11 de dezembro de 2014

Sonhos de Dom Bosco

16/21 - O BURACO E A SERPENTE (1863)
               
 Ontem pela manhã fizemos o exercício da boa morte. Todo  o dia andei pensando nos frutos que dele nasceriam. Temo, porém, que alguém de vós não tenha feito bem o retiro. Tive esta noite um sonho que vou lhes contar:
Me encontrava no pátio com todos os alunos de casa, que brincavam: corriam, saltavam. Saímos do Oratório para ir de passeio e depois de algum tempo nos deparamos em um prado. Os meninos reuniram seus jogos e cada um ia apostar com os demais para ver quem era o que mais saltava. Nisto descobriu no meio do pátio, digo, do prado, um poço sim boca. (........) me aproximei para examiná-lo e assegurar-me de que não oferecia perigo a alguém, quando no fundo uma terrível serpente. Seu tamanho era como de um cavalo, ou melhor, de um elefante; seu corpo informe e todo coberto de manchas amareladas.
Imediatamente saí cheio de medo e comecei a observar os jovens que em bom número, havia começado a saltar de uma a outra parte do poço e, coisa estranha sem que me viesse à mente o deve proibi-los, de avisar-lhes do perigo que estavam se expondo. Vi alguns pequenos, tão ágeis que saltavam sem dificuldade alguma. Outros maiores, como eram mais pesados, saltavam com mais calma, porém, alcançavam menor altura e as vezes caiam na mesma boca. Percebeu aqui que ele se mostrava e tornava a desaparecer a cabeça daquele monstro que mordia o pé de um, a perna de outro e outros membros. A pesar disso eles eram tão imprudentes que seguiam saltando sem parar e quase nunca caíam feridos. Então um jovem me assinalou e disse mostrando-me um companheiro:
- Olhe, este saltará uma vez e não acontecerá mal. Saltará uma Segunda e cairá ali.
Me dava pena ver no entanto a muitos jovens estendidos por aquele solo, um buraco em uma perna, outro com um braço mordido e algum com o coração desgarrado. Eu ia lhes perguntando:
- Por que saltais sobre esse poço, expondo-os a tanto perigo? Por que, depois de haver sido mordidos várias vezes, voltam a repetir esse jogo terrível?
E eles respondiam enquanto suspiravam:
- Não! Estamos acostumados a saltar.
Eu lhes dizia:
- E que necessidades têm vocês de saltarem?
- E eles replicavam:
- Que queres? Não estamos acostumados. Não pensávamos que ia acontecer isso conosco.
Porém, entre todos um me chamou atenção e me fez tremer: era o que havia me assinalado. Saltou de novo e caiu dentro do poço. Depois de alguns instantes, o monstro o colocou para fora, negro como um carvão; porém, mesmo assim não estava morto e seguia falando. Os que estavam ali lhe contemplavam espantados e lhe perguntavam.

Observações:
Dom Bosco contou este sonho na noite de 13 de novembro, sabendo o que tinha acontecido na noite anterior... estou preocupado porque alguém não há feito bem o retiro; desde ontem, não penso em outra coisa...



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