30 de junho de 2015

A Esmola - Padre André Beltrami.

CAPITULO XIII

A ESMOLA RESOLVE A
QUESTÃO SOCIAL

A questão social, que tanto empolga os intelectuais do nosso século já foi resolvida perfeitamente por Jesus Cristo com o preceito da caridade. Se todos os ricos dessem esmola, se fossem os pais da pobreza, os provedores e tesoureiros dos necessitados, o mundo trocaria de aspeto e tornar-se-ia um paraíso terrestre.
-Os filósofos, os jornalistas, os economistas, os governos estudam cuidadosamente os males da sociedade e sugerem mil sistemas para pôr um dique a tantos desmandos sociais. Mas, o remédio já foi ensinado pelo Divino Redentor. Ele conhecia a fundo a humanidade, as suas necessidades, as suas aspirações, e como bom médico que é, receitou o remédio da caridade, ordenando aos ricos, que dessem esmola, e aos pobres que tivessem paciência, resignação á divina vontade.
Os males que nos afligem nascem todos da violação do preceito da caridade. O rico deixa-se dominar pelo egoismo, fecha-se no próprio eu, não pensa senão em gozar e satisfazer ás paixões, e o pobre, vendo-se defraudado da esmola, maltratado, levanta-se raivoso e apodera-se com violência dos bens alheios. Então, há  furtos, greves, revoluções,que fazem tremer a sociedade, ameaçando-a desde o alicerce. Nos primórdios do cristianismo, tais pechas não se davam, porquanto o preceito do amor ao próximo era observado escrupulosamente. « Vede como se amam:! dizia~ estupefatos os gentios, admirando tanta caridade entre os cristãos. Se estivesse ainda em voga a esmola, a misericórdia, como nos primeiros tempos, o século vinte continuaria sua carreira em meio ás bênçãos dos povos e dissipar-se-iam os furacões que surgem no horizonte das nações para as flagelar, se a caridade dos ricos fosse aumentando com o progresso e com a civilização material não haveria mais necessidade de tantas prisões e tribunais, nem de tantos soldados para manter a ordem. São tão puras, tão santas as alegrias da caridade, que superam de muito o prazer de possuir dinheiro, honras e todas as comodidades que proporcione o século. Não experimenta talvez um gozo de paraíso o rico que entra num tugúrio para levar alimento ao pobre? As crianças o rodeiam, saudando-o como seu benfeitor, o pai e a mãe vão-lhe ao encontro e o bendizem; e á tarde, toda a família reunida reza o terço por ele e por seus caros. Aquela oração sobe como incenso gratíssimo ao trono de Deus e faz descer as bênção celestes sobre os seus negócios e sobre o seu capital; e o rico recebe cem por um, mesmo nesta vida. Conta-se que Luiz XVI antes de  subir ao trono, disfarçava- se muitas vezes para visitar os pobres nos seus casebres e levar-lhes esmola. Descoberto, um dia, por um oficial da côrte, confessou que ia em pessoa para ouvir as bênçãos que sobre sua cabeça invocavam os pobres; e participar da alegria inefável das mães e das crianças que o abraçavam em sinal de reconhecimento. Se, porém, aquelas pobres famílias vêem o rico nadar na abundância não fazendo caso delas, se o vêem passear em cômodos carros, enquanto elas morrem à míngua, então, se são boas resignam-se à vontade de Deus; mas se não têm sentimentos religiosos, maldizem a sua crueldade, planejam furtos e talvez assassinatos. Quando o pobre é espezinhado, se revolta e facilmente comete delitos. O' ricos! sede generosos para com os pobres e impedireis tantos crimes; e sobre vossa cabeça choverão infinitas bençãos do céu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário