17/21- AS MISSÕES SALESIANAS NA AMÉRICA
MERIDIONAL (1885)
"Me pareceu acompanhar aos
missionários em sua viagem. Falamos durante alguns momentos antes de sair do
Oratório. Todos estavam ao meu fedor e me pediam conselhos; e me pareceu que
eles diziam:
- Não com a ciência, não com a saúde,
não com as riquezas. Sim com o céu e a piedade, fareis muito bem, promovendo a
glória de Deus e a salvação das almas.
Pouco antes estávamos no Oratório e
depois, sem saber que caminho havíamos imediatamente na América. Ao chegar ao
final da viagem, me vi só em meio de uma extensíssima planície, colocada entre
o Chile e a república Argentina. Meus queridos missionários se haviam
dispersados tanto por aquele espaço sem limites que apenas se os distinguia. Ao
contemplá-los, fiquei maravilhado, pois me pareciam muito poucos. Depois de
haver mandado tantos Salesianos para
América, pensava que veria um maior número de missionários. Entretanto,
seguidamente refletindo, compreendi que o número era pequeno porque se haviam distribuído
por muitos lugares, como semente que devia ser transportada a outro lugar para
ser cultivada e para que se multiplicasse.
Apareciam naquela planície muitas e
numerosas estradas / ruas formadas por casas levantadas ao largo das mesmas.
Aquelas povoações não eram como as desta terra, nem as casas como as deste
mundo. eram objetos misteriosos e diria casas espirituais. As ruas se viam
recorridas por veículos ou ir meios de locomoção que, ao correr adotavam mil
aspectos fantásticos e mil formas diversas se bem que todas estupendas e
magníficas, tanto que não seria capaz de descrever nem uma só delas. Observei
com assombro que nos veículos, ao chegar junto aos grupos de casas, aos povos,
as cidades, passavam por cima de maneira que, os que neles viajavam, via o
olhar para baixo dos telhados das casas, as quais se bem que eram muito
elevadas, estavam por debaixo daqueles caminhos, que, entretanto, atravessavam
o deserto estavam aderidos ao solo e ao chegar aos lugares habitados, se
convertiam em caminhos aéreos, como formando uma mágica ponte. Daí para cima ,
se viam os habitantes nas casas, nos pátios, nas ruas e nos campos, ocupados em
lavrar suas terras.
Cada uma daquelas ruas conduzia a uma de
nossas missões. Ao fundo de um caminho larguíssimo que se dirigia em direção ao
Chile, vi uma casa com muitos Salesianos, os quais se exercitavam na ciência,
na piedade, nas diferentes artes e ofícios e na agricultura. Em direção ao meio
sai estava na Patagônia. Na parte oposta de uma só olhada, pude ver todas nossas
casas da República Argentina. As do Uruguai, Paissandu, as Pedras, Vila Cólon,
no Brasil pude ver o colégio de Niterói e muitos outros institutos espalhados
pelas províncias daquele império. Em direção ao ocidente se abria uma última e
larguíssima avenida que, atravessando rios, mares e lagos, conduzia a países
desconhecidos. Nesta região, vi poucos Salesianos. Observei com atenção e pude
descobrir somente dois.
Naquele momento, apareceu junto a mim um
personagem de aspecto nobre, um pouco pálido, corpulento, de barba rala e de
idade madura. Ia vestido de branco, com uma espécie de capa de cor rosa bordada
com fios de ouro. Resplandecia em toda a sua pessoa. Reconheci nele o meu
intérprete.
- Onde nos encontramos? Lhe perguntei
mostrando aquele último país.
- Estamos na Mesopotâmia, replicou.
- Na Mesopotâmia? Lhe repliquei. Sim,
mas esta é a Patagônia.
- Te repito - me replicou - que esta é a
Mesopotâmia.
- Pois assim é: Me-so-po-tâ-mia,
concluiu o intérprete, silabando a palavra, para que me ficasse bem impressa na
memória.
- E
por que os salesianos que vejo aqui são tão poucos?
