POR QUE OS PADRES NÃO SE CASAM
Íamos passando diante duma igreja e um companheiro manifestou desejo de conhecê-la. Como havia na fachada uma grande cruz, julgamos se uma Igreja Católica. A um menino. que estava ali perto, perguntei:
- Sabes onde está o pároco?
- Sim; o pastor é meu pai, eu vou chamá-lo.
- Não; não é preciso incomodá-lo. Eu tinha compreendido que se tratava de um templo protestante. Mas, por cortesia, tivemos de esperar, pois o menino foi correndo chamar o pai.
Passados alguns minutos, aparece o sacristão e diz:
- Desculpai, senhores; o pastor não pode vir. Tendo voltado há pouco para casa, encontrou a senhora dêle desmaiada... O menino, que foi chamá-lo para os senhores, saiu correndo á procura do médico.
Disse-me o pastor que despedisse, sem mais, todos os que desejassem falar-lhe... Pobre pastor! Que pena tenho dêle!... Uma filha dêle está doente no hospital; um dos filhos está no manicômio e outro num reformatório... O único filho que tem saúde é o menino que encontraste aqui.
Apenas saímos do templo, disse-me o meu companheiro, um advogado:
- Desculpai-me, senhor Padre, se vos digo sinceramente que as palavras dêsse sacristão me convenceram mais do que as vossas da conveniência do celibato do clero Católico. Como poderia cuidar sériamente de seus paroquianos quem se achasse nas condições dêsse pobre pastor? (José Colombo, Uma viagem ao redor do mundo).
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