1 de junho de 2015

Comungai Bem - Padre Luiz Chiavarino.

PUREZA

M. — Como você acaba de ouvir, meu querido discípulo, Jesus ama intensamente as almas generosas, mas de um modo todo especial, os corações puros.
Ele é o cordeiro que se apascenta entre os lírios.
A impureza é mancha asquerosa que desvia de nós os olhares, as carícias e os sorrisos de Jesus.
Veja só esta linda comparação:
Acontece com muita frequência que nos rostinhos das crianças aparecem feridinhas purulentas que lhes deformam as rosadas faces tornando-as asquerosas pelo pus e sangue que supuram.
Toda a família e principalmente as mães ficam apreensivas com isso. Mas apesar disso não diminuem o amor que lhes consagram embora por precaução ou talvez por repugnância não se atrevem a acariciá-las e beijá-las.
Pois bem, o mesmo acontece com Jesus, toda vez que se vê obrigado a entrar nos corações daqueles que se apresentam para comungar sem pecado mortal; isto é, em estado de graça, mas com a alma salpicada de pequenas impurezas, como são os pensamentos desordenados, os olhares curiosos e libertinos, as conversações e palavras maliciosas, os desejos pouco castos, etc.
Reprimamos todas as paixões, sobretudo a impureza.
Jesus vem à alma pura, como a abelha vai à flor. Jesus tem uma predileção especial para com as almas puras; cumula-as de carícias, comunicando-se mais intimamente com elas; enriquece-as com graças especiais e frequentemente se manifesta visivelmente a elas durante a vida e, sobretudo na hora da morte, antecipando assim a glória eterna que lhes está reservada.
D. — Se não me engano, Padre me parece ter lido tudo isso na vida de São João Bosco, São José Cafasso, São José Cotolengo e muitos outros santos, os quais frequentemente quando tinham assuntos importantes para resolver, iam à Igreja e lá conversavam com Jesus, como se conversassem com o mais íntimo dos amigos.
M. — Não somente os grandes santos desfrutaram estas regalias, mas sim também os pequenos.
Na vida do Ven. Domingos Sávio, cuja beatificação se está ativando encontra-se o seguinte:
Era ele aluno do Oratório Salesiano de Dom Bosco em Turim; um dia não apareceu para o café da manhã e nem para as aulas, sem que se soubesse onde estava. Avisaram então a Dom Bosco, que imediatamente adivinhou do que se tratava.
Jesus vem à alma pura, como a abelha vai à flor.
Dirigiu-se à Igreja e lá encontrou-o no coro, imóvel, elevado um palmo acima do chão, com as mãos cruzadas sobre o peito, numa postura angelical e os olhares fixos no Sacrário como se estivesse contemplando uma visão suavíssima, em conversa íntima com Jesus Eucarístico.
Muito admirado, Dom Bosco chamou-o repetidas vezes, sem que ele respondesse. Tocou-o então levemente no braço e o jovem como que acordando de um profundo sono, exclamou:
— Oh! Já acabou a Missa?
— Decerto, disse-lhe Dom Bosco mostrando o relógio, já são duas horas da tarde.
Diante disso, Domingos ficou perplexo e confundido e pediu perdão pela falta cometida contra o horário. Mas o fundador do Oratório despediu-o com estas palavras:
— Veja só como Jesus te ama; quando entrares em conversação tão íntima com Ele, não te esqueças de pedir por mim e pelas necessidades do Oratório.
Santa Gema Galgani, comungava todos os dias e Jesus comprazia-se em aparecer-lhe visivelmente para conversar com ela.
Um dia chegou até a lhe imprimir nas mãos, nos pés e no lado os sinais das chagas santíssimas de sua paixão. E daí em diante podia-se admirar em seu corpo os sinais das chagas de Jesus, semelhantes a vermelhos botõezinhos de rosa que destilavam sangue.
Lê-se também, na vida de uma tal Gisela, filha de uma nobre família de Florença que, um dia tendo comungado pelo pai, capitão na grande guerra, pedindo fervorosamente a Jesus por ele, em dado momento viu Jesus aparecer-lhe e afavelmente dizer:
