16 de junho de 2012

Tesouro de Exemplos - Parte 124

UM PREFEITO LIVRE-PENSADOR LEVA NA CABEÇA

Há cêrca de quarenta anos estava numa vila da Áustria o coronel Dobner von Dobenau com o seu batalhão. Ia estabelecer ali o seu quartel de inverno.
A população alegrou-se com isso, pois esperava fazer bons negócios com os oficiais e soldados e contava, além disso, com o bom número de distrações.
O prefeito da cidade, acompanhado de seus conselheiros municipais, saiu a saudar o coronel. Êste era fervoroso católico e um de seus filhos era padre. Mas, ignorando essas circunstâncias, e julgando-o livre-pensador, o prefeito dirigiu-lhe longo discurso, insistindo na alegria que os habitantes da cidade sentiam com a presença da tropa que, certamente, viria quebrar a monotonia da estação hibernal. Não pôde deixar, porém, de mostrar seu desagrado pelas práticas religiosas, dizendo:
- Uma só coisa desagradável há aqui, meu coronel: É que hoje, precisamente, os padres deram início a uma grande missão que vai durar mais de oito dias. Infelizmente não a podemos impedir, apesar de vermos na mesma um grande desmancha-prazeres. O batalhão deve, entretanto, consolar-se com o pensamento de que êsses dias passarão e, logo depois, a alegria será muito maior.
Terminado o discurso, o coronel, carregando os sobrolhos, respondeu em tom sêco:
- Senhor prefeito, não vejo na missão absolutamente nenhum desmancha-prazeres. Pelo contrário; eu só não assistirei aos sermões da missão, quando o serviço não mo permitir. E meus oficiais, bem como tôda a tropa, terão o prazer de me acompanhar. Eu só sinto não ter o poder, senhor prefeito, de mandar também a vós a aos vossos conselheiros a todos os sermões. As pregações não vos fariam mal nenhum; muito ao contrário, elas fariam imenso bem.
Após o seu destemido discurso, retirou-se friamente o coronel, deixando bastante desapontados e confusos os seus visitantes.
E a lição foi bem merecida.

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