SACERDOTE ETERNAMENTE
Dom Emmanuel Marie André
LIVRO QUARTO
DAS VIRTUDES NECESSÁRIAS PARA O EXERCÍCIO DO MINISTÉRIO
CAPÍTULO III
O Bom Exemplo
Exemplo esto fidelium (sê um exemplo para os fiéis — 1 Tim 4,12), diz São Paulo a seu estimado Timóteo. In omnibus te ipsum praebe exemplum (em todas as coisas dá um bom exemplo — Tito 2,7), diz ele a Tito.
A alma do padre, diz São João Crisóstomo, deve ser mais pura do que os raios do sol(9). E diz ainda que os vícios de um padre não têm possibilidade de permanecerem escondidos, mas, por pequenos que sejam, depressa se tornam conhecidos: Neutiquam possunt sacerdotum vitia latere, sed etiam exigua cito conspicua sunt (De modo algum podem permanecer escondidos os vícios dos padres e mesmo pequenos logo se tornam manifestos(10)).
Sem o bom exemplo, o padre nem pode agir nem falar com utilidade para as almas. Pois deve praticar o bem para que mereça ser considerado pelas almas um homem de Deus; e só praticando o bem terá autoridade para ensiná-lo aos outros.
São Gregório de Nazianzo não pensava diferentemente dizendo:
“Antes de purificar é preciso estar puro; antes de ensinar a sabedoria é preciso tê-la adquirido; antes de iluminar é preciso tornar-se luminoso; antes de encaminhar os outros a Deus é preciso aproximar-se a si próprio d’Ele; e antes de santificar é preciso que se seja santo”(11).
Um padre jamais poderá ensinar uma virtude que não possua ou levar alguém à prática de um bem que ele nunca tenha praticado.
O exemplo é a primeira das pregações; sem ele de nada servirá toda a eloqüência do mundo: Aes sonans, cymbalum tinniens (Um bronze que soa, um címbalo que tine).
São Jerônimo faz a hipótese de um padre que tivesse em torno de si fiéis virtuosos sem que ele próprio o fosse ou que o fosse menos do que aqueles a quem devesse ensinar a virtude. Um tal estado de coisas causaria funesta ruína na Igreja, segundo este incisivo pronunciamento do santo:
Vehementer enim Ecclesiam Dei destruit meliores esse laicos quam clericos (quando os leigos são melhores do que os clérigos, advém veemente ruína na Igreja de Deus)
A razão dessa sentença é fácil de perceber. Os fiéis, não encontrando em seu pastor o que lhes é necessário para progredir na virtude ou mesmo para nela se manterem, irão decaindo, e a queda será tanto mais rápida quanto menos esteja o pastor em estado de sustentá-los no estágio em que já se encontravam.
Portanto, é necessário o exemplo, que tanto mais perfeito deverá ser quanto mais perfeitas forem as almas a instruir.
(9): De sacerdotio, livro VI, cap. 2.
(10): Op. cit., livro III, cap. 14.
(11): Oratio I e II.
A alma do padre, diz São João Crisóstomo, deve ser mais pura do que os raios do sol(9). E diz ainda que os vícios de um padre não têm possibilidade de permanecerem escondidos, mas, por pequenos que sejam, depressa se tornam conhecidos: Neutiquam possunt sacerdotum vitia latere, sed etiam exigua cito conspicua sunt (De modo algum podem permanecer escondidos os vícios dos padres e mesmo pequenos logo se tornam manifestos(10)).
Sem o bom exemplo, o padre nem pode agir nem falar com utilidade para as almas. Pois deve praticar o bem para que mereça ser considerado pelas almas um homem de Deus; e só praticando o bem terá autoridade para ensiná-lo aos outros.
São Gregório de Nazianzo não pensava diferentemente dizendo:
“Antes de purificar é preciso estar puro; antes de ensinar a sabedoria é preciso tê-la adquirido; antes de iluminar é preciso tornar-se luminoso; antes de encaminhar os outros a Deus é preciso aproximar-se a si próprio d’Ele; e antes de santificar é preciso que se seja santo”(11).
Um padre jamais poderá ensinar uma virtude que não possua ou levar alguém à prática de um bem que ele nunca tenha praticado.
O exemplo é a primeira das pregações; sem ele de nada servirá toda a eloqüência do mundo: Aes sonans, cymbalum tinniens (Um bronze que soa, um címbalo que tine).
São Jerônimo faz a hipótese de um padre que tivesse em torno de si fiéis virtuosos sem que ele próprio o fosse ou que o fosse menos do que aqueles a quem devesse ensinar a virtude. Um tal estado de coisas causaria funesta ruína na Igreja, segundo este incisivo pronunciamento do santo:
Vehementer enim Ecclesiam Dei destruit meliores esse laicos quam clericos (quando os leigos são melhores do que os clérigos, advém veemente ruína na Igreja de Deus)
A razão dessa sentença é fácil de perceber. Os fiéis, não encontrando em seu pastor o que lhes é necessário para progredir na virtude ou mesmo para nela se manterem, irão decaindo, e a queda será tanto mais rápida quanto menos esteja o pastor em estado de sustentá-los no estágio em que já se encontravam.
Portanto, é necessário o exemplo, que tanto mais perfeito deverá ser quanto mais perfeitas forem as almas a instruir.
(9): De sacerdotio, livro VI, cap. 2.
(10): Op. cit., livro III, cap. 14.
(11): Oratio I e II.
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ANDRÉ, Dom Emmanuel Marie. Tratado do Ministério Eclesiástico.
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