9 de novembro de 2017

O Inferno existe - Parte 8

CAPÍTULO VIII

Se eu for para o inferno não estarei só.
Não há dúvidas se tivesse a desgraça de cair no inferno (que Deus tal não permita!), não ficarás sozinho. Terás a companhia de milhares e milhões de outras almas desventuradas que trilharam o caminho do vício, terás a companhia dos perseguidores da Igreja, dos hereges, dos apóstatas, terás a companhia de Lúcifer e de uma turba imensa de demônios. Mas esta miserável sociedade diminuirá talvez o sofrimento, ou ao menos dar-te-á algum conforto? Como te enganas!
Na terra, quando somos golpeados pela infelicidade ou pela doença, é um alívio saber que outros são visitados pela mesma desgraça: o seu exemplo nos dá fôrça para tolerar com paciência os nossos males, e dizemos: – “Coragem! há outros mais infelizes do que eu: a cruz é a companheira inseparável da nossa peregrinação”.
Mas este alívio não o terão os condenados: uns serão de tormentos aos outros, como os espinhos amontoados num grande feixe se ferem mutuamente, como os tições numa enorme fornalha se acendem e se queimam uns aos outros.
Diz S. Boaventura que os homens morreriam de medo se vissem a um condenado com toda a sua hediondez. O que não será, então, encontrarem-se juntos tantos réprobos que servirão de algozes uns aos outros!
Lá se encontrarão misturadas a impureza, a intemperança, a blasfêmia, a soberba, a injustiça e todos os pecados que são a corrupção das almas; a toda essas imundícies morais, acrescentam-se o mau cheiro e os miasmas dos corpos que serão como cadáveres em decomposição. E se tiveres tido a desgraça de dar escândalo com o teu mau exemplo, ah! então essas almas te rodearão como fúrias para te atormentar, exprobrando-te por toda a eternidade a sua condenação, da qual tu foste a causa.
“Pai desnaturado, dirá o filho, tu me deste a vida, mas em vez de me educares na virtude, me ensinaste o vício e a irreligião: sê maldito para sempre. Por tua causa sofro nestas chamas. – Filho desgraçado, dirá o pai, para te enriquecer e legar muito, traí a justiça; o amor desordenado para contigo foi a causa de minha condenação. – Companheiro traidor, dirá o amigo, tu me roubaste a inocência, ensinando-me a malícia. Se te não tivesse conhecido, não estaria condenado.”
E assim dizendo se atirarão uns sobre os outros para se vingarem e desabafarem a raiva que os devora. E os demônios tomarão formas horríveis para os atormentar e não lhes darão um instante de trégua.
Eis aí pra que servirá a companhia de muitos!
Se eu for para o inferno, não estarei só! dizes. Então, tu crês no inferno, crês naquele fogo eterno, nos sofrimentos indizíveis, nos remorsos cruéis, naquele sempre e naquele nunca terríveis, e queres ir para lá só porque outros vão? Pode haver maior estultícia, demência mais extravagante?
Irias para a cadeia, só porque outros estão encarcerados? Queres adoecer, porque há muitos doentes? Quem fala desse modo, certamente não reflete no que diz. Condenar-se porque outros se condenam!
E então, porque não ir para o paraíso para gozar aquelas delícias inefáveis que nenhum homem jamais experimentou, para contemplar aquelas belezas que nenhum mortal jamais viu, para ouvir aquelas harmonias que nenhuma criatura jamais ouviu? Também no paraíso não estaremos sozinhos. Teremos a companhia de Deus e dos Anjos, de Maria SS. E dos Santos.
Se no inferno se sofrem todos os tormentos que a justiça de Deus irritada soube inventar, no paraíso gozam-se tôdas as delícias que a sua misericórdia pôde encontrar, ou melhor, é o mesmo Deus que se manifesta aos eleitos para arrebatá-los num êxtase de louvor e admiração eterna. Mas, para ir para o céu, é preciso deixar o pecado, praticar a virtude e frequentar os santos sacramentos.

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