16/21 - O BURACO E A SERPENTE (1863)
Me encontrava no pátio com todos os
alunos de casa, que brincavam: corriam, saltavam. Saímos do Oratório para ir de
passeio e depois de algum tempo nos deparamos em um prado. Os meninos reuniram
seus jogos e cada um ia apostar com os demais para ver quem era o que mais
saltava. Nisto descobriu no meio do pátio, digo, do prado, um poço sim boca.
(........) me aproximei para examiná-lo e assegurar-me de que não oferecia
perigo a alguém, quando no fundo uma terrível serpente. Seu tamanho era como de
um cavalo, ou melhor, de um elefante; seu corpo informe e todo coberto de
manchas amareladas.
Imediatamente saí cheio de medo e
comecei a observar os jovens que em bom número, havia começado a saltar de uma
a outra parte do poço e, coisa estranha sem que me viesse à mente o deve
proibi-los, de avisar-lhes do perigo que estavam se expondo. Vi alguns
pequenos, tão ágeis que saltavam sem dificuldade alguma. Outros maiores, como
eram mais pesados, saltavam com mais calma, porém, alcançavam menor altura e as
vezes caiam na mesma boca. Percebeu aqui que ele se mostrava e tornava a
desaparecer a cabeça daquele monstro que mordia o pé de um, a perna de outro e
outros membros. A pesar disso eles eram tão imprudentes que seguiam saltando
sem parar e quase nunca caíam feridos. Então um jovem me assinalou e disse
mostrando-me um companheiro:
- Olhe, este saltará uma vez e não
acontecerá mal. Saltará uma Segunda e cairá ali.
Me dava pena ver no entanto a muitos
jovens estendidos por aquele solo, um buraco em uma perna, outro com um braço
mordido e algum com o coração desgarrado. Eu ia lhes perguntando:
- Por que saltais sobre esse poço,
expondo-os a tanto perigo? Por que, depois de haver sido mordidos várias vezes,
voltam a repetir esse jogo terrível?
E eles respondiam enquanto suspiravam:
- Não! Estamos acostumados a saltar.
Eu lhes dizia:
- E que necessidades têm vocês de
saltarem?
- E eles replicavam:
- Que queres? Não estamos acostumados.
Não pensávamos que ia acontecer isso conosco.
Porém, entre todos um me chamou atenção
e me fez tremer: era o que havia me assinalado. Saltou de novo e caiu dentro do
poço. Depois de alguns instantes, o monstro o colocou para fora, negro como um
carvão; porém, mesmo assim não estava morto e seguia falando. Os que estavam
ali lhe contemplavam espantados e lhe perguntavam.
Observações:
Dom Bosco contou este sonho na noite de
13 de novembro, sabendo o que tinha acontecido na noite anterior... estou
preocupado porque alguém não há feito bem o retiro; desde ontem, não penso em
outra coisa...
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