Marcelo, romano, pontificou desde o tempo de Constâncio e Galério até o de Maxêncio*. Por sua exortação, Lucina, matrona romana, fez da Igreja de Deus herdeira dos seus bens. Aumentando na cidade o número de fiéis, para seu proveito, instituiu novos Titulares, e distribuiu-os à maneira de dioceses, para administrar o batismo e a penitência àqueles que tomavam a religião cristã, e para sepultar os mártires. Por isso, Maxêncio encheu-se de cólera, ameaçando Marcelo com graves suplícios, se não renunciasse ao pontificado e imolasse aos ídolos.
Como o santo não desse ouvidos às insanas palavras do homem, este o mandou a um estábulo, para cuidar dos animais que eram alimentados pelo Estado. Marcelo passou aí nove meses, entre assíduos jejuns e preces, e, não podendo visitar as paróquias com sua presença, fê-lo pelas epístolas. Então, resagtado pelos clérigos, recebeu hospedagem em casa da bem-aventurada Lucina, no local onde dedicou uma igreja, que hoje é chamada de São Marcelo, na qual os cristãos oravam e o próprio São Marcelo pregava.
Sabendo disso, Maxêncio transferiu o estábulo dos animais para aquela igreja, e mandou que fossem cuidados por Marcelo. Aí, devido ao fedor do local e à aflição de muitos trabalhos, dormiu no Senhor. O seu corpo foi sepultado no cemitério de Priscila, na via Salariana, pela bem-aventurada Lucina, no dia 16 de janeiro. Ele reinou por cinco anos, um mês e vinte e cinco dias. Escreveu a epístola aos bispos da província de Antioquia sobre o primado da Igreja Romana, que ele provou que com razão é chamada cabeça das igrejas. Nela, ele também escreveu que nenhum concílio pode ser celebrado senão pela autoridade do Romano Pontífice. Ele ordenou, em Roma, em dezembro, vinte e cinco presbíteros, dois diáconos, e vinte e um bispos para diversos lugares.
Fonte: Breviário romano.
* Imperadores romanos. Pontificou, portanto, desde o ano do Senhor de 304 até o de 310 (N. do T.)
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