21 de janeiro de 2011

A educação cristã dos filhos - Santa Catarina de Sena

Carta 156
Para João Perotti

1 - Saudação e objetivo

Caríssimo e muito querido filho (João Perotti, casado com dona Lippa, era de Luca, Catarina lhe escreveu as cartas 156 e 160), no doce Cristo Jesus, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no Seu precioso sangue, desejosa de vos ver como autêntico pai que nutre, orienta e governa vossa família no santo temor de Deus, de modo que vós sejais uma árvore frutífera e vossos filhos sejam bons e virtuosos.

2 - Na educação, Cristo é o exemplo

Meu filho, sabeis que uma árvore, para produzir frutos, deve ser de boa qualidade e bem formada. Assim, afirmo que vossa alma também deve ser formada no autêntico e santo temor e amor de Deus. Se por acaso disséssemos: "Eu não sei como aperfeiçoar-me", eis que o Verbo, Filho de Deus, tornou-se nosso exemplar. Ele disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Quem vai por esse caminho, não poderá errar e produzirá o fruto da vida.

Essa vida alimentará os vossos filhos espirituais, mas sobretudo os filhos naturais, que receberão o perfume e a essência daquela vida.

Qual foi a maneira de viver do bondoso Mestre, o imaculado Cordeiro? Ele viveu em profunda humildade. Sendo Deus, humilhou-se diante dos homens. Sua vida foi de sofrimentos, tormentos, acusações, dores e cansaços e por fim acabou na terrível morte de cruz.

Desprezando prazeres e satisfações pessoais, sempre caminhou pelas estradas mais humildes e desprezadas. E qual foi o resultado dessa caminhada para nós? Que qualquer pessoa pode segui-lO, se quiser. Já ouviste contar de um ato de paciência semelhante ao Seu, quando estava pregado na Cruz? Ao grito dos judeus: "Crucifica-o", Ele respondia: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23,34).

Desmedida bondade divina! Além de perdoar, apresenta justificações ao Pai! Cristo é um manso Cordeiro e d'Ele ninguém ouviu qualquer queixa. Ele nos revelou um grande amor, pois foi o amor que O conservou pregado na Cruz. Não foram os cravos, nem a madeira. Unicamente o amor. Cristo foi obediente ao Pai celeste, nunca pensou em Si, mas somente na glória do Pai e em nossa salvção.

Meu bondoso filho, eis o caminho que desejo que sigais, para serdes um bom pai, nutrindo vossa alma e a alma dos filhos que Deus vos deu, fazendo-os crescer de virtude em virtude.

Lembrai-vos, porém, que não podemos obter as virtudes por nós mesmos. Somos todos árvores silvestres. Temos de fazer um enxerto naquela doce árvore de Cristo crucificado, mediante o amor e o desejo. Vendo-nos tão amados por Cristo que por nós deu a vida, sentimo-nos obrigados a formar uma só coisa com Ele.

Inebriada de amor, a pessoa não aceita seguir outro caminho senão o seu Mestre. Despreza o prazer e as consolações do mundo, porque Cristo os evitou. Ama a virtude, despreza o vício. Prefere morrer a ofender o Criador. Nem suportará que os próprios filhos e a família O ofendam. Repreenderá até, como autêntico pai. E quanto pode, exige que sigam o próprio exemplo.

É sobre isso que vos peço atenção. Lembranças à vossa família e muitas recomendações à mãe e à esposa. De modo especial abençoai aquela filha, que eu quero que seja religiosa e consagrada a Cristo.

3 - Conclusão

Nada mais acrescento. Permanecei no santo e doce amor de Deus. Jesus doce, Jesus amor.

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