26 de agosto de 2013

Confiança! - Pe. Thomas de Saint Laurent - 6

O Livro da Confiança

Pe. Thomas de Saint Laurent


Capítulo II - Natureza e qualidades da Confiança

I - A Confiança é uma firme Esperança
 
Com a concisão que traz o cunho do seu gênio, define São Tomás a confiança: “Uma esperança fortalecida por sólida convicção” (14). Palavra profunda que não faremos senão comentar neste capítulo.
 
Pesemos atentamente os termos que emprega o Doutor Angélico: “A confiança, diz ele, é uma esperança”. Não uma esperança ordinária, comum a todos os fiéis; um qualificativo preciso distingue-a: é “uma esperança fortalecida”. Notai bem, no entanto: não há diferença de natureza, mas somente de grau de intensidade.
 
Os alvores incertos da aurora, tal como o esplendor do sol no zênite, fazem parte do mesmo dia... Assim a confiança e a esperança pertencem à mesma virtude: uma é apenas o desabrochar completo da outra.
 
A esperança comum perde-se pelo desespero; pode tolerar, no entanto, certa inquietação... Quando, porém, atinge essa perfeição que faz trocar o seu nome pelo nome de “confiança”, torna-se-lhe, então, mais delicada a suscetibilidade. Já não suporta a hesitação, por leve que se imagine. A menor dúvida rebaixá-la-ia e a faria voltar ao nível da simples esperança.
 
O Profeta-Rei escolhia exatamente as expressões quando chamava à confiança: “uma super-esperança” (15). Trata-se realmente aqui de uma virtude levada ao máximo de intensidade.
 
E o Padre Saint-Jure, autor espiritual dos mais estimados do século XVII, via justamente nela uma esperança “extraordinária e heróica” (16).
 
Não é, pois, a confiança flor banal. Cresce nos cumes, e não se deixa colher senão pelos generosos.

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14 ) São Tomás de Aquino, 2-2, q. 129, art. 6, ad 3.
15 ) Salmos, CXVIII.
16 ) Saint-Jure: De la Connaissance et de l'amour de Jésus-Christ, vol. III, p. 3.

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