- O que não há agora, o haverá com o
tempo - contestou meu intérprete.
Eu entretanto, sempre de pé naquela
planície, percorria com a vista aqueles caminhos intermináveis e contemplava
com toda claridade, entretanto, de maneira inexplicável, os lugares que estão e
estarão ocupados pelos salesianos. Quantas coisas magníficas vi! Vi todos e
cada um dos colégios! Vi como em um só ponto o passado, presente e o futuro de
nossas missões. Da mesma maneira que o
contemplei todo no conjunto de uma só olhada, o vi também, sendo-me impossível
dar uma idéia, se bem que quase em cima daquele espetáculo. Somente o que pude
contemplar naquela planície do Chile, do Paraguai, do Brasil, da República
Argentina, seria suficiente para encher um grosso volume, se quisesse dar uma
breve notícia de todo ele. Vi também naquela ampla extensão a grande quantidade
de selvagens que estão espalhados pelo Pacífico até o Golfo de Ancud, pelo
Estreito de Magalhães, Cabo de Hormos, Ilhas de São Diego, nas Ilhas Malvinas.
Toda a messe destinada aos Salesianos. Vi então, que os Salesianos semeavam
somente, entretanto, que nossos seguidores colhiam. Homens e mulheres vinham
reforçar-nos e se convertiam em pregadores. Seus mesmos filhos, que parece
impossível poder ser ganhado para a fé, se converteram em evangelizadores se
seus pais e de seus amigos. Os Salesianos o conseguiram tudo com a humildade,
com o trabalho, com a temperança. Todas as coisas que eu contemplava naquele
momento e que vi seguidamente se referiam aos Salesianos, seu regular
estabelecimento naqueles países, seu maravilhoso aumento, a conversão de tantos
indígenas e de tantos europeus ali estabelecidos. Europa se voltará em direção
a América do Sul. Desde o momento em que
na Europa se empenhou a desposar as Igrejas de seus bens, começou a diminuir o
florescimento do comércio, e qual foi e
irá cada vez mais de ( capa caída). Para que os operários e suas famílias
impelidos pela miséria, irão buscar refúgio naquelas novas terras
hospitaleiras.
Uma vez contemplando o campo que o
Senhor nos tinha destinado e o futuro glorioso da Congregação Salesiana, me
pareceu que me poria em viagem para regressar a Itália. Era levado a grande
velocidade por um caminho estranho, altíssimo, e dessa maneira cheguei ao
Oratório. Toda a cidade de Turim estava abaixo de meus pés e as casas, o
palácios, as torres, me pareciam baixas casinhas: tão alto me encontrava.
Praças, ruas, jardins, avenidas, ferrovias, os muros, que rodeiam a cidade, os
povos e a província, a gigantesca cadeia dos Alpes coberta de neve estavam
abaixo de meus pés e ofereciam a meus olhos um espetáculo maravilhoso. Via os
jovens lá no Oratório, tão pequeno que pareciam ratinhos. Em geral, parecia que
a cúpula daquela grande sala fosse de candissimo linho à guisa de tapete. O
mesmo havia que descer do pavimento. Não havia luzes nem sol, nem estrelas,
porém, sim um resplendor geral que se difundia igualmente por todas as partes.
A mesma brancura do linho resplandecia e
fazia visível e amena cada uma das
partes do salão, sua ornamentação, as janelas, a entrada, a sala. Se sentia em
todo o ambiente uma suave fragrância mesclada com os mais gratos aromas. Um
fenômeno se produz naquele memento. Uma série de pequenas mesas formavam uma só
de longitude extraordinária. Haviam dispostas em todas as direções e todas
convergiam em um único centro. Estavam cobertos de elegantíssimas toalhas e,
sobre elas, se viam colocados formosíssimos vasos com multiformes e variadas flores.
A primeira coisa que notou monsenhor Cagliero foi:
Mas, as mesas estão aqui. E as comidas?
