17 de junho de 2016

Casamento e Família - Dom Tihamer toth.

Conferência XIV


POR QUE NÃO QUERER FILHOS?


Parte 4/7


Qual é esta palavra de ordem? quais os pretextos invocados, muitas vezes, por esposos receosos de filhos? Olhemo-los frente a frente.
A - A objeção mais frequente é a situação econômica difícil. "Amamos os filhos, mas não temos com que sustentá-los. Um filho é o suficiente, não podemos ter mais". Quantas vezes não se ouvem estas frases, embora sob formas diversas.
Mas se observamos mais de perto os que assim se lamentam, e como vivem os que não podem ter mais filhos, chegaremos certamente a uma constatação muito curiosa. É que na maior parte dos casos a causa do receio de ter filhos não é a miséria, mas, pelo contrário, é o bem estar.
Por incrível que pareça, no entanto, é assim.
a - Examinemos a história desta doença: Donde vem essa epidemia que arruína a vida de família. Foi entre as famílias dos operários ou camponeses que começou esta moda de não ter senão um filho, ou mesmo nenhum? Começou ela entre as famílias que, pela sua pobreza, tinham o direito de temer não possuir bastante pão para tantas bocas esfomeadas?
Certamente, não. Inegável que esta doença mortal para os povos apareceu em primeiro lugar entre as famílias abastadas, onde haveria pão suficiente e até bolo para os cinco ou seis filhos, entre as famílias onde a sede de prazeres e a licença dos esposos preferiram as comodidades e tranquilidade de uma existência sem filhos. Isto é infelizmente um fato inegável.
b - Não olhamos, contudo, só o passado; mas também o presente. Que vemos atualmente? Em geral esta objeção não é formulada por aqueles que ganhando pouco tem uma casa com um quarto e uma cozinha e vários filhos; mas, ao contrário, pretextam dificuldades econômicas os que, em um apartamento coberto de tapetes e ornado de quadros célebres, não tem senão um filho, mas possuem além disso uma empregada para tudo, uma cozinheira, uma governanta inglesa, dois ou três pequeninos cães bem ensinados e revestidos de belos casacos.
"Nossos meios não nos permitem mais filhos", dizem esses pais. São eles suficientes para os concertos e bailes, para as viagens e vesperais, para as temporadas de praia e modas, para os jantares e partidas de cartas, para os autos e cães. Mas não para os filhos.
Sinto que digo neste momento coisas amargas, mas olhai ao redor de vós. A maior parte das famílias não tem mais filhos, precisamente porque fazem mais despesas e vivem mais luxuosamente do que lhes permite a situação. O receio de ter filhos é mais forte, não aí onde se vive melhor mas sim onde os pais, indiferentes quanto à religião, não vêem no grande número de filhos, senão um encargo que reduziria sua liberdade e tornaria impossível o seu luxo.
c - Os esposos religiosos não deveriam pensar assim. Para os pais religiosos é sempre uma alegria, quando um filho nasce na família: uma alegria porque se recordam da maravilhosa promessa feita outrora por Nosso Senhor Jesus Cristo, e cuja melodia ressoa incessantemente a seus ouvidos, a cada hora difícil, a cada noite de insônia, a cada minuto de sacrifício: "aquele que receber em meu nome um desses pequeninos, é a mim que recebe" (Mt 18, 5).
Existem para os pais promessas mais consoladoras e mais confortantes que a vinda de Nosso Senhor, cada vez que um novo filho nasce na família?
Não temais, pois, se tiverdes mais filhos. Não temais ficar por isso mais apertados. Porque o coração dos pais é como lareira ardente: quanto mais combustível aí se põe, mais ele arde. O coração daquele que não tem filhos é frio. O primeiro filho acende a primeira chama de amor dos pais; cada novo filho aumenta-a, e mais anima.

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