O NIGROMANTE SANTO
A vida do Irmão coadjutor redentorista, que veneramos em nossos altares e se chama Geraldo Majela, está semeada de maravilhas.
Regressava, um dia, ao seu convento. Sua batina muito pobre; seu chapéu muito velho. Atravessava uma floresta e, com o pensamento em Deus, murmurava atos de amor. Andava também por ali um môço com o péssimo intento de assaltar os viajantes para roubar-lhes o dinheiro que encontrasse. Viu o jovem religioso e ficou admirado.
"Êsse homem - dizia - não é um religioso, deve ser um nigromante, um dêsses homens que têm trato com os espíritos do outro mundo e que possuem a rara virtude de encontrar tesouros nas entranhas da terra".
E sem mais, aproxima-se do Irmão e diz: - Não negues: li em teus olhos, todo o teu porte me diz que és um nigromante. És um feiticeiro poderoso, possui os segredos da Natureza e sabes as entranhas que guardam tesouros.
O Santo Irmão fitou nêle um olhar cheio de surprêsa e de bondade. Deus fê-lo compreeder imediatamente que era aquêle pobrezinho salteador de estrada que assim falava, e respondeu: - Não te enganaste. Tenho realmente o segrêdo de um grande tesouro. Eu to poderia ensinar, mas... não me atrevo. Para isso seria mister que fôsses homem de muita coragem... mas não sei se o serás...
- Sou, sim, replicou o salteador. Não tremo diante de crime algum; a mim não me espanta nem mesmo o diabo. Tenho roubado, matado, enfrentando inimigos... Nem o sangue das vítimas, nem o brilho das armas me intimida. Quando quero alguma coisa, eu a consigo, ainda que tenha que passar por cima de cadáveres.
Geraldo, o jovem taumaturgo, não se intimidou: Calmo e bondoso, fixou nêle os olhos e disse: - Pois se és tão valente, segue-me. Garanto que encontrarás um grande tesouro.
Puseram-se a caminhar. Adiante ia Geraldo, atrás o môço. Geraldo rezava em voz baixa, o môço ia já devorando com os olhos da alma o ouro que via em suas mãos. Assim chegaram ao meio da selva, longe da estrada. Ali chegados, tirou Geraldo o capote e estendeu-o aberto no chão. O môço olhava assombrado. Começava a tremer. Parecia-lhe que de repente apareceria ali o diabo em pessoa... Mordia os lábios e todo o seu corpo se agitava com espantoso tremor. Geraldo olha para êle com grande majestade e diz:
- Agora ajoelha-te sôbre êsse manto. O môço ajoelhou-se... Tremia dos pés à cabeça. - Agora junta as mãos! O môço juntou as mãos e cravou os olhos aterrados naquele tremendo nigromante.
Naquele solene momento S. Geraldo tirou do peito o Santo Cristo, que sempre tinha consigo, e, pondo-o diante do salteador, disse:
- Meu irmão pecador, eu te prometi que encontrarias um tesouro sem igual nem no céu nem na terra... Não vês êste Cristo? Não o conheces? É teu Deus: morreu por ti, por tua salvação, para perdoar teus pecados, para levar-te para o céu. E tu, infeliz, que fizeste?
Naquele momento lenta e solenemente lhe ia recordando todos os seus pecados. E o pobre pecador chorava e soluçava...
S. Geraldo, chegando aquêle devoto crucifixo aos lábios do pecador arrependido, diz com voz enternecedora:
- Beija-o, chora a seus pés tôdas as tuas culpas e acharás a graça, acharás a Deus e com Deus, meu filho, possuirás todos os tesouros.
O môço, desfeito em lágrimas, repetia: "Jesus meu, perdão e misericórdia".
Estêve, em seguida, alguns dias em retiro no convento. Fêz ali uma confissão geral e encontrou a paz da alma. Saiu bendizendo a hora em que se encontrara com aquêle santo Irmão.
