11 de outubro de 2015

Casamento e Família - Dom Tihamer Toth.

Conferência II

QUEM DEVE E QUEM NÃO DEVE CASAR-SE.

Parte 4/5

Se, meus irmãos, a família, já antes de Cristo, aparece-nos envolta em uma luz sublime, se sabemos que o casamento é o fruto da própria vontade do Criador, daí, pois, a seguinte pergunta: Esta instituição divina é obrigatória para todos os homens, sem exceção? A vontade divina exige que todos os homens se casem? Podemos resumir a resposta em uma só palavra: Não. A própria continência total é mais preciosa aos olhos de Deus: Para a maior parte, porém, da humanidade a solução exata é somente o matrimônio.

A) O casamento não é obrigatório para todos os homens, e mesmo se alguém, por um fim mais elevado, para servir a Deus mais perfeitamente, escolhe o celibato, sua vida é mais preciosa diante de Deus que o casamento, eis o que conhecemos, somente depois de Nosso Senhor Jesus Cristo.
a - Foi Ele que o proclamou claramente. Um dia, com efeito, o Salvador declarou que havia homens, que não se casavam "por causa do reino dos céus" (Mt 19, 12), isto é a fim de viver inteiramente para Deus.
São Paulo declara em seguida, mais minuciosamente: "Quem não se casou cuida das coisas do Senhor e procura agradar o Senhor; quem se casou cuida das coisas do mundo e procura agradar sua mulher e esta dividido" (1 Cor 7, 32 - 33).
O casamento esta, pois, no plano divino, mas a castidade é um estado ainda mais perfeito. É assim que devemos compreender aquele pensamento de São Paulo quando escreve: "É bom para o homem não tocar a mulher" (1Cor 7, 1), isto é, que a virgindade perfeita, escolhida para servir a Deus, e por amor ao próximo é uma evolução espiritual maior.
Aquele que permanece celibatário para servir a Deus com um coração sem partilha oferece-lhe, pois, um grande sacrifício,
b - Deus, porém, a isto não obriga ninguém. É apenas um "conselho evangélico", e não um preceito. "Aquele que pode compreender, compreenda" (Mt 19, 12), diz o próprio Nosso Senhor.
São Paulo também proclama que a maior parte da humanidade não é chamada a isto, quando ele escreve na mesma passagem que para evitar o pecado da impureza "cada um tenha a sua mulher e cada mulher tenha o seu marido" (1 Cor 7, 2). A palavra "tenha" possui aqui um sentido restrito, e quer dizer "é permitido que tenha". Para a maior parte da humanidade é, pois, regra geral, porque o dom da continência, durante toda a vida, não é atribuída senão a um pequeno número.
E agora podemos responder a pergunta: Quem deve casar-se, e quem não deve?

B) Quem não deve casar-se?
a - Todo aquele, primeiramente, cujo organismo luta contra sombria hereditariedade ou sofre de uma moléstia congênita, fará bem em não se casar, porque pais que sofrem de uma grave moléstia hereditária não podem quase dar a vida, senão a filhos do mesmo modo, gravemente doentes.
É porém interessante notar que alguns desejariam ver as leis civis mais rigorosas, neste ponto, que as leis eclesiásticas, e quereriam proibir oficialmente o casamento destes doentes. A moral cristã ao contrário, embora não aprove estes casamentos, não os proíbe como falta grave, - assim o proclamou, claramente, Pio XI na encíclica Casti connubii.
Por que não os proíbe? Porque se pode fazer com que, para estes infelizes, o casamento signifique consolo, alivio e reconforto, ajudando-os, assim, a realizarem o fim eterno de suas almas. O fim da Igreja é facilitar, ao homem, a salvação de sua alma.
b - Quem mais não deve casar-se?
Aquele que quer pôr a sua vida ao serviço de um grande ideal, como por exemplo, às pesquisas cientificas ou ao serviço do próximo, mas, em primeiro lugar, ao serviço de Deus. Não devem estes casar-se, mas guardar, até a morte, continência perfeita, castidade absoluta.
c - E quem mais não deve casar-se? Aquele que é doente, aquele que deseja ser sacerdote ou religiosa. E depois?  Ninguém mais.
Fora destes casos à maior parte da humanidade aplicam-se realmente como um preceito estas palavras do Criador: "crescite et multiplicamini", crescei e multiplicai-vos (Gn 1, 28). Quem não é doente ou não quer colocar-se ao serviço de um grande ideal deve casar-se.
Deve casar-se, porque é a vontade de Deus, que dele o exige, e porque o exige, também, seu próprio interesse bem compreendido.
"É bom que o homem não esteja só" (Gn 2, 28), lemos nas páginas da Sagrada Escritura. E como são certas estas palavras! Foram ditas por Deus que criou o homem, e consequentemente conhece melhor a natureza humana.
A literatura tem muitas vezes descrito a vida solitária do celibatário, do velho solteiro, que certamente não é digna de inveja. Mesmo altamente colocado, sua alma, porém, esta vazia. Tem uma bela vivenda, mas não possui um lar. A noite de Natal chega, e em lugar de risos argentinos dos filhos ouve apenas o tic-tac monótono do relógio, no quarto vazio e deserto: sim, envelheceis, envelheceis, e os anos fogem.
E é aqui que eu quero mostrar a grande diferença que existe entre o celibatário e a jovem que não se casou. De fato, se um homem fica velho solteiro, as mais das vezes é por sua própria culpa: ele não quis casar-se. A jovem, porém, se permanece solteira, não é, as mais das vezes, por sua culpa: ela não pode casar-se. A voz da consciência não fala pois, do mesmo modo, em ambos os casos. A jovem que, sem culpa, não se casou pode, nos momentos de abandono, encontrar consolo na resignação à vontade de Deus, que assim dispôs, mas, ao contrário, ela faz falta ao homem que não pode atribuir senão a si próprio, e ao seu egoísmo, o sentimento angustioso da solidão que um dia pesará sobre ele.
E agora direi aos meus ouvintes, - sem medo de magoá-los, pois chamei-os "reis" - dir-lhes-ei             claramente o que penso nesta grande questão: Senhores, ou padres ou casados, não há solução diferente.

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