21 de junho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência XIV


Parte 6/7


C - Ao lado das preocupações materiais tem-se o costume de invocar razões de saúde para recusar ter novos filhos, "os filhos fazem envelhecer... tiram a força das mães... podem até custar-lhes a vida..." Tais são os temores de alguns.
a - Cada vez, porém, que ouço falar dessas apreensões, cada vez que ouço falar de jovens que receiam ter filhos, "porque elas envelhecem", e "põem em perigo a saúde", recordo-me da resposta de um célebre médico francês. Uma senhora lamentava-se de diversos sintomas de doença. O médico contentou-se em perguntar-lhe:
- Senhora, quantos filhos tem?
- Três, respondeu a senhora.
- Pois bem, replicou o médico. Quando tiver cinco, desaparecerão por si mesmas todas estas enfermidades.
Pois é verdadeiramente maravilhosa, a força que há nos braços de um pequenino filho. Como ele une cada vez mais, dia a dia, o coração de seus pais. Como os adultos se tornam novamente crianças sorridentes, quando cuidam de um filho! Com que palavra de ternura a mãe sabe falar a seu filhinho! Com que precaução, e orgulho, o pai leva nos braços robustos o seu filho. E como do semblante desses dois adultos desaparece toda a preocupação! Como seus olhares se tornam doces! Como o sorriso há tanto tempo talvez desaparecido, reaparece em seu rosto, quando olham o filho!
Tal é a força rejuvenescedora do filho, protegendo o enfraquecimento precoce, a aspereza, o tédio da existência! Nos lares, porém, onde não brilha o sorriso da criança, a velhice cedo aparece, a alma dos esposos sem filhos é mais vitima da artério esclerose que seu corpo.
b - Mas objetará talvez alguma jovem, eu não quero diversos filhos porque me envelhecem prematuramente.
Pois bem, que responderemos nós?
Vistes já, com certeza, nestas belas tardes de maio, uma árvore toda florida banhada pelo brilho radiante do sol que se põe? É a imagem da noiva de pé ante o altar no dia de seu casamento.
Sim, é bela a jovem árvore florida.
Mas é ainda mais bela quando desaparecido o sinal da sua beleza exterior, quando caídas as suas flores, aparecem em seu lugar os pequeninos botões. E a árvore se alteia apesar dos ventos e das tempestades, arrasta o calor e o frio, bebe incansavelmente as águas da chuva e os raios do sol, para que um dia, chegado o seu outono, o tronco possa apresentar seus ramos cobertos de frutos. Se todas as jovens, que se inquietam pela sua beleza, refletissem: é bela a árvore ornada de flores na primavera, mas esta beleza não tem finalidade, e nem significação se não houver frutos.
c - É bem verdade. Esta fecundidade é algumas vezes perigosa. Na verdade a vida do filho põe em perigo a vida de sua mãe. Mesmo nestas situações difíceis, desesperadoras, pode-se constatar que a fé e a confiança em Deus geram uma grandeza de alma e uma coragem heroica. Há mães que não permitem que se destrua a pequenina vida que ainda não nasceu, mesmo que ela constitua um perigo sério para elas mesmas. Há almas heroicas que tem uma conduta de vida: Ó homem, faze tudo que tuas forças permitem, e que não contrarie as leis de Deus, mas, uma vez feito o que era humanamente possível, põe os dias que te restam nas mãos do Senhor da vida e da morte. Há mães de alma heroica que se convenceram de que ninguém se arrependerá de ter observado a lei de Deus, ainda que à custa de duros sacrifícios.
Sim, a vocação de mãe tem seus sacrifícios também; e a nossa santa religião se inclina ante estas mártires do dever materno, e crê que se realizam para elas as promessas de São Paulo, dizendo que a mãe esta salva dando a vida a um filho. (1 Tim 2, 15)

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