2 de janeiro de 2011

Santíssimo Nome de Jesus

Sermão de Santo Antônio de Pádua
(continuação do precedente)


II. DO NOME PELO QUAL FOI CHAMADO
6. O nome pelo qual foi chamado, como está escrito: "O seu nome foi chamado Jesus" (Lc 2, 21). Nome doce, nome deleitável, nome confortador para o pecador, e da bem-aventurada esperança; júbilo para o coração, melodia para o ouvido, mel para a boca. Exultando nesse nome, diz a esposa nos Cânticos I: "O seu nome é óleo derramado" (Cant 1, 2). Note-se que o óleo faz cinco coisas: sobrenada em todo líquido, amolece o que é duro, amacia o que é áspero, ilumina o que é escuro, sacia o corpo. Assim ele nome "Jesus" supera o nome de todo homem e anjo, porque ao seu nome todo joelho se dobra (cf. Phil 2, 10). Pregando-o, amolece os corações duros; invocando-o, amacia as ásperas tentações; pensando-o, ilumina o coração; lendo-o, sacia a alma.
E perceba-se que o nome de Jesus não é chamado apenas óleo, mas ainda: "derramado". Onde? E de onde? Do coração do Pai, no céu, no mundo e nos infernos. No céu, para a exultação dos anjos, porquanto clamam, exultantes, no Apocalipse: "Salvação ao nosso Deus, sentado no trono, e ao Cordeiro" (Apoc 7, 10), isto é, Jesus, que quer dizer salvação. Na terra, para a consolação dos pecadores, da qual fala Isaías XXVI: "O vosso nome e o vosso memorial são o desejo da alma. A minha alma deseja-vos de noite" (Is 26, 8-9). Nos infernos, para a libertação dos cativos, porquanto diz-se que clamavam, com os joelhos dobrados: Viestes, redentor nosso (Officium Defunctorum), etc.

7. Falarei, ainda, brevemente, sobre o modo como é escrito este noma. Esse nome de Jesus (Iesus) tem duas sílabas, e cinco letras, três vogais e duas consoantes. Duas sílabas, porque Jesus tem suas naturezas, a divina e a humana. A divina do Pai, do qual nasceu sem mãe; a humana da mãe, da qual nasceu sem pai. Eis que há duas sílabas nesse único nome, porque há duas naturezas nessa única pessoa. Note-se, ainda, que a vogal é a que dá o som por si, e a consoante, a que dá o som com outra. As três vogais representam a divindade, que, sendo uma por si, soa em três pessoas. Porque "três são os que dão testemunho no céu: o Pai, o Verbo, e o Espírito Santo, e esses três são um" (1Jo 5, 7). As duas consoantes são a humanidade, que, tendo duas substâncias, o corpo e a alma, não soa por si, e sim com a outra, à qual é unida na unidade da pessoa. "Porque, como a alma racional e o corpo é um único homem, assim Deus e homem é um único Cristo" (Symbolum Athanasianum). Pessoa é definida como substância racional por si subsistente, e isso é Cristo. E é Deus e homem, mas por si subsiste enquanto Deus, não, porém, enquanto homem, porque a divindade conservou o direito de personalidade assumindo a humanidade, mas a humanidade assumida não recebeu o direito de personalidade, [porque não foi a pessoa que assumiu a pessoa, nem a natureza assumiu a natureza, mas a pessoa assumiu a natureza] (Inocêncio III, papa, Sermão sobre a Circuncisão).
Este é, pois, um nome santo e glorioso, "que é invocado sobre nós" (Jer 14, 9), e não há outro nome sob o céu, como disse Pedro, no qual podemos ser salvos (cf. Act 4, 12). Por ele nos salve o mesmo Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor, que é bendito sobre todas as coisas, nos séculos dos séculos. Amém.

Traduzido por nós de http://www.santantonio.org/portale/sermones/indice.asp?ln=LT&s=0&c=0&p=0

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