15 de maio de 2015

Sermão para a Festa da Invenção da santa Cruz (4º Domingo depois da Páscoa) – Padre Daniel Pinheiro IBP

[Sermão] Festa da Invenção da Santa Cruz                                       


Em nome do Pai…

Ave Maria…

Celebramos hoje a Festa da Invenção da Santa Cruz. No dia 14 de setembro, celebra-se a Festa da Exaltação da Santa Cruz, para comemorar o fato de o imperador Heráclio ter retomado a Cruz das mãos dos Persas no ano de 628. Hoje, festejamos a redescoberta da Cruz de Cristo por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, no século IV. Em virtude do ódio pagão ao cristianismo nos primeiros séculos da era cristã, os pagãos erigiram no Monte Calvário um templo de Vênus e uma estátua de Júpiter e o santo sepulcro foi completamente coberto de pedras, para que caíssem inteiramente em esquecimento esses lugares sagrados. Todavia, depois que o cristianismo finalmente foi permitido, no ano de 313, pelo Edito de Milão, promulgado por Constantino, os cristãos quiseram restabelecer a honra dos locais sagrados. E foi isso que fez Santa Helena, mão do Imperador Constantino. Colocou abaixo os templos pagãos para reencontrar os lugares sagrados. E procurou a Cruz de Cristo, a árvore da vida, a árvore da qual pendeu a salvação do mundo, o estandarte de Cristo. E a encontrou nos locais sagrados, no Santo Sepulcro. Mas lá estavam três cruzes. Como saber qual a cruz de Cristo? Foi São Macário que solucionou o problema levando as cruzes à residência de uma matrona gravemente enferma. Cada uma das três cruzes foi imposta à doente. E uma delas a curou. Era o verdadeiro lenho, o Santo Lenho, a Cruz de Cristo. Construiu-se, então, uma Igreja sobre o Santo Sepulcro e Santa Helena levou a Roma muitas relíquias da Paixão de Cristo, que até hoje se conservam na Basílica de Santa Cruz em Jerusalém (cidade de Roma). A Basílica chama-se “em Jerusalém” porque foi construída sobre terra trazida da cidade santa. Até hoje se pode venerar uma grande relíquia da Cruz, pode-se venerar parte do título da Cruz com a inscrição “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”, podem ser venerados alguns espinhos da coroa de espinhos, um dos cravos que pregaram Cristo na Cruz…
No Evangelho de hoje, da festa da Invenção da Santa Cruz, Nosso Senhor faz um resumo de toda a doutrina Cristã, do que é preciso para a salvação, dando destaque para a Cruz. Nicodemos, um dos fariseus, um dos principais dentre os judeus, reconhecido pela sua sabedoria, vem de noite encontrar Nosso Senhor. Vem de noite por medo de ser punido pelos outros judeus. Mas vem de noite, significando a sua ignorância ou a imperfeição de seu conhecimento. Nicodemos, que permanecerá fiel a Jesus, pois o encontramos depois ao pé da cruz, tirando Nosso Senhor da Cruz, e levando quase cem libras de mirra e aloés para perfumar o corpo do Senhor morto. Nicodemos, nesse encontro, logo no início da vida pública de Cristo, finge ser mais ignorante do que é na verdade, para ver se consegue conhecer um pouco mais a doutrina do Mestre, Jesus Cristo.
Nosso Senhor, vendo a boa disposição de alma de Nicodemos, dá uma resposta, logo no início do Evangelho, que é um resumo de seus ensinamentos e de sua vida. Assim, Nosso Senhor dirá que é preciso renascer de novo. Nosso Senhor diz que é preciso nascer para uma vida nova, que é preciso deixar o homem velho, para viver como um homem que nasceu de novo, abandonando o pecado e vivendo segundo Deus, uma vida boa. Nosso Senhor veio, então, trazer uma vida nova, veio nos trazer a graça, a redenção. É necessário ter essa vida nova para ver o reino de Deus. Todavia, esclarecendo a ignorância de Nicodemos, Ele diz que é preciso nascer pela água e pelo Espírito Santo. E aquele que não renascer assim não poderá entrar no reino de Deus. É clara aqui a referência ao Batismo e à necessidade do Batismo para a salvação. Esse renascimento, essa vida nova começa com o Batismo. Batismo que se distingue das simples abluções que faziam os judeus e que se distingue também do batismo feito por São João Batista no rio Jordão. No Batismo instituído por Nosso Senhor, é o Espírito Santo quem age pela água, apagando o pecado original, tornando a pessoa membro da Igreja Católica, fazendo da pessoa filha de Deus por adoção e marcando a alma da pessoa eternamente com essa filiação divina.
Nessa passagem, fica bastante clara também a Santíssima Trindade. Fala-se de Deus, em referência a Deus Pai como aquele que enviou Jesus Cristo, o Filho. E fala-se do Espírito Santo. Nessa conversa com Nicodemos, Nosso Senhor afirma igualmente a sua divindade ao dizer que desce do céu e que está no céu. Sim, Ele é o Verbo que se encarnou, que se fez homem, que desceu do céu, mas Ele, ao se fazer homem, não deixou de ser Deus, permanecendo no céu. É preciso, então, o batismo e a fé na Santíssima Trindade. Desde o início, Nosso Senhor une o batismo, o renascimento espiritual com a fé na Santíssima Trindade. Antes de sua ascensão, Ele dirá explicitamente: “ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
Temos, então, na conversa com Nicodemos o Batismo e a Santíssima Trindade. Nosso Senhor fala também da necessidade de acreditar em suas palavras, nas palavras daquele que é o Filho do Homem e o Filho de Deus. Assim, ele diz que todo aquele que crê nEle, que crê em suas palavras não perecerá, mas terá a vida eterna. Batismo, Santíssima Trindade, necessidade da fé em Jesus Cristo e de uma fé viva.
E para coroar esse resumo do Evangelho, Nosso Senhor não poderia deixar de falar da Cruz. Nossa religião é a religião de um Deus feito homem e que morreu na Cruz para nos salvar. Assim, Nosso Senhor diz a Nicodemos que é preciso que o Filho do Homem, Ele mesmo, Jesus Cristo, seja levantado da terra, como foi levantada a serpente por Moisés no deserto. No deserto, depois de terem sido tirados do Egito por Deus, os judeus murmuraram várias vezes contra o Senhor. Em uma dessas ocasiões, como castigo, Deus enviou serpentes. Aqueles que eram feridos pelas serpentes morriam. Diante disso, os judeus foram ter com Moisés, pedindo que ele rezasse a Deus para afastar aquelas serpentes. Moisés rezou e Deus falou para fazer uma serpente de bronze e colocá-la como sinal, de forma que os que fossem feridos ficassem curados quando olhassem para elas. Lá ficava, então, erguida entre o céu e a terra essa serpente de bronze, pela qual Deus salvava os judeus feridos. Serpente como as outras, mas sem o veneno mortal. Assim, esteve Nosso Senhor na Cruz. Erguido entre a terra e o céu. Sendo Deus, Ele era também homem como nós, mas sem o pecado. E quem olhar para Nosso Senhor erguido na Cruz, colocando em prática tudo o que Ele mandou, será salvo. Nosso Senhor elevado, exaltado na Cruz é a nossa salvação. A Cruz é loucura para os pagãos e mundanos, escândalo para os judeus. Para nós, católicos, ela é a nossa glória. Devemos gloriar-nos na Cruz de Nosso Senhor, em quem está a nossa salvação, a nossa vida, a nossa ressurreição.
Em um breve trecho do Evangelho, quanta riqueza e profundidade, caros católicos.
 Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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