confessor. São os que ouviram suas palavras ,
mas não a escutaram, não lhe deram importância poderiam abaixar as mãos , mas
não o querem fazer. Os outros quatros escutaram suas exortações e suas
recomendações , mas não souberam aproveitar-se delas.
Que devem fazer para se verem livres
daquele cadeado?
Ejiciatur superbia e cordibus eorum.(
expulse-se de seus corações a soberba )
Hei de avisar a todos eles. Mas para
aqueles que tapam os ouvidos com a mão há pouca esperança.
O APERTO FATAL
O personagem me fez dar mas uma volta na
roda. Olhei e vi mas três jovens numa situação desesperadora. Cada um deles
tinha um pavoroso macaco sobre os ombros. Observei atentamente tinham chifres.
Simbolizam os jovem que mesmo dos exercícios ainda não são amigos de nosso
senhor. O pecado e as paixões os escravizam.
Com o coração opresso por uma indizível
comoção , com lagrimas nos olhos, voltei - me para o amigo e lhe disse:
como é possível ? estão em semelhante
estado esses pobres jovens com os quais despendi tantas palavras, cerquei de
cuidados, tanto na confissão como fora dela?
Perguntei o que eles deviam fazer para
sacudir dos ombros aquele monstro horroroso.
Disse-me ele:
Labor, sudor, fervor.
Compreendi materialmente as palavras-
respondi- mas é preciso que me dê a explicação
Trabalho na assiduidade das obras : suor
na penitência; fervor nas orações fervorosas e perseverante.
Entretanto eu olhava e me afligia
pensando: " como é isso? Será possível?! Mesmo depois dos exercícios
espirituais?!... aqueles ali...depois de tudo o que fiz por eles, depois de
tanto trabalho...depois de Tantos
conselhos ...e tantas promessas !...Ter avisados tantas vezes...não esperava mesmo esta decepção”. Não conseguia
tranqüilizar-me.
CEM POR UM
consola-se , porém- replicou aquele
homem , ao ver o meu abatimento; fez-me dar outra volta na roda e acrescentou:
veja como Deus é generoso! Olha quantas
almas lhe quer entregar! Está vendo aquela multidão de jovens?
Voltei a olhar pela lente e vi uma
multidão que jamais conhecera na minha vida.
sim estou vendo- respondi - mas não os
conheço.
Pois bem aqueles são os que nosso senhor
lhe vai dar, em compensação pelos que não correspondem aos seus cuidados.
Fiquei sabendo que para cada um destes últimos ele vai lhe dar cem.
Ah! Pobre de mim! - exclamei- a casa já
está cheia. Onde porei estes novos jovens?
Não se aflija aquele que lhes envia sabe
muito bem onde os irá colocar. Ele mesmo
encontrará os lugares.
Se é assim , estou contentíssimo -
respondi- consolado.
Observando ainda por muito tempo e cheio
de complacência todos aqueles jovens , retive a fisionomia de muitos. Saberia
reconhecê-los, se por acaso os
encontrasse ."
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