19/21- AS DISTRAÇÕES NA IGREJA (1861).
Os sonhos se têm dormindo; portanto, eu
estava dormindo. Minha imaginação levou-me a Igreja onde estavam reunidos todos
os jovens. Começou a missa e eis que vi muitos vestidos de vermelho e com
chifres, isto é, há numerosos diabinhos que davam voltas entre os jovens como
oferecendo seus serviços.
A um deles presenteavam um peão; diante
dos outros faziam bailar, a este ofereciam um livro; aquele, castanhas assadas.
A outros, um prato de salada ou um baú aberto em que havia guardado um pedaço
de mortadela; a alguns ele sugeria uma recordação da cidade natal; a outros
sussurrava ao ouvido os incidentes da última partida de jogo, etc.
Alguns eram convidados com os dedos a
tocar o piano, os quais atendiam o convite; a outros eles levavam o compasso de
uma música; em suma, cada jovem tem seu próprio servente que inventava-lhe a
realizar atos estranhos na Igreja. Alguns diabinhos estavam também
encarrapitados sobre as costas de certos jovens e se entreteciam em acariciar-lhes e alisar os cabelos com as
mãos.
Chegou o momento da consagração. Ao
toque da campainha, todos os jovens se arrodearam, desaparecendo os diabinhos,
a exceção dos que estavam sobre os ombros de suas vítimas. Uns e outros
voltaram a cara para a porta da igreja sem fazer algum externo de adoração.
Terminada a Elevação, e aqui se volta a
repetir a cena anterior, repetindo os passatempos e voltando a desempenhar cada
qual o seu papel.
Se queres que eu dê uma explicação deste
sonho, está aqui: creio que neles estão representados as diversas distrações e
as que, por sugestão do demônio, está
exposto cada jovem na Igreja. Os que não
desapareceram no momento da Elevação, simbolizam os jovens vítimas do pecado.
Estes não necessitam que o demônio lhes
apresentasse motivos de distração, porque já lhe pertencem, por isso, o inimigo
lhes acaricia: o que quer dizer que suas vítimas são incapazes de fazer oração.
Observação:
Contado em 28 de novembro. O texto é de
Dom Ruffino, que disse que lhes contou um sonho ou apólogo. O mesmo Ruffino
parece indicar que cabia interpretá-lo como uma invenção educativa de Dom
Bosco, dobre tudo tratando-se do princípio do curso e de que havia crianças novas, aos que lhes
serviam difícil concentrar-se na igreja. Esta impressão aumenta, comparando-o
com "A lanterna mágica", de 1865, e "Os Cabritos", de 1866.
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