8 de junho de 2012

Tesouro de Exemplos - Parte 116

HISTÓRIA DE UMA PENEIRA

Um jovem abandonou o mundo e foi sepultar-se no deserto. Tinha ânsias de Deus. Para não pensar senão em Deus e viver sómente para Nosso Senhor, encerrou-se numa cela solitária. Dali saía apenas uma vez por semana: ia ouvir a prática que um velho monge fazia àqueles solitários.
Contam que um dia o jovem foi ter com o santo ancião e falou-lhe:
- Meu pai, só tenho um amor: o amor de Deus... Só tenho um desejo: o de o amar cada dia mais. Por isso deixei o mundo; por isso vim morar nestes desertos. Sou feliz em minha estreita celazinha. Encantam-me a oração e a meditação. Deixo o silêncio da minha cela sómente para ouvi-lo cada semana... Meu pai, eu o ouço... e não sei o que será... parece-me que não tiro fruto de suas prédicas. Não seria melhor que eu ficasse em minha cela consagrando o tempo à oração?
Respondeu o santo velho:
- Meu filho, não faças isso; assiste a essas práticas; sempre farão muito bem ao teu espírito, embora pareça que não sirvam para a purificação de tua alma.
O jovem continuava duvidando... O velho monge calou-se. Em seguida, tomando uma peneira, deu-a ao noviço e disse:
- Toma, vai à fonte e traze-me a peneira cheia de água.
O jovem, obediente, foi... Passados alguns instantes, voltava com a peneira vazia.
- Meu pai, disse, a água se foi pelos buracos.
- Anda, insistiu o monge, volta à fonte e traze-me a peneira cheia de água.
Segunda vez foi o noviço. Encheu-a completamente... Voltou correndo. Em vão... Não ficou na peneira nem uma gôta sequer.
O ancião sorriu. O obediente noviço corre de novo, enche a peneira, e quando, de volta, chega à cela do mestre, diz:
- Meu pai! nem uma gôta... nem uma...
O santo monge deu-lhe então esta maravilhosa lição:
- É verdade, filho, não me trouxeste a água... ela vai-se pelos buracos; mas lavaste a peneira.
O noviço compreendeu a lição: Vais aos sermões. Parece-te que não tiras proveito nenhum. Continua assistindo... e pouco a pouco a alma estará purificada das vaidades e triunfará em teu coração o amor das coisas divinas.

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