16 de dezembro de 2014

Sermão para a Festa da Imaculada Conceição – Padre Daniel Pinheiro, IBP


[Sermão] A Imaculada Conceição


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito santo. Amém.
Ave Maria…
“Toda sois formosa, ó Maria, e a mácula original não está em vós.”
Que bela festa nós celebramos nesse dia de hoje, caros católicos, que bela festa de Nossa Senhora. A Imaculada Conceição de Maria Santíssima. No Tempo do advento, no tempo de espera do nascimento do Sol de Justiça, que é Jesus Cristo, nós comemoramos a aurora que surge, Maria Santíssima, concebida no ventre de sua mãe, Sant’Ana. Após o pecado dos nossos primeiros pais, Adão e Eva – o pecado original – todo ser humano está submetido a uma mesma lei: nascer com o pecado original, isto é, afastados de Deus, sem a graça divina, sem a sua amizade. Nossa Senhora, ela, não foi submetida a essa lei. Desde o primeiro momento de sua concepção no ventre de Sant’Ana, Nossa Senhora já estava em amizade com a Santíssima Trindade, já estava na graça divina. Maria foi concebida sem pecado. Podemos comparar Nossa Senhora a Esther. O Rei Assuero havia baixado um decreto pelo qual qualquer pessoa que entrasse nos seus aposentos reais sem ter sido chamado deveria morrer no ato. A rainha Esther entrou sem ser chamada e não morreu. Nossa Senhora entrou no mundo, mas sem o pecado original, como Esther entrou nos aposentos do rei sem ser morta. Nossa Senhora é o véu de Gedeão. Quando tudo em torno estava molhado, o véu permanecia seco. Quando tudo permanecia seco, o véu ficava molhado. Nossa Senhora, ao contrário de todos os filhos de Adão, nasceu sem o pecado original. Claro, com ela, também Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo homem e Deus, não teve o pecado original.
Há 160 anos o Papa Pio IX proclamou infalivelmente essa verdade já universalmente professada pelos católicos. Assim disse o Papa em 1854: “[…] Com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a Nossa, declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, foi revelada por Deus, e, por isso, deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.”
A Santíssima Trindade quis preservar Maria do pecado porque, sendo Mãe de Jesus, ela era Mãe de Deus. Não podia a Mãe de Deus ficar nem sequer um instante sob o domínio do pecado e do demônio. Isso ofenderia a honra de seu Divino Filho. Como sempre dizemos: todas as graças em Maria têm como raiz a sua maternidade divina, têm como raiz o fato de ela ser a Mãe de Deus. Depois de seu próprio nome – Maria – o título que mais agrada a Nossa Senhora é o de Mãe de Deus. Por isso, é a segunda invocação das ladainhas de Nossa Senhora. Por isso, está na segunda parte da Ave Maria. Mãe de Deus, Mãe de Jesus, verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus.
Maria foi concebida, então, sem o pecado original. Todavia, caros católicos, essa concepção sem pecado é tão somente o aspecto negativo do mistério excelso que comemoramos hoje. Devemos considerar brevemente o aspecto positivo. Maria foi concebida sem pecado. Ela foi concebida, então, em graça. Mas que graça! Uma graça santificante maior que a de todos os anjos e santos juntos no céu. Deus faz tudo com ordem, peso, número. Se Deus escolheu Maria para Mãe do Verbo, Ele deve dar a ela as graças para exercer bem a sua função. Ora, a função de Mãe de Deus é tão sublime que a simples preparação para ela exige uma graça maior que a graça de todos os anjos e santos juntos no céu. No primeiro instante de sua concepção, Maria Santíssima possuía uma graça que não podemos medir. A sua amizade e proximidade com Deus eram imensas. Todavia, Nossa Senhora, ao longo de sua vida nessa terra, a cada ato, progredia nas virtudes, na caridade. Cada ato seu era mais perfeito e feito com maior caridade do que o anterior. Nossa Senhora avançava na caridade, no amor a Deus, em movimento acelerado. Mal podemos imaginar a perfeição das virtudes que habitava a sua alma no momento de sua concepção. O que dizer, então, no final de sua vida?
De Maria nunquam satis nos dizem os santos. Sim, de Maria nunca poderemos falar o suficiente. Maria, como nos diz o famoso hino Ave Maris Stella, mudou o nome de Eva, invertendo-o. De Eva, para Ave. Maria muda o nome de Eva porque faz o inverso da mãe natural de todo ser humano. Eva cooperou com o pecado original de Adão. A nova Eva, a Ave Maria, cooperou e coopera com o novo Adão, Jesus Cristo, na redenção. Assim, Eva gerou filhos para povoar a terra. Maria, sendo perpetuamente virgem, gerou filhos espirituais para o céu.
Pela Imaculada Conceição, Maria nos ensina, de um lado, a fugir do pecado e, do outro, a buscar a virtude, o amor a Deus, a prática dos mandamentos. É preciso fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Não podemos buscar a virtude sem combater seriamente o pecado. Não podemos combater o pecado sem buscar seriamente a virtude. Nesse dia, em particular, a Igreja nos incentiva também a considerar a pureza de Maria Santíssima, Mãe Puríssima, Mãe Castíssima. Devemos imitá-la na pureza de nossos pensamentos, de nosso comportamento, de nossas vestimentas, de nossos olhares, de nossas diversões. Os cônjuges devem ter sempre a sua união voltada à procriação. Jamais separar união conjugal da procriação ou a procriação da união conjugal.
Maria é realmente a glória da nova Jerusalém, que é a Igreja. Ela é a alegria do novo Israel, que é a Igreja. Ela é o orgulho do povo cristão. Grande deve ser a nossa alegria, pois Maria é nossa Mãe e nossa Advogada. Ela é a Torre de Davi, pronta para nos defender dos ataques inimigos, se a Ela recorremos. Lembremo-nos, caros católicos, que nunca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido a Nossa Senhora tenha sido desamparado. Confiança em Maria! Ela ouve sempre os filhos que a ela recorrem com bons desejos, com desejos de chegar ao céu.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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