11 de março de 2016

Sermão para a Quarta-Feira de Cinzas

[Sermão] Quaresma: Tempo de misericórdia e de graças

Sermão para a Quarta-Feira de Cinzas

 Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Hoje é Quarta-Feira de Cinzas, primeiro dia da Quaresma. Dia de jejum e abstinência. Abstinência é não comer carne, e obriga todos os fiéis católicos, a partir dos 14 anos até o final da vida. Jejum é fazer uma refeição normal, em geral o almoço, e duas colações, uma de manhã e uma de tarde, que, juntas, não cheguem a uma refeição normal. E não se deve comer nada entre as refeições. Todos os católicos entre dezoito e sessenta anos estão obrigados ao jejum, a não ser por motivo sério de saúde, ou por trabalho mais duro, ou uma mulher pela gravidez, por exemplo. Fazer bem as penitências que a Igreja obriga. Ela já pede tão poucas atualmente.
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Prezados católicos, a Igreja, hoje, com a imposição das cinzas, quer nos lembrar que tudo é cinzas, tudo passa. Nossa vida nesse mundo são cinzas, os bens que possuímos são cinzas. Tudo, nesse mundo são cinzas. Acaba rapidamente. Não devemos, caros católicos, colocar o nosso coração em cinzas. Não podemos fazer das cinzas o nosso tesouro. Como diz NS: onde está o teu coração aí está o teu tesouro. As cinzas estão hoje aqui na nossa testa para nos lembrar de que tudo é cinzas, de que tudo passa. Que tudo é vaidade. As cinzas nos lembram, então, que nosso coração deve estar em Deus e naquilo que nos conduz a Ele. Nosso tesouro deve ser as boas obras, a virtude, o amor a Deus. Nosso tesouro é, em última instância, conhecer, amar e servir a Deus.
O Tempo de Quaresma, tempo penitencial por excelência na Igreja, e tempo de preparação para a Páscoa, é tempo de misericórdia, tempo de muitas graças. O Senhor quer nos dar muitas graças nesse tempo, para que nos convertamos a Ele, para que vençamos os nossos pecados, para que superemos os nossos vícios, os maus hábitos enraizados em nossa alma. É um tempo de misericórdia que devemos aproveitar. E devemos nos lembrar que um dia a misericórdia de Deus cessa. É o dia de nossa morte. E não sabemos nem o dia nem a hora. A morte é o que tem de mais certo, pois chegará. É o que tem de mais incerto, pois ela chega como um ladrão, sem avisar. Que não nos aconteça, como diz e repete a liturgia da Quarta-Feira de Cinzas, que surpreendidos pela morte, busquemos tempo para fazer penitência e não o encontremos. É preciso nos emendarmos agora. É preciso nos convertermos agora. Nem daqui a pouco, nem amanhã. Agora.
Nas penitências quaresmais, devemos reparar, satisfazer pelos nossos pecados passados e nos corrigir dos pecados e defeitos presentes. Deixar aquele pecado mortal que está nos conduzindo ao inferno. Deixar aquele pecado venial que tanto atrapalha a minha alma. Nossas práticas devem ter isso em vista. A conversão a Deus, a conversão a Nosso Senhor Jesus Cristo. Essas práticas devem ser de três tipos: penitência (jejum, abstinência, deixando de comer algo que gostamos, diminuindo ao mínimo necessário o uso da internet). Para os preguiçosos, pode ser acordar realmente no horário ou mesmo 10 ou 15 minutos antes, para fazer as orações. Podemos também aproveitar esse tempo para nos desapegarmos, por exemplo, das más diversões, deixando de lado os maus filmes, séries de TV, praticamente todos ofensivos a Deus e prejudiciais à nossa alma. Mas deve ser algo que realmente nos mortifique e que nos ajude no caminho da virtude. O jejum, por exemplo, comprime o vício, eleva a mente, favorece a virtude e é meritório, como diz o Prefácio de Quaresma. Além da penitência, é preciso também ter uma prática de oração. Começar a rezar o Terço diariamente, se ainda não o fazemos. Acrescentar um outro Terço. Ou fazer a Via-Sacra em três dias da semana. Visitar o Santíssimo. Assistir com a maior frequência possível à Missa Tradicional durante a semana. A Missa tem um valor infinito. Se todos realmente compreendêssemos isso, faríamos todo o esforço para vir assistir à Missa diariamente. Vir à Missa com a maior frequência possível para pedir a ajuda de Deus para nos convertermos é uma prática excelente para a Quaresma. Além da penitência e da oração, é preciso também fazer obras de caridade. Não precisamos imaginar grandes coisas ou ir muito longe com relação a isso. A obra de caridade pode ser e é bom que seja entre marido e esposa, deixando de lado as picuinhas, as rusgas, sabendo perdoar pelas ofensas passadas, sabendo respeitar e estimar um ao outro, sabendo sacrificar os próprios gostos. O Tempo da Quaresma serve para que os casais busquem viver como devem: amando-se verdadeiramente, isto, é buscando o verdadeiro bem um do outro, que é a salvação, sem se perder em coisas menores. É tempo de amolecer o coração que muitas vezes vai endurecendo para com o cônjuge ao longo dos anos de casamento. Pode ser entre pais e filhos. Pode ser qualquer obra de misericórdia temporal: 1ª Dar de comer a quem tem fome; 2ª Dar de beber a quem tem sede; 3ª Vestir os nus; 4ª Dar pousada aos peregrinos; 5ª Assistir aos enfermos; 6ª Visitar os presos; 7ª Enterrar os mortos. Pode ser qualquer obra de misericórdia espiritual: 1ª Dar bom conselho; 2º Ensinar os ignorantes; 3ª Corrigir os que erram; 4ª Consolar os aflitos; 5ª Perdoar as injúrias; 6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.
A Quaresma é tempo de misericórdia. É tempo de muitas graças. Deus quer nos dar muitas graças. Com nossas práticas quaresmais bem feitas, nos dispomos para receber essas graças abundantes. Escolher as práticas não de modo aleatório, mas de modo a melhor reparar pelos nossos pecados passados e de modo a combater o pecado que mais nos prejudica atualmente.
Os sacerdotes católicos, durante esse tempo de quaresma, suplicarão em pranto, e por meio da liturgia principalmente: “perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo.” Como diz o profeta Joel: entre o vestíbulo e o altar, os sacerdotes, ministros do Senhor, chorarão e dirão: Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo. A Quaresma é tempo de fazer uma confissão ainda melhor, com uma dor profunda pelos nossos pecados e com um propósito de emenda inabalável.
Aproveitemos esse tempo de misericórdia, caros católicos.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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