RETRATOS DE NOSSA SENHORA
Nossa Senhora Mártir
Parte 4/9
Chegam ao monte Calvário e presencia a crucifixão.
Vê que arrancam ao seu Filho as roupas que ela com tanto carinho e tanto primor lhe tinha feito, vê que lhe tiram a túnica inconsútil que ela tinha tecido e nem sequer tem a consolação de recebê-la como recordação; os soldados sortearam-na entre eles. Ouve as pancadas do martelo sobre os cravos que despedaçam a carne delicadíssima formada com o sangue das suas veias. Vê o seu filho despido no alto da cruz; e ela, que com tanto amor vestiu o corpinho de seu filho na noite fria de Belém, agora não pode cobrir aquele corpo ensanguentado e ferido. O filho que ela tinha tratado com tanto respeito e carinho em seus braços virginais, vê-o preso com cravos ao madeiro da cruz. A fronte que ela reclinava sobre o seu coração, esta ferida pelos espinhos, sem apoio algum onde possa descansar; e ela não pode proporcionar-lhe alívio. Aqueles lábios, que tantas vezes a chamaram com o doce nome de Mãe, estão gretados, ressequidos; dizem que tem sede e não pode chegar-lhes um pouco de água.
No momento supremo da agonia, Jesus tem para ela um olhar e uma recordação última. Já que perde o seu filho único, proclama-a publicamente Mãe dos homens; mas essa maternidade espiritual é para ela outra fonte de sofrimentos. Terá que amar com amor de mãe os verdugos de seu filho, os que o cravaram naquela cruz de madeira e os que voltarão a crucificá-lo infinitas vezes com os seus pecados. Terá que cuidar deles, e interceder por eles. Seu filho deu-lhe o exemplo rogando por todos: "Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem".
Maria vê que a morte se aproxima de seu filho. Vê levantar-se aquele peito sagrado com o estertor da agonia. Vê fecharem-se aqueles olhos mais brilhantes que as estrelas. Ouve as últimas palavras daqueles lábios: "Pai, nas tuas mãos encomendo o meu espírito". Vê que aquela cabeça, sede da sabedoria de Deus, cai inerte sobre o peito.
Seu filho morreu.
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