12 de dezembro de 2014

Sonhos de Dom Bosco

17/21- AS MISSÕES SALESIANAS NA AMÉRICA MERIDIONAL (1885)

"Me pareceu acompanhar aos missionários em sua viagem. Falamos durante alguns momentos antes de sair do Oratório. Todos estavam ao meu fedor e me pediam conselhos; e me pareceu que eles diziam:
- Não com a ciência, não com a saúde, não com as riquezas. Sim com o céu e a piedade, fareis muito bem, promovendo a glória de Deus e a salvação das almas.
Pouco antes estávamos no Oratório e depois, sem saber que caminho havíamos imediatamente na América. Ao chegar ao final da viagem, me vi só em meio de uma extensíssima planície, colocada entre o Chile e a república Argentina. Meus queridos missionários se haviam dispersados tanto por aquele espaço sem limites que apenas se os distinguia. Ao contemplá-los, fiquei maravilhado, pois me pareciam muito poucos. Depois de haver mandado tantos Salesianos  para América, pensava que veria um maior número de missionários. Entretanto, seguidamente refletindo, compreendi que o número era pequeno porque se haviam distribuído por muitos lugares, como semente que devia ser transportada a outro lugar para ser cultivada e para que se multiplicasse.
Apareciam naquela planície muitas e numerosas estradas / ruas formadas por casas levantadas ao largo das mesmas. Aquelas povoações não eram como as desta terra, nem as casas como as deste mundo. eram objetos misteriosos e diria casas espirituais. As ruas se viam recorridas por veículos ou ir meios de locomoção que, ao correr adotavam mil aspectos fantásticos e mil formas diversas se bem que todas estupendas e magníficas, tanto que não seria capaz de descrever nem uma só delas. Observei com assombro que nos veículos, ao chegar junto aos grupos de casas, aos povos, as cidades, passavam por cima de maneira que, os que neles viajavam, via o olhar para baixo dos telhados das casas, as quais se bem que eram muito elevadas, estavam por debaixo daqueles caminhos, que, entretanto, atravessavam o deserto estavam aderidos ao solo e ao chegar aos lugares habitados, se convertiam em caminhos aéreos, como formando uma mágica ponte. Daí para cima , se viam os habitantes nas casas, nos pátios, nas ruas e nos campos, ocupados em lavrar suas terras.
Cada uma daquelas ruas conduzia a uma de nossas missões. Ao fundo de um caminho larguíssimo que se dirigia em direção ao Chile, vi uma casa com muitos Salesianos, os quais se exercitavam na ciência, na piedade, nas diferentes artes e ofícios e na agricultura. Em direção ao meio sai estava na Patagônia. Na parte oposta de uma só olhada, pude ver todas nossas casas da República Argentina. As do Uruguai, Paissandu, as Pedras, Vila Cólon, no Brasil pude ver o colégio de Niterói e muitos outros institutos espalhados pelas províncias daquele império. Em direção ao ocidente se abria uma última e larguíssima avenida que, atravessando rios, mares e lagos, conduzia a países desconhecidos. Nesta região, vi poucos Salesianos. Observei com atenção e pude descobrir somente dois.
Naquele momento, apareceu junto a mim um personagem de aspecto nobre, um pouco pálido, corpulento, de barba rala e de idade madura. Ia vestido de branco, com uma espécie de capa de cor rosa bordada com fios de ouro. Resplandecia em toda a sua pessoa. Reconheci nele o meu intérprete.
- Onde nos encontramos? Lhe perguntei mostrando aquele último país.
- Estamos na Mesopotâmia, replicou.
- Na Mesopotâmia? Lhe repliquei. Sim, mas esta é a Patagônia.
- Te repito - me replicou - que esta é a Mesopotâmia.
- Pois assim é: Me-so-po-tâ-mia, concluiu o intérprete, silabando a palavra, para que me ficasse bem impressa na memória.