No entanto , não havia preparado comida
alguma, nem bebida de nenhuma espécie, nem tão pouco pratos, copos, nem
recipientes nos quais podiam colocar a comida.
Então, o intérprete replicou:
- Os q vem aqui neque sitient, meque
esurien amplius.
Dito isto, começou a entrar pessoas,
vestidas de branco, com uma simples fita parecido com o colar, de cor rosa,
recomendada com o brilho de ouro que o enfaixava o pescoço e as costas. Os
primeiros a entrar formavam um número limitado, só um pequeno grupo. Apenas
entravam naquela grande sala e se iam sentando em torno à mesa preparados para
eles, cantando. Viva! Triunfo! E então começou a aparecer uma variedade de
pessoas, grandes e pequenas, homens e mulheres, de todo gênero, de diversas
cores, formas e atitudes, ressonando os cânticos de toda parte. Os que estavam
já colocados em seus lugares cantavam: Viva! E os que iam entrando: Triunfo.
Cada turma que entrava naquele local representava uma nação. O lugar de nação
que seriam convertidos pelos missionários.
Depois de uma olhada àquelas mesas
intermináveis, comprovei que haviam sentados junto a elas muitas nossas irmãs e grande número de irmãos
nossos. Estes não levaram distintivo algum que predominasse sua caridade de
sacerdotes, clérigos ou religiosos senão que, igual aos demais tinham o hábito
branco e o manto cor-de-rosa.
Mas minha admiração cresceu quando vi
alguns homens de aspecto grosso, com o mesmo vestido igual aos outros,
cantando: Viva! Triunfo !
Então nosso intérprete disse:
Os estrangeiros e os selvagens, que
beberam o leite da palavra divina de seus educadores, se fizeram proclamadores
da palavra de Deus.
Vi no meio da multidão, grupos de
rapazes com aspecto estranho, e perguntei:
E estes meninos que tem uma pele tão
áspera que parece à de sapos, mas tão bela e de uma cor tão resplandecente?
Quem são?
São os filhos de Cam que não haviam
renunciado à herança de Levi. Estes reforçaram os exércitos para defender o
reino de Deus que havia chegado a nós. Seu número era reduzido, mas os filhos
de seus filhos o havia complementado. Agora escuta e vê, mas não podereis
entender os mistérios que contemplareis.
Aqueles jovenzinhos pertenciam à
Patagônia e a África Meridional.
Entretanto, aumentaram tanto as filas
dos que entravam naquela sala extraordinária que todos os assentos apareciam
ocupados. Todas as cadeiras e bancos estavam ocupados e não tinha uma forma
determinada, sem tomar o lugar que cada um queria. Cada pessoa estava contente
do lugar que ocupava e os demais também.
E eis que, enquanto saiam vozes de todas
as partes: Viva! Triunfo! Chegou, finalmente, uma grande multidão que, vinham
com ato festivo ao encontro dos que já haviam entrado. E os que vinham chegando cantavam: Aleluia,
Glória, Triunfo.
Quando a sala apareceu completamente
cheia e os milhares de reunidos eram incontáveis, se fez um profundo silêncio e
um seguida, aquela multidão começou a cantar dividida em coros diversos:
O primeiro coro: Appropinquiavit in nos
reginom Dei, llaetentur coeli et exultet terra dominus.
O segundo coro: ?
O terceiro coro: ?
Enquanto cantavam estes e outros cantos
alternando uns com os outros, se fez por Segunda vez um profundo silêncio.
Depois começaram a ressoar vozes que procediam do alto de longa distância. O
sentido do canto era este e a harmonia que o acompanhava era difícil de
expressar: Soli deo honor et gloria in saecula saeculorum.
O pensamento principal que foi gravado
depois deste sonho, foi meu repasse Dom Cagliero e a meus queridos missionários
que era um aviso de muita importância, relacionado com a sorte futura de nossas
missões.
-
Todas as solicitudes dos Salesianos e das FMA haveriam de encaminhar e
promover vocações sacerdotais e religiosas.
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