23 de setembro de 2017

As Mais Belas Histórias do Cristianismo - Parte 2

2. AS PRIMEIRAS COMUNIDADES

Cristo ressuscitado aparecera pela última vez aos seus discípulos momentos antes de sua ascensão para o Pai.

Pedra recebera a confirmação do Primado na Igreja, após a tríplice profissão de amor. "Apascenta as minhas ovelhas."

A Igreja estava estabelecida e Pedro constituído o seu fundamento e rocha inabalável, o Pastor Supremo.

Jesus dá aos seus Apóstolos as últimas recomendações e ordens: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. O que crer e for batizado será salvo; o que, porém, não crer, será condenado" (S. Marcos XVI, 15-16). "E o Senhor Jesus, depois que (assim) lhes falou, elevou-se ao céu e está sentado à direita de Deus" (S. Marcos XVI, 19).

Os Apóstolos abatidos pela separação do Mestre, porém confiantes na sua proteção, voltam para o Cenáculo, à espera do cumprimento da promessa de Cristo: A vinda do Divino Paráclito."

A Ressurreição de Cristo dissipara em seus espíritos qualquer dúvida e já não são os mesmos homens tímidos e covardes que se reuniram no Cenáculo após os acontecimentos da Paixão.

Nos Atos dos Apóstolos encontramos preciosíssimo documento das primeiras atividades apostólicas, e da vida desta primeira comunidade que é a sementeira da doutrina cristã. O autor dos Atos (1, 15) diz que o número de fiéis reunidos era de cento e vinte. S. Paulo (I Cor. XV, 6) escreve serem mais de quinhentos os irmãos que viram a Cristo Ressuscitado. E os Apóstolos iniciam os seus trabalhos. Pedro se levanta e propõe se escolha dentre os irmãos reunidos um substituto para Judas.

Tendo o Colégio Apostólico apresentado dois candidatos, "José, que era chamado Bársabas, o qual tinha por sobrenome o justo, e Matias, tiraram seus nomes à sorte, e caiu a sorte em Manas e foi associado aos onze Apóstolos" (Atos 1, 23-26).

Depois da descida do Divino Espírito Santo, quando Pedro fez o primeiro discurso, contam-nos os Atos que, duma só vez, três mil pessoas se converteram, e mais tarde, este número se elevava a cinco mil.

Nada conhecemos sobre a organização da Igreja. Entretanto, podemos fazer uma ideia de que ela se tenha estabelecido como sociedade organizada, como se prova pelos sucessos alcançados. O próprio Cristo demonstrara aos seus Apóstolos, durante a sua pregação evangélica, o seu esfôrço de organização, e lhes dera princípios sólidos e métodos de ação. "Foi Cristo, conforme expõe Daniel-Rops, o mais sábio dos fundadores, o mais completo dos educadores, e o mais eficaz homem de ação. Deu aos seus discípulos um ensino concreto, digno .de uma escola de quadros ou dum curso de propaganda e, enfim, ensinou-lhes uma tática".

Não sabemos com precisão quais os ritos e práticas da primitiva vida religiosa. Pela leitura dos Atos dos Apóstolos encontramos três ritos que caracterizavam as primeiras comunidades: o batismo, a imposição das mãos e a refeição em comum.

O batismo era indispensável para aqueles que se tornavam cristãos e por ele eram admitidos no seio da comunidade.

Pedro em seu primeiro discurso prega a necessidade do batismo: "cada um de vós seja batizado em nome d.e Jesus Cristo para remissão de vossos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo" (Atos II, 38) .

Após o batismo fazia-se a cerimônia da imposição das mãos. este costume, cujos exemplos já os encontramos no Antigo Testamento, era familiar a Jesus, como vemos nos Evangelhos.

A imposição das mãos feita pelos Apóstolos seria a transmissão dos dons que receberam do Espírito Santo, dons de luz, fortaleza, sabedoria e graça.

Por fim, a refeição em comum: "E perseveravam na doutrina dos Apóstolos, na comum fração do pão e nas orações," (Atos II, 42). Entende-se aqui a verdadeira refeição, pois no versículo 46 o texto é formal: "files tomavam o seu alimento". Se as refeições em comum indicam sempre entre os judeus uma cerimônia de união, quando se partia o pão, consagrando-o ao Senhor, no uso cristão há um sentido bem superior. É a relação que deveria existir entre estas cerimônias e a lembrança de Cristo.

Os esforços destas primeiras comunidades são no sentido de colocar em prática tudo aquilo que aprenderam de Jesus.

Muitos de seus membros conheceram a Nosso Senhor e recordam as passagens mais belas de sua existência.

Reunidos em vida comum, os fiéis levavam uma existência de união fraterna e de santidade. "E a multidão dos que criam tinha um só coração e uma só alma; e nenhum dizia ser sua cousa alguma daquelas que possuía, mas tudo entre eles era comum" (Atos IV, 32). Aos pés dos Apóstolos depunham todo dinheiro apurado na venda de seus bens. E os Atos, que descrevem a atitude corajosa e desprendida -de José chamando o Barnabé, que vendeu tudo que tinha, o seu campo, e depôs aos pés dos Apóstolos o seu preço, narram a atitude vergonhosa e fraca de dois esposos, Ananias e Safira, que retiveram parte do apurado na venda de seus bens, mentindo haverem entregue tudo, e que foram fulminados pela justiça divina.

Cada vez maior era o número de fiéis e este desenvolvimento vai exigir das autoridades judaico-religiosas as mais severas atitudes. Após a cura do paralítico realizada por Pedro junto ao Templo, os Apóstolos são levados aos tribunais, proibidos de pregar e ensinar a doutrina cristã. "Não podemos deixar de falar das cousas que temos visto e ouvido", (Atos IV, 32) foi a resposta firme dos Apóstolos.

A severidade é cada vez maior para com a comunidade cristã. A luta das autoridades em Jerusalém e demais localidades é no sentido de obstar por todos os meios a propaganda da mensagem cristã.

Vão se iniciar as perseguições, pois é necessário aniquilar esta doutrina que anuncia já ter vindo o Messias Salvador, na pessoa de Cristo, que fora crucificado pelos judeus. Os milagres de Cristo confirmam a sua divindade; os milagres operados pelos Apóstolos afirmam o seu poder e :a realidade da doutrina que anunciam, mas as autoridades judaicas estão ofuscadas pela ambição e pelos crimes.

Perseguidos em Jerusalém, os fiéis de Cristo vão se espalhar, levando consigo o facho da doutrina evangélica que há de incendiar primeiramente o Império Romano, depois o mundo todo, no fogo da caridade e do verdadeiro amor de Cristo.

Assim se contam os primeiros dias dos cristãos em Jerusalém, berço da primeira comunidade, ainda reunidos os Apóstolos, que pouco depois partiam na conquista do mundo para Jesus Cristo.

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