- E  por que os salesianos que vejo aqui são tão poucos?
- O que não há agora, o haverá com o tempo - contestou meu intérprete.
Eu entretanto, sempre de pé naquela planície, percorria com a vista aqueles caminhos intermináveis e contemplava com toda claridade, entretanto, de maneira inexplicável, os lugares que estão e estarão ocupados pelos salesianos. Quantas coisas magníficas vi! Vi todos e cada um dos colégios! Vi como em um só ponto o passado, presente e o futuro de nossas missões. Da mesma maneira que  o contemplei todo no conjunto de uma só olhada, o vi também, sendo-me impossível dar uma idéia, se bem que quase em cima daquele espetáculo. Somente o que pude contemplar naquela planície do Chile, do Paraguai, do Brasil, da República Argentina, seria suficiente para encher um grosso volume, se quisesse dar uma breve notícia de todo ele. Vi também naquela ampla extensão a grande quantidade de selvagens que estão espalhados pelo Pacífico até o Golfo de Ancud, pelo Estreito de Magalhães, Cabo de Hormos, Ilhas de São Diego, nas Ilhas Malvinas. Toda a messe destinada aos Salesianos. Vi então, que os Salesianos semeavam somente, entretanto, que nossos seguidores colhiam. Homens e mulheres vinham reforçar-nos e se convertiam em pregadores. Seus mesmos filhos, que parece impossível poder ser ganhado para a fé, se converteram em evangelizadores se seus pais e de seus amigos. Os Salesianos o conseguiram tudo com a humildade, com o trabalho, com a temperança. Todas as coisas que eu contemplava naquele momento e que vi seguidamente se referiam aos Salesianos, seu regular estabelecimento naqueles países, seu maravilhoso aumento, a conversão de tantos indígenas e de tantos europeus ali estabelecidos. Europa se voltará em direção a América do Sul. Desde o  momento em que na Europa se empenhou a desposar as Igrejas de seus bens, começou a diminuir o florescimento  do comércio, e qual foi e irá cada vez mais de ( capa caída). Para que os operários e suas famílias impelidos pela miséria, irão buscar refúgio naquelas novas terras hospitaleiras.
Uma vez contemplando o campo que o Senhor nos tinha destinado e o futuro glorioso da Congregação Salesiana, me pareceu que me poria em viagem para regressar a Itália. Era levado a grande velocidade por um caminho estranho, altíssimo, e dessa maneira cheguei ao Oratório. Toda a cidade de Turim estava abaixo de meus pés e as casas, o palácios, as torres, me pareciam baixas casinhas: tão alto me encontrava. Praças, ruas, jardins, avenidas, ferrovias, os muros, que rodeiam a cidade, os povos e a província, a gigantesca cadeia dos Alpes coberta de neve estavam abaixo de meus pés e ofereciam a meus olhos um espetáculo maravilhoso. Via os jovens lá no Oratório, tão pequeno que pareciam ratinhos. Em geral, parecia que a cúpula daquela grande sala fosse de candissimo linho à guisa de tapete. O mesmo havia que descer do pavimento. Não havia luzes nem sol, nem estrelas, porém, sim um resplendor geral que se difundia igualmente por todas as partes.
A mesma brancura do linho resplandecia e fazia visível  e amena cada uma das partes do salão, sua ornamentação, as janelas, a entrada, a sala. Se sentia em todo o ambiente uma suave fragrância mesclada com os mais gratos aromas. Um fenômeno se produz naquele memento. Uma série de pequenas mesas formavam uma só de longitude extraordinária. Haviam dispostas em todas as direções e todas convergiam em um único centro. Estavam cobertos de elegantíssimas toalhas e, sobre elas, se viam colocados formosíssimos vasos com multiformes e variadas flores. A primeira coisa que notou monsenhor Cagliero foi:
Mas, as mesas estão aqui. E as comidas?
