6/21 - PRESENTE PARA NOSSA SENHORA
No dia 27 de abril de 1865 foi lançada a
primeira pedra no templo de Nossa Senhora Auxiliadora. Estavam presentes o
Governador, o Prefeito e o príncipe Amadeu de Sabóia, duque de Aosta. No correr
daquele ano, a construção chegou ao teto; faltava só cúpula.
No dia 30 de maio Dom Bosco contou
um sonho.
Pareceu-lhe ver um monumental altar
dedicado a Virgem Maria, estava ricamente ornamentado e os meninos para ele se
dirigiam em piedosa procissão. Cantavam louvores à celeste Soberana mas não se
podia dizer que cantassem bem, obedecendo ao compasso e à tonalidade: uns
cantavam com vozes desafinadas e roucas; outros saíam do compasso; alguns erravam
ou estavam de boca fechada Havia os que pareciam aborrecidos, os que cutucavam
os companheiros e riam. Todos levavam um presente para oferecer a Nossa
Senhora; cada um trazia na mão um ramo de flores, uns maiores, outros menores,
diferentes uns dos outros. Este levava um ramo de rosas, aquele, cravos ou
violetas. Outros levavam para a Virgem Maria presentes esquisitos: uma cabeça
de porco, um gato, um prato com sapos, uma carneiro, um coelho. Um belo jovem
com asas estava diante do altar: Era talvez o Anjo da Guarda do Oratório. À
medida que os jovens traziam seus presentes, o Anjo o recebia para colocá-los
sobre o altar. Fez assim com as magníficas flores recebidas; mas quando outros
jovens apresentaram seus ramalhetes, o Anjo observou-os um a um, retirando
alguma flor murcha, que punha de lado.
De alguns ramalhetes, compostos de belas
flores mas sem perfume - como dálias e camélias - o Anjo tirou estas corolas
porque Nossa Senhora gosta da realidade e não das aparências. Muitos jovens
traziam flores com espinhos e também de mistura com pregos; o Anjo tirava tudo
isso dos ramos, antes de colocá-los no altar.
Chegou o que trazia a cabeça de porco;
apenas o viu, disse o Anjo:
Como é que você tem a coragem de
oferecer a Nossa Senhora esse nojento presente? Não sabe que o porco é o
símbolo da impureza? A Virgem Maria é toda tão pura, não pode suportar esse
pecado. Retire-se, porque não é digno de estar na sua presença.
O Anjo recriminou também o que vinha
oferecer o gato, porque representa o pecado. Repreendeu igualmente o que trazia
sapos, porque simbolizam os vergonhosos pecados de escândalo.
Alguns jovens se apresentaram como um
punhal fincados no coração; como o punhal significava sacrilégios, disse-lhes o
Anjo em tom de reprovação:
Então não vêem que as almas de vocês
estão mortas para a graça? Se ainda estão em vida, é somente pela infinita
bondade de Deus; do contrário, já estariam condenados. Por favor, procurem
arrancar depressa esse punhal! - Também estes últimos foram rejeitados.
Pouco a pouco, foram chegando os outros
jovens para oferecer carneiros, coelhos, peixes, nozes, uvas e outras frutas. O
Anjo aceitou tudo isso e colocou sob a mesa. Depois de ter dividido os jovens,
separando os bons dos maus, fez desfilar
diante do altar todos aqueles cujos presentes tinham agradado Nossa
Senhora. Dom Bosco notou, porém, com mágoa, que os rejeitados eram mais
numerosos.
De um lado e do outro do altar
apareceram então Anjos trazendo duas ricas bandejas com coroas tecidas de
lindas rosas. Eram coroas imarcescíveis, porque símbolo de eternidade.
O Anjo da Guardo do Oratório tomou uma
por uma aquelas coroas, para cingir as frontes dos jovens que circundavam o
altar. Tinham diferentes tamanhos, mas eram todas extraordinariamente belas.
Deve-se notar, - observou Dom Bosco -
que, diante do altar , não estavam apenas os jovens que atualmente moram no
Oratório; havia outros que eu nunca tinha visto antes. Fui depois testemunha de
fenômeno surpreendente: vi que havia jovens com fisionomia grosseira e
desagradável; pois a estes foram dadas as coroas mais belas porque, ao seu
exterior pouco atraente, supria a virtude da castidade que possuíam em grau
eminente. Muitos outros distinguiam-se por outras virtudes, como a obediência,
a humildade, o amor de Deus; todos, na proporção da eminência de tais virtudes,
recebiam coroas condizentes com seus méritos. Disse depois o Anjo:
Nossa Senhora quis que vocês fossem hoje
coroados de tão belas rosas. Lembrem-se de continuar a viver de modo que elas
nunca lhes sejam arrebatadas. Para conservá-las, devem praticar a humildade, a
obediência e a castidade: são três virtudes que os tornarão muito agradáveis a
Nossa Senhora e dignos de uma coroa infinitamente mais bela do que a recebida
hoje.
Os jovens entoaram então o "Ave,
maris stella" diante do altar. Depois da primeira estrofe cantaram o
"Louvando Maria". Suas vozes eram tão fortes, que Dom Bosco ficou
admirado. Acompanhou-os por algum tempo. Depois voltou-se para ver os jovens
que o Anjo tinha posto de lado; não mais os viu.
Vou fazer agora - disse Dom Bosco -
algumas observações. Todos levavam à Virgem Maria flores variadas, no meio das
quais haviam espinhos símbolo da desobediência. Alguns tinham pregos, que
serviram para crucificar o Salvador. Muitas flores estavam murchas ou não tinham
perfume; simbolizavam obras boas mas feitas por vaidade. Vi o que aconteceu e
acontecerá aos meus meninos. Entretanto vocês que me ouvem vejam de oferecer a
Nossa Senhora presentes que realmente lhe agradam.
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