9 de janeiro de 2012

Domingo dentro da Oitava da Epifania

Todo o Judeu, depois dos doze anos, devia celebrar anualmente em Jerusalém as grandes festas litúrgicas de Israel, a Páscoa, o Pentecostes e os Tabernáculos. A liturgia deste período, que nos vem apresentando desde o presépio a Infância do Salvador, faz-nos hoje subir a escarpa da cidade santa e contemplar no templo o divino infante a interrogar, com doze anos apenas, os encanecidos e sapientes doutores da lei. E não foi isto, diz S. Ambrósio, sem um alto e profundo desígnio da Providência. Queria ensinar por este modo aos doutores e a todos nós que, três dias depois da tragédia do Calvário, Aquele que morrera para Redenção do mundo e que todos julgavam morto havia de rescucitar e de se impor à nossa fé, sentado num trono de glória, como caminho, como verdade, e como vida. Deste pensamento, que domina a liturgia de hoje, podemos deduzir salutares princípios de renovação cristã. Todos sabemos muito bem que formamos pela fé um só corpo com Jesus Cristo. Ora para ocuparmos o lugar que nos compete como órgãos eficientes no corpo de Jesus Cristo, devemo-nos integrar evidentemente, antes de mais nada, no pensamento superior que dirige este corpo, compenetrarmo-nos da sabedoria de Jesus Cristo. E o pensamento de Jesus, tão clara e admiravelmente expresso na pobreza do presépio, na humildade da vida oculta, na caridade da vida pública e na abnegação do Gólgota, foi-nos condensado pelo mesmo Salvador naquela pequenina frase do Evangelho de hoje: "É necessário que viva ocupado nas coisas do meu Pai". Esta sabedoria celeste escapa de certo à rudeza do nosso entendimento. Contrariando os instintos da carne em virtude da penitência e das renúncias que nos impõe indo por vezes até ao ponto de sacrificar as nossas aspirações mais legitimas, estamos longe de compreender o que ela envolve de providencial e de profundo: "E não compreenderam o que lhes disse". Resta-nos seguir aqui e sempre o exemplo de Maria "que conservava todas estas coisas dentro do seu coração", e, meditando na atitude que o Senhor tomou no templo, pedir a Deus a sabedoria para ver o que nos convém e força e vida para o cumprir.

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