— Coragem Gisela!... A guerra ainda não vai terminar porque os homens são muito maus. Apesar disso teu pai voltará são e salvo... e os aviões não voarão mais sobre a cidade; tua família ficará livre de todo o perigo.
Gisela, ao voltar para casa contou tudo à sua mãe, a qual vendo a precisão e a firmeza da menina ficou convencida da veracidade do fato; e o que ainda mais veio convencê-la foi a mudança radical de sua filhinha a qual, com apenas 7 anos começou uma vida verdadeiramente devota e fervorosa.
D. — Padre, ouvindo essas coisas tão extraordinárias fico com vontade de chorar.
M. — Meu querido discípulo, em todos esses casos, trata-se de almas muito puras com as quais Jesus se delicia em entreter-se. Isso não lhe deve causar admiração, pois que, conforme diz o Espírito Santo "as almas puras e os corações limpos verão a Deus". E se não chegam a vê-lo durante a vida como esses grandes e pequenos santos dos quais falamos atrás vê-lo-ão certamente na hora da morte.
Em outubro de 1894, assisti no hospital São Maurício em Turim, aos últimos momentos de uma jovem de 21 anos.
Estava em agonia. Parecia dormir. De repente, agitando-se violentamente, levanta-se nas almofadas e estendendo os braços para um ponto fixo na parede, prorrompeu nestas exclamações:
— Oh! que beleza! Que formosura! Jesus! Maria! Olhem! Olhem! Jesus! Maria!
Os parentes que rodeavam o leito procuravam acalmá-la e distraí-la, mas em vão, pois desembaraçando-se dos que a seguravam, continuava a ditar: — Oh! Que beleza! Jesus e Maria! Vinde... Vinde! Eis-me aqui!
E no meio dessas exclamações entregou a alma ao Senhor. Os circunstantes emocionados ao presenciar tão linda cena prostraram-se de joelhos dando rédea solta às lágrimas.
Dez anos mais tarde, em abril de 1905, tive que assistir em seus últimos momentos à outra jovem de 18 anos, filha única de pais muito piedosos, logo após ter recebido a Extrema-Unção e o Santo Viático, fitou os olhos no céu e pôs-se a gritar:
— Agora, adeus, querido papai e querida mamãe... Adeus até rever-mo-nos outra vez lá no céu... Sim... lá, Jesus está me chamando... Vou... Adeus!...
E apertando fortemente ora a mão dos pais ora a mão do sacerdote, permaneceu algum tempo com o rosto angelical em doce êxtase até que levemente se deixou cair no leito de morte, conservando sempre o sorriso nos lábios.
D. — Padre, esses fatos são verídicos?
M. — Claro que são. Eu mesmo fui testemunha. Talvez Nosso Senhor me permitiu tão grande graça para que como sacerdote e Pároco os pudesse mais tarde citar como exemplo e estímulo para muitas almas a fim de que cultivem e amem cada vez mais a virtude que nos torna semelhante aos anjos, e nos enche a vida de santas alegrias e felicidades ao mesmo tempo que proporciona uma ditosa morte, prelúdio certo de um Paraíso especial.
A virtude que nos torna semelhante aos Anjos, e proporciona uma ditosa morte, prelúdio certo de um paraíso especial.
D. — Como, Padre, o senhor disse um Paraíso especial?
M. — Perfeitamente. Assim no-lo afirma São João Evangelista que numa visão apocalíptica descobriu um coro especial de bem-aventurados, vestidos com uma túnica mais branca do que a neve, os quais seguiam a Jesus Cristo em toda parte, cantando um hino suave que ninguém podia cantar.
Ansioso por saber quem eram aqueles bem-aventurados, ouviu uma voz que lhe dizia:
— Esses são os que durante a vida nunca mancharam a alma com nenhuma impureza.
Coragem, meu filho: Aprenda e ensine a todos que tenham grande estima pela castidade, pois que esta virtude nos torna muito agradáveis a Deus nesta vida e nos proporciona tantas vantagens e privilégios no Paraíso.
D. — De hoje em diante na Santa Comunhão, hei de pedir todos os dias essa graça a Jesus.
M. — Ótimo! Muito bem! Que Jesus o abençoe e abençoe também a todas as almas puras que como você fazem o propósito de oferecer a Jesus, com a Santa Comunhão, também a pureza de suas almas.

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