25 de junho de 2012

Tesouro de Exemplos - Parte 133

CASTO... SEM RELIGIÃO?!

Estava aquêle médico na flor da idade. Era cabeça leviana e andava cheio de orgulho por sua ciência vã. Além disso, relegara a fé a um canto de sua inteligência e, segundo havia aprendido de seus mestres sem religião, afirmava que para viver bem e ser feliz bastava a luz da razão.
Por aquêles dias um famoso pregador, um homem de eloqüência singular, alvoroçara tôda a cidade.
O vaidoso doutor afirmava à bôca-cheia, no círculo de suas amizades, que iria entrevistar o famoso orador e que o havia de encurralar com a fôrça de sua discussão.
E lá se foi, com efeito, seguido de alguns amigos zombeteiros e curiosos. Achando-se frente à frente com o missionário, o doutor disse entre outras coisas:
- Padre, eu não pratico a religião; sou, porém, homem honrado e posso garantir-lhe que sou casto.
Sorriu maliciosamente o ilustre pregador e observou:
- Casto?... Casto sem religião?!
- Sim , casto - insistia o doutor.
- E vai a tôda espécie de cinema?
- Naturalmente.
- E lê tôda espécie de livros?
- Tudo o que cai sob os meus olhos.
- Desvia o olhar quando se encontra com alguma beleza provocadora?
- Oh! pelo contrário.
- E diz que não reza?
- Nada.
- E diz que é casto?
- Digo.
- Pois bem - replicou aquêle homem apostólico, aquêle profundo conhecedor do coração humano; - acredito que o senhor seja casto, mas casto como os cachorros.
E nada mais disse... E havia dito tudo... O doutor mordeu a língua... os amigos sorriam maliciosamente... e o missionário interrompeu bruscamente o diálogo. Todos estavam de acôrdo: sem a prática da oração não podiam ser castos. E seria refinada loucura afirmar o contrário.

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