29 de setembro de 2017

As Mais Belas Histórias do Cristianismo - Parte 4

4. SÃO PEDRO, PRÍNCIPE DOS APÓSTOLOS

Um simples chamado de Jesus e a pronta acolhida de um rude pescador, foi o bastante para que no lago do mar de Genesaré se iniciasse a história de uma das mais fulgurantes figuras do cristianismo, aquele que fora constituído por Cristo a pedra sobre a qual edificaria ele a sua Igreja: A história de Simão, cujo nome Cristo mudou em Pedro (Kephas = a rocha).

Desde o chamado, permaneceu sempre, ao lado de Jesus Nazareno, embora fraquejasse no momento da Paixão do Redentor e o negara diante daqueles que o acusavam de comparsa do galileu. Nascera
em Betsáida, nas proximidades do lago de Genesaré e com seu irmão mais moço, André, se dedicava ao ofício de pescador. Morava em Cafarnaum e era casado.

Foi dos primeiros discípulos de Jesus atendendo ao seu convite: "Segui-me e eu vos farei pescadores de homens" (Mat. IV, 19).

Abandonou sua profissão, sua família e o Senhor o pôs á frente dos doze apóstolos. No Colégio Apostólico foi sempre o seu porta-voz. Em São Mateus (XVI, 16) o vemos em nome dos apóstolos professar a divindade de Cristo: "Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo!" E mais tarde, quando em Cafarnaum, diante da promessa da Eucaristia feita por Cristo, muitos dos discípulos, escandalizados com sua pregação, o abandonaram, a uma pergunta sua aos apóstolos, se eles também não queriam se afastar, foi Pedro quem tomando a palavra lhe respondeu: "Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna." (João VI, 68-69). Acompanhando a Nosso Senhor, nele encontramos o apóstolo privilegiado: na ressurreição da filha de Jairo, na Transfiguração do Tabor e na agonia do Horto das Oliveiras.

Homem rude, ignorante, quer nada conhecia além de seu ofício, suas palavras irrefletidas e seus atos precipitados são conseqüência desta sua pouca formação e de seu gênio irrequieto e vivo. A negação do Senhor na Paixão foi uma sublime lição para ele, que se humilhou, chorou amargamente sua culpa, e passou a dominar sua fraqueza e seu caráter, tornando-,e humilde e digno da confiança daquele a quem negara.

Cristo lhe confiou, depois da Ressurreição, a missão de Pastor Supremo, o primado em sua Igreja. Sem contestação, ocupa daí para frente o primeiro lugar.

Rocha inabalável sobre a qual edificou Cristo a sua Igreja, em Pedro encontramos o homem admirável, que conduziu com segurança os primeiros tempos do cristianismo.

Cheio do Espírito Santo, como os demais apóstolos, faz o primeiro sermão de Pentecostes, de efeito maravilhoso, pois três mil pessoas se converteram nesta ocasião e foram batizadas.

Agraciados com o dom dos milagres, os apóstolos realizavam fatos prodigiosos, o que serviu para confirmar a sua missão apostólica e a verdade daquilo que pregavam. Assim devia ser no início da Igreja, para que a nova doutrina se difundisse mais facilmente, não obstante as muitas perseguições e grandes obstáculos.

O Pentecostes foi o grande milagre que transformou inteiramente os apóstolos. Já não eram mais os tímidos e rudes homens da Galileia, incrédulos e cheios de falsas noções acerca do Messias, mas homens espirituais, desprendidos do mundo, dispostos ás mais árduas virtudes, ao perigo de suas vidas. O batismo do fogo do amor de Deus consumiu neles o velho homem e tudo o que era terreno e os transformou em homens de Deus, outros "Jesus Cristos".

