18 de maio de 2015

Comungai Bem. Padre Luiz Chiavarino.

NOVOS JUDAS

Em meados do século XVIII, uma religiosa da Visitação, em Turim, teve uma visão tremenda e por demais impressionante. Enquanto estava em oração fervorosa diante de Jesus Sacramentado, apareceu-lhe a Sagrada Hóstia gotejando sangue fresco.
A visão repentinamente desapareceu, e a irmã, como por encanto, se encontrou no átrio das duas igrejas situadas no começo da praça S. Carlos, e ali começou a ouvir uma algazarra de vozes dissonantes, blasfêmias e gritos que vinham das ruas laterais... O barulho ia aumentando cada vez mais, por fim uma enorme multidão invade a praça.

Aí representam uma comédia asquerosíssima e logo após saem precipitadamente pelas ruas da direita em direção ao rio Pó; imediatamente uma grande enxurrada de sangue inunda toda a praça e depois escorre pelas mesmas ruas até perder-se no rio, juntamente com aquela gentalha horrível, verdadeiros demônios.
A irmã, horrorizada, volta-se para Nosso Senhor e exclama: "Ó Jesus, salvai-nos!" E Jesus responde-lhe: "Não tenhas medo, pois a enxurrada já passou. Fique sabendo, porém, que todos esses são os profanadores do meu Sangue Eucarístico. São todos os que nesta cidade eucarística, calcam aos pés a Sagrada Eucaristia, comungando sacrilegamente. São novos Judas que se sucedem através dos séculos. Vai e conte a todos o que lhe mostrei".
A religiosa cumpriu o encargo. A narração desse fato impressionou grandemente, fazendo muito bem.
D. — Estou trêmulo de medo, Padre, mas... será que isso é verdade?
M. — Fato autêntico! Existem documentos Comprobatórios nos arquivos da Igreja e na Cúria de Turim.
D. — Será possível que existam tantos Judas?
M. — Mais do que certo, e como já disse, em todas as classes sociais.
D. — E por que Jesus Cristo, sendo Deus não previu estes abusos?
M. — Sim, Ele previu, mas instituiu a Comunhão e o Sacerdócio, pois sabia também que muitos comungariam digna e santamente, prestando-lhe grande honra e grande amor, e sabia também que sem a comunhão muitos cristãos não conseguiriam manter-se fiéis e constantes na fé.
D. — Então Jesus Cristo, ao instituir a Santíssima Eucaristia, preferiu nosso proveito, à custa de ser desprezado?
M. — Realmente preferiu nosso proveito à custa de ser desprezado. Jesus é sempre Jesus, infinita bondade e misericórdia. Faz como a mãe que se deixa arranhar pelo filhinho e depois quase o come com tantos beijos; ou como aquela outra que, apesar de ser ameaçada e desprezada pelo filho, contudo continua amá-lo e atendê-lo em tudo. Jesus é sempre o Divino Mestre, amante, paciente, resignado, indulgente.
D. — Mesmo assim, acho que Jesus não deveria permitir tantos sacrilégios.
M. — Sua opinião e juízo são demasiado curtos e terrenos; o de Jesus é muito diverso. Mais alegria e felicidade experimenta Ele quando uma alma comunga bem, do que a amargura que lhe podem causar todos os sacrilégios de todos os tempos. É como o sol, que embora reverbere seus raios sobre todas as imundícies da terra, não obstante a enche de luz, vida e calor. É como aquela mãe que se sente feliz e contente com os carinhos de um bom filho, que triste com os desgostos que lhe dão os maus.
D. — Oh! Jesus tão bondoso e tão mal correspondido.
M. — Sim, infinitamente bondoso é Jesus. Por isso é que tantos abusam de sua bondade. Porém, ai dos ingratos e dos traidores!
D. — Serão terríveis os seus castigos?
M. — Terribilíssimos, mas bem merecidos. Não haverá desculpas para eles; as palavras de Jesus Cristo são eternas e infalíveis: "Quem come indignamente a minha carne, come sua mesma condenação".
D. — Logo, ai dos sacrílegos!
M. — Em verdade são bem infelizes, como veremos no capítulo seguinte.

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