13 de junho de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 505

MORTE DE UMA MÃE

Chamava-se Leonor de Bergh, duquesa de Bouillon. Lede o que ela fez e o testamento que deixou aos filhos e vereis que poucas mães haverá como esta.
Ficara viúva com cinco filhos e cinco filhas; e, como seus parentes eram hereges calvinistas, a piedosa mãe pós todo seu empenho em ensinar aos filhos a verdadeira fé crista. Com que talento a explicava, com que ardor a defendia! E quando lhes dizia que deviam estar dispostos até a derramar o sangue por ela, isto é, pela fé cristã, fazia-o com tal fervor, que todos os filhos, entusiasmados, respondiam:
“Não temas, mamãe, antes morreremos todos que faltar à nossa fé!”
E choravam de emoção aqueles benditos filhos!
A nobre viúva, compreendendo que, embora jovem, o seu fim estava próximo, e temendo, como prudente, pela fé e pela virtude daqueles filhinhos de sua alma (que ia deixar no mundo expostos a tantos perigos), redigiu um testamento, que lhes leu com solene dignidade e inefável ternura, regando-o com suas lágrimas. Entre outras coisas, dizia o seguinte:
“Dez filhos me deu Deus, e eu os amei por Ele e para Ele. Ensinei-lhes a amar a Nosso Senhor e todo meu empenho consistiu em gravar em seus corações a fé de meu divino Salvador. Deus agora me chama a si e eu volto a ele, pressurosa, porque é dono da vida e da morte; tranquila, porque chorei meus pecados; confiada, porque ele mesmo morreu pela minha salvação; contente, porque bem depressa vão terminar as penas e dores da vida; felicíssima, porque espero ver meu Deus, sim, vê-lo e gozá-lo por toda a eternidade.
Meus amadíssimos filhos ficam no mundo! Ponho-os nas mãos de meu Senhor Jesus Cristo e sob o manto e proteção de sua e minha Mãe, a Virgem Santíssima.
Nomeio o rei, o parlamento e todos os bispos seus tutores honorários, rogando-lhes com lágrimas nos olhos que velem, não por seus bens temporais, mas por sua fé e por sua alma.
Mando a meus cinco filhos e cinco filhas que se reúnam algumas vezes e leiam juntos este testamento, para que com sua leitura se fortaleçam na fé católica.
Peço-lhes de joelhos, pelo amor que sempre me tiveram,. que leiam o Evangelho e estudem muito a doutrina cristã para que, se tiverem de viver entre hereges, saibam defendê-la e conservá-la intacta. Se algum chegar a trair a sua fé, quero que os outros não o considerem como irmãos, mas como injuria e afronta da família”.
E todos assinaram o testamento.
Antes de exalar o último suspiro, a duquesa, com suavíssima ternura e heroica firmeza, dizia: “No último dia, quando todos ressuscitarmos, eu vos procurarei, e se algum tiver faltado à sua fé, eu lhe direi: Vai-te, maldito! vai-te, pérfido e traidor! faltaste a Deus, à Igreja e a tua mãe... Vai-te, não te reconheço por filho”.
Isto é heroico, é sublime! Isto é ser mãe!

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