"Pedro e João subiam ao templo para a oração da hora de noa" (Atos III, 1). Ainda traziam em seus corações as emoções da primeira pregação de Pedro e o maravilhoso efeito com a conversão de tantos judeus. Pelos caminhos, traçavam e combinavam as grandes providências em relação aos milhares de fiéis que já viviam em comunidade. A porta do templo, viram um coxo de nascimento que lhes estendeu a mão, pedindo-lhes uma esmola. Não traziam dinheiro, mas iriam socorrer aquele pobre de um modo mais satisfatório, restituindo-lhe a cura, a perfeição física, para que pudesse ganhar a vida pelo seu trabalho. "E Pedro lhe disse: Não tenho prata, nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda." (Atos III, 6). Os efeitos dêste milagre foram surpreendentes, pois Pedro se aproveita do espanto e admiração da grande multidão que se convenceu do prodígio e lhes fala de Jesus Cristo, em nome de quem fez o milagre, o mesmo predito pelos profetas e crucificado em Jerusalém, e os chama à penitência e à conversão. Os dois apóstolos são conduzidos à prisão pelos sacerdotes, magistrados do templo e saduceus, descontentes com suas pregações e seu anúncio.

No dia seguinte, admirados da constância dos apóstolos, soltam-nos, reconhecendo o milagre realizado, notório a todos os habitantes de Jerusalém, e que não poderiam negar.

E Pedro continuou a sua missão, dignificando o primado que lhe foi conferido por Cristo, e conduzindo com fé e energia a barca da Igreja que já lutava contra as ondas furiosas da incredulidade da violência de muitos.

De um lado, o povo que começava a reconhecer a missão divina dos apóstolos, e muitos eram os que "traziam os doentes para as ruas, e punham-nos em leitos e enxergões, a fim de que ao passar Pedro, cobrisse ao menos a sua sombra alguns deles e ficassem livres de suas enfermidades. Concorria também muita gente das cidades vizinhas a Jerusalém, trazendo enfermos e vexados dos espíritos imundos, os quais eram curados todos" (Atos V, 15-17).

Do outro lado, os sacerdotes, os magistrados, os homens do poder que não admitiam a influência dos apóstolos sobre a multidão, a mesma que exercera o Nazareno, e cuja liderança julgavam ter destruído com a sua crucifixão e morte.

Deste modo, são feitos prisioneiros várias vezes, açoutados, e nada consegue fazer com que se calem: "Deve-se obedecer antes a Deus que aos homens" (Atos V, 29).

"Porém, saíam da presença do conselho contentes por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus. E todos os dias não cessavam de ensinar e de anunciar Jesus Cristo no templo e pelas casas." (Atos V, 41-42).

Pedro é novamente encarcerado por ordem de Herodes Agripa, terceiro a tomar este nome malsinado, que recrudesceu a perseguição que, iniciada com a morte de Santo Estêvão, não cessara de todo. Antes, o mesmo rei já maltratara alguns da Igreja e matara à espada Tiago, irmão de João, que foi o primeiro apóstolo a dar o seu testemunho de sangue.

Na prisão, Pedro estava constantemente guardado por um grupo de soldados, e dormia, com as mãos ligadas por cadeias. Os guardas à porta vigiavam o cárcere. Mas Deus, de um modo prodigioso, vai libertar através de um anjo o seu apóstolo, cuja missão ainda não estava terminada.

Reunidos, os fiéis faziam por ele incessantes preces. Na noite que precedia o dia marcado para sua execução, o apóstolo foi de repente despertado por um Anjo que lhe mandou levantar-se, "caindo-lhe as algemas das mãos".

Acompanhando o Anjo, transpôs ele a porta de ferro da prisão e chegou à rua, onde o anjo se afastou dele.

Pedro compreendeu que não era um sonho, mas, sim, uma realidade, e apressadamente dirigiu-se à casa de Maria, uma das santas mulheres, mãe de Marcos, o Evangelista, onde os fiéis ainda estavam reunidos; admirados e cheios de alegria viram a Pedro que batia à porta. Moradia afastada de Jerusalém, aí se ocultou Pedro, gozando de tranquilidade neste recanto propício para um fugitivo.

Para onde teria seguido depois, os Atos não nos contam, e o autor certamente não quis trair o seu esconderijo. Apenas se lê no cap. XXII,17: "E tendo saído, foi para outra parte".

