21 de junho de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 513

HISTÓRIA DE UM INFELIZ

Já ouviste falar do famoso Lamennais? Era jovem sacerdote. Tomou a pena e escreveu, e o mundo inteiro saudou-o como novo e invencível defensor da santa Igreja. Que estilo enérgico e brilhante! Que lógica severa e contundente! Que eloquência magnífica e vigorosa! Parecia que o gênio de Tertuliano se levantava do túmulo para condenar com punho de ferro os erros do século dezenove.
O Papa quis conhecer aquele jovem cuja fama cem trombetas apregoavam. Lamennais pôs-se a caminho Ao atravessar a Suíça passou uma noite num convento de Padres Redentoristas, e falou-lhes, com aquela palavra que seduzia e fascinava, de seu planos de defesa da Igreja Católica... Ouviam-no com assombro.
No dia seguinte, depois da partida do famoso peregrino, o Reitor da Comunidade, que era um santo, perguntou a seus religiosos:
— Que pensam os srs. desse jovem sacerdote?
— É um sábio, é um novo atleta da fé — responderam.
— Ai! — replicou o ancião, movendo tristemente a cabeça
— um sábio é verdade; mas me causa medo.
— Medo? De quê?
— De que se perca.
— De que se perca?... Como assim?...
E o santo religioso em tom de profunda convicção, exclamou:
— Estuda muito, mas... não reza... não reza!
Alguns dias depois, Lamennais conversava com o Papa, o qual, após a entrevista, disse aos Cardeais: “Que homem!... É uma inteligência de demônio!” E que demônio! Levantou a voz contra a autoridade da Igreja, julgou-se mais sábio que o próprio Deus, e os raios da excomunhão caíram-lhe sobre a cabeça. Retorceu-se o herege Como Lúcifer, mas humilhar-se, nunca. Infeliz!
De sua sombria solidão lançava todos os dias aos quatro ventos páginas Ímpias em que derramava todo o veneno de sua alma orgulhosa. Morreu como morreria Lúcifer, se a morte pudesse feri-lo com sua foice. “Não coloqueis sobre o meu túmulo uma cruz; pesa-me demasiado!” — dizia agonizando.
Jovens estudantes, estudai; mas estudai com humildade. O orgulho tem sido a ruína de muitos.

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