16 de dezembro de 2014

Sonhos de Dom Bosco.

21/21 - O SACRILÉGIO  (1882)

"Uma noite sonhei e vi em um sonho um jovem que tinha o coração roído pelos vermes e que ele mesmo se quitava e lançava de si aqueles animais com a mão. Não fiz caso do sonho. Mas  eis aqui que, na noite seguinte, veio o mesmo jovem, que tinha junto de si um cão que o mordia no coração. Não duvidei que o Senhor queria conceder alguma graça aquele garoto e que o pobrezinho tinha alguma confusão na consciência.
Perto do dia lhe disse de improviso:
- Queres fazer-me um favor?
- Sim, sim... Se depender de mim.
- Se queres, podes fazê-lo.
- Pois bem, diga-me o que deseja, que o farei.
- Estás seguro?
- Seguro!
- Diga-me: não tem calado nenhum pecado na confissão?
Quis negar-me, porém imediatamente acrescentei:
- E este ou este outro, por que não os confessaste?
Então olhou-me no rosto, começou a chorar e me disse:
- O Senhor tem razão: faz dois anos que quero confessar disso e, desejando de uma vez para outra, não me atrevi a fazê-lo.
Então o animei e lhe disse o que tinha que fazer para se por em paz com Deus".

A fita mágica
Pareceu-me estar numa planície coberta por um número incontável de jovens. Uns brigavam, outros blasfemavam. Aqui se roubava,, ali se ofendiam os bons costumes. Uma nuvem de pedras, lançadas por bandos que se faziam a guerra, via-se no ar. Eram rapazes abandonados por seus pais de costumes corrompidos. Estava já a ponto de fugir daí, quando vi ao meu lado uma senhora que me disse:
- Põe te entre esses jovens e trabalha.
Fui , mas que fazer? Não havia um local onde reuni-los; queria fazer-lhes o bem: e dirigia-me pessoas que estavam a olhar de longe e podiam ser de valiosa ajuda para mim. Ninguém me ajudava. Voltei-me para a Senhora e ela me disse:
- Aqui tens um lugar: E me mostrou um prado .
- Mas aqui, disse eu, não há mais, senão somente o prado.
Ela respondeu:
Meu filho e os apóstolos não tinham um palmo de terra onde pousar a cabeça.
Comecei a trabalhar naquele prado; aconselhava, pregava, confessava; mas vi que (meu esforço) em grande parte resultava inútil; meu esforço se não encontrasse um edifício e com local onde recolhê-los e onde abrigar os que haviam sido totalmente abandonados pelos seus pais e rejeitados e desprezados por todo o mundo. Então aquela Senhora me levou um pouco mais para o norte e me disse:
E vi uma Igreja pequena e baixa, um pátio pequeno e muitos jovens. Retornei meu trabalho. Mas, com a Igreja era muito pequena, recorri de novo a Ela, e me mostrou outra Igreja bastante maior e com uma casa ao lado. Levando-me depois a um pedaço de terreno cultivado, quase um frente à fachada da Segunda igreja. E acrescentou.
Neste lugar, onde os gloriosos mártires de Turim, Aventor, Solutor e Otávio, sofreram seu martírio, sobre essa terra banhada e santificada com seu sangue, quero que Deus seja honrado de modo muito especial.
E assim, desejando, adiantou um pé até descansá-lo no ponto exato onde teve lugar o martírio, e indicou-me com precisão. Eu queria por um sinal para encontrá-lo quando voltasse nesse lugar, mas não encontrei nada; nem um palito, nem uma pedra; contudo, fixei-o na memória com toda exatidão. Corresponde exatamente no ângulo interior da Capela dos Santos Mártires, antes chamada de Santa Ana, do lado do Evangelho, da Igreja de Maria Auxiliadora.
Entretanto, via-me rodeado de um número imenso sempre crescente de jovens; e olhando à Senhora, cresciam os meios e o local; e vi, depois, uma grandíssima Igreja, precisamente no lugar onde me disseram haver acontecido o martírio dos santos da região Tebéia, com muitos prédios ao redor e com o lindo monumento no meio-centro.
Enquanto tudo isso acontecia, sempre sonhado, tinha como colaboradores Sacerdotes que me ajudavam no princípio, mas depois fugiam. Buscava com grande trabalho atraí-los para mim, e eles pouco depois iam embora me deixavam só. Então voltei-me de novo àquela Senhora, que me disse:
Queres saber como fazer para que não vão embora? Toma esta fita e ata-lhes na cabeça.
Tomei com reverência a fita branca de sua mão e vi que nela estava escrito uma palavra: Obediência. Experimentei em seguida o que a Senhora me indicou e comecei a atar na cabeça de alguns dos meus colaboradores voluntários com a fita, e vi logo uma grande mudança, de fato surpreendente. Este fato se fazia cada vez mais patente, à medida que ia cumprindo o conselho que me havia dado, já que aqueles que deram o desejo de ir para outra parte e ficavam, por fim, comigo. Assim, constituiu-se a Sociedade Salesiana.
Vi, adiante, muitas outras coisas que não é agora o caso de manifestar. Basta dizer que, desde aquele tempo, eu caminhava sempre seguro.



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