9 de janeiro de 2017

Tesouro de Exemplos - Parte 254

A VIDA DOS FRADES SEGUNDO VITOR HUGO

“Alguns homens reúnem-se e vivem em comunidade, em virtude de que direito? Em virtude do direito de associação. Vivem enclausurados, em virtude de que direito? Em virtude do direito que tem todo homem de abrir ou fechar sua porta. Não saem nunca, em virtude de que direito? Em virtude do direito que tem o homem de ir e vir livremente, o que implica o direito de ficar em sua casa. E em casa, que fazem eles? Falam em voz baixa, andam com os olhos baixos, trabalham; renunciam ao mundo, à vida das grandes povoações, à sensualidade, aos prazeres, às vaidades, ao orgulho, ao interesse. Andam vestidos de pano tosco ou fazenda grosseira. Nenhum possui qualquer coisa. O rico faz-se pobre ao entrar ali, porque o que tem, dá-o a todos. O que era o que se chama nobre, cavalheiro e senhor, ali é igual ao que se chama vilão. A cela é igual para todos. Todos passam pela mesma tonsura, trazem o mesmo capuz, comem o mesmo pão negro, dormem sobre a mesma palha, levam o mesmo saco aos ombros, a mesma correia à cintura. Se resolvem andar descalços, todos vão descalços. Entre eles poderá haver. um príncipe, porém esse príncipe será uma sombra como os demais. Ali não há títulos; até os apelidos de família desaparecem; só são conhecidos pelo nome próprio. Dissolveram a família carnal, e constituíram em sua comunidade uma família espiritual. Seus parentes são todos os homens; socorrem aos pobres e cuidam dos enfermos; elegem aqueles aos quais hão de prestar obediência e uns aos outros se chamam irmãos”. Assim escreveu Vítor Hugo, um inimigo da Igreja!

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