A vida do Irmão coadjutor redentorista, que veneramos em nossos altares e se chama Geraldo Majela, está semeada de maravilhas.
Regressava, um dia, ao seu convento. Sua batina muito pobre; seu chapéu muito velho. Atravessava uma floresta e, com o pensamento em Deus, murmurava atos de amor. Andava também por ali um môço com o péssimo intento de assaltar os viajantes para roubar-lhes o dinheiro que encontrasse. Viu o jovem religioso e ficou admirado.
"Êsse homem - dizia - não é um religioso, deve ser um nigromante, um dêsses homens que têm trato com os espíritos do outro mundo e que possuem a rara virtude de encontrar tesouros nas entranhas da terra".
E sem mais, aproxima-se do Irmão e diz: - Não negues: li em teus olhos, todo o teu porte me diz que és um nigromante. És um feiticeiro poderoso, possui os segredos da Natureza e sabes as entranhas que guardam tesouros.
O Santo Irmão fitou nêle um olhar cheio de surprêsa e de bondade. Deus fê-lo compreeder imediatamente que era aquêle pobrezinho salteador de estrada que assim falava, e respondeu: - Não te enganaste. Tenho realmente o segrêdo de um grande tesouro. Eu to poderia ensinar, mas... não me atrevo. Para isso seria mister que fôsses homem de muita coragem... mas não sei se o serás...
- Sou, sim, replicou o salteador. Não tremo diante de crime algum; a mim não me espanta nem mesmo o diabo. Tenho roubado, matado, enfrentando inimigos... Nem o sangue das vítimas, nem o brilho das armas me intimida. Quando quero alguma coisa, eu a consigo, ainda que tenha que passar por cima de cadáveres.
Geraldo, o jovem taumaturgo, não se intimidou: Calmo e bondoso, fixou nêle os olhos e disse: - Pois se és tão valente, segue-me. Garanto que encontrarás um grande tesouro.
Puseram-se a caminhar. Adiante ia Geraldo, atrás o môço. Geraldo rezava em voz baixa, o môço ia já devorando com os olhos da alma o ouro que via em suas mãos. Assim chegaram ao meio da selva, longe da estrada. Ali chegados, tirou Geraldo o capote e estendeu-o aberto no chão. O môço olhava assombrado. Começava a tremer. Parecia-lhe que de repente apareceria ali o diabo em pessoa... Mordia os lábios e todo o seu corpo se agitava com espantoso tremor. Geraldo olha para êle com grande majestade e diz:
- Agora ajoelha-te sôbre êsse manto. O môço ajoelhou-se... Tremia dos pés à cabeça. - Agora junta as mãos! O môço juntou as mãos e cravou os olhos aterrados naquele tremendo nigromante.
Naquele solene momento S. Geraldo tirou do peito o Santo Cristo, que sempre tinha consigo, e, pondo-o diante do salteador, disse:
- Meu irmão pecador, eu te prometi que encontrarias um tesouro sem igual nem no céu nem na terra... Não vês êste Cristo? Não o conheces? É teu Deus: morreu por ti, por tua salvação, para perdoar teus pecados, para levar-te para o céu. E tu, infeliz, que fizeste?
Naquele momento lenta e solenemente lhe ia recordando todos os seus pecados. E o pobre pecador chorava e soluçava...
S. Geraldo, chegando aquêle devoto crucifixo aos lábios do pecador arrependido, diz com voz enternecedora:
- Beija-o, chora a seus pés tôdas as tuas culpas e acharás a graça, acharás a Deus e com Deus, meu filho, possuirás todos os tesouros.
O môço, desfeito em lágrimas, repetia: "Jesus meu, perdão e misericórdia".
Estêve, em seguida, alguns dias em retiro no convento. Fêz ali uma confissão geral e encontrou a paz da alma. Saiu bendizendo a hora em que se encontrara com aquêle santo Irmão.
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