No entanto , não havia preparado comida alguma, nem bebida de nenhuma espécie, nem tão pouco pratos, copos, nem recipientes nos quais podiam colocar a comida.
Então, o intérprete replicou:
- Os q vem aqui neque sitient, meque esurien amplius.
Dito isto, começou a entrar pessoas, vestidas de branco, com uma simples fita parecido com o colar, de cor rosa, recomendada com o brilho de ouro que o enfaixava o pescoço e as costas. Os primeiros a entrar formavam um número limitado, só um pequeno grupo. Apenas entravam naquela grande sala e se iam sentando em torno à mesa preparados para eles, cantando. Viva! Triunfo! E então começou a aparecer uma variedade de pessoas, grandes e pequenas, homens e mulheres, de todo gênero, de diversas cores, formas e atitudes, ressonando os cânticos de toda parte. Os que estavam já colocados em seus lugares cantavam: Viva! E os que iam entrando: Triunfo. Cada turma que entrava naquele local representava uma nação. O lugar de nação que seriam convertidos pelos missionários.
Depois de uma olhada àquelas mesas intermináveis, comprovei que haviam sentados junto a elas muitas  nossas irmãs e grande número de irmãos nossos. Estes não levaram distintivo algum que predominasse sua caridade de sacerdotes, clérigos ou religiosos senão que, igual aos demais tinham o hábito branco e o manto cor-de-rosa.
Mas minha admiração cresceu quando vi alguns homens de aspecto grosso, com o mesmo vestido igual aos outros, cantando: Viva! Triunfo !
Então nosso intérprete disse:
Os estrangeiros e os selvagens, que beberam o leite da palavra divina de seus educadores, se fizeram proclamadores da palavra de Deus.
Vi no meio da multidão, grupos de rapazes com aspecto estranho, e perguntei:
E estes meninos que tem uma pele tão áspera que parece à de sapos, mas tão bela e de uma cor tão resplandecente? Quem são?
São os filhos de Cam que não haviam renunciado à herança de Levi. Estes reforçaram os exércitos para defender o reino de Deus que havia chegado a nós. Seu número era reduzido, mas os filhos de seus filhos o havia complementado. Agora escuta e vê, mas não podereis entender os mistérios que contemplareis.
Aqueles jovenzinhos pertenciam à Patagônia e a África Meridional.
Entretanto, aumentaram tanto as filas dos que entravam naquela sala extraordinária que todos os assentos apareciam ocupados. Todas as cadeiras e bancos estavam ocupados e não tinha uma forma determinada, sem tomar o lugar que cada um queria. Cada pessoa estava contente do lugar que ocupava e os demais também.
E eis que, enquanto saiam vozes de todas as partes: Viva! Triunfo! Chegou, finalmente, uma grande multidão que, vinham com ato festivo ao encontro dos que já haviam entrado. E os  que vinham chegando cantavam: Aleluia, Glória, Triunfo.
Quando a sala apareceu completamente cheia e os milhares de reunidos eram incontáveis, se fez um profundo silêncio e um seguida, aquela multidão começou a cantar dividida em coros diversos:
O primeiro coro: Appropinquiavit in nos reginom Dei, llaetentur coeli et exultet terra dominus.
O segundo coro: ?
O terceiro coro: ?
Enquanto cantavam estes e outros cantos alternando uns com os outros, se fez por Segunda vez um profundo silêncio. Depois começaram a ressoar vozes que procediam do alto de longa distância. O sentido do canto era este e a harmonia que o acompanhava era difícil de expressar: Soli deo honor et gloria in saecula saeculorum.
O pensamento principal que foi gravado depois deste sonho, foi meu repasse Dom Cagliero e a meus queridos missionários que era um aviso de muita importância, relacionado com a sorte futura de nossas missões.
-  Todas as solicitudes dos Salesianos e das FMA haveriam de encaminhar e promover vocações sacerdotais e religiosas.



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