Herodes, que se decepcionara ao ver que seu prisioneiro desaparecera, é pouco depois ferido por um anjo de Deus, e torturado de horríveis dores, roído de vermes, o tirano morreu.

Pedro se dirigira várias vezes a Antioquia, cidade grega, uma das primeiras do império, onde os cristãos buscavam abrigo, fugindo à perseguição de Herodes. "A palavra de Deus crescia e multiplicava-se" (Atos XII, 24). Antioquia tornava-se a sede da nova fé. Daí se espalhará a Palavra de Deus em todas as direções, e o cristianismo olhará para horizontes mais vastos e mais largos, ultrapassando os limites da Terra Prometida e avançando sempre até tornar-se universal.

Em Roma vai centralizar-se para sempre a doutrina cristã, e os séculos vão conhece-la como a Cidade Eterna, a Capital do Catolicismo. Talvez a semente evangélica para aí levada por peregrinos piedosos que se converteram à fé cristã, ou por algum missionário vindo de Antioquia, fizesse com que surgisse a primitiva comunidade cristã, que depois se desenvolveu extraordinariamente. A tradição católica, porém, atribui a Pedro a gloriosa fundação da Igreja de Roma, e liberais como Harnack, protestantes como Lietzmann, afirmam que muito antes que Paulo desembarcasse em Pozzuoli, o homem que contribuiu para a fundação da comunidade romana fora Pedro, "'a velha rocha".

Já não mais se duvida de que o Príncipe dos Apóstolos tenha estado em Roma como seu primeiro Bispo e de que aí tenha ocorrido o seu martírio. Estudos dos citados historiadores comprovam a concordância dos documentos literários de que Pedro tenha se estabelecido em Roma, mais ou menos por espaço de 25 anos, hipótese também dada por outros historiadores, católicos ou não, do ano 42 a 67, quando de seu martírio, conforme Euzébio.

Juntamente com S. Paulo, vai Pedro coroar sua vida santa e apostólica com morte gloriosa. O Senhor os reúne no mesmo triunfo, a eles que com tanta galhardia combateram o bom combate pela sua causa. Vão ser martirizados estes dois gigantes de apostolado e santidade, no mesmo dia e na mesma cidade que com seus trabalhos apostólicos ganharam para Deus. Ó Roma feliz, és consagrada pelo sangue glorioso dos dois Príncipes!

Foi quando Nero, o hipócrita, cruel, covarde e corrupto Imperador romano, movia atroz perseguição aos cristãos, acusados de terem ateado um incêndio em grande parte da cidade, incêndio que se deveu aos caprichos do próprio Nero, como a história o registra.

Fortificando e consolando os fiéis perseguidos, foram os dois apóstolos lançados na prisão, para depois serem martirizados. Pedro, que era judeu, condenado a ser pregado na cruz e Paulo, cidadão romano, a ser degolado.

Julgando-se indigno de morrer como o Divino Mestre, pede e obtém Pedro ser crucificado de cabeça para baixo. Assim morre Pedro, o Príncipe dos Apóstolos, constituindo alicerce da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sobre ele se levantaram as grandes colunas da cristandade e Pedro continua vivo na sucessão gloriosa e ininterrupta dos Papas que continuam legitimamente a sua missão na Chefia da Igreja Católica, de amor, de verdade e paz; conduzindo os povos à verdadeira vida e salvação que trouxe Cristo à humanidade.

História simples e rica de encantos de um pescador do lago de Genesaré que por ordem de Cristo lançou suas redes ao mar e elas se encheram de peixes. Depois, Cristo pelo seu poder e amor o transformou. Suas redes se estenderam ao mar, não mais do lago de Genesaré, mas do mundo todo, e ele se tornou pescador de homens.

A barca da Santa Igreja está repleta de almas que ele conduz à salvação em meio às tempestades, aos vendavais da travessia. Lutas e conquistas de 20 séculos de cristianismo. A Igreja é divina, e o poder humano não pode destruí-la. "'As portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mat. XVI,18). Pedro é a rocha, o fundamento da Igreja.

"Tu és Pedro, e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja" (S. Mat. XVI, 18).

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