28 de março de 2011

A VIA SACRA

"A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. Está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e anularei a prudência dos prudentes (Is 29,14). Onde está o sábio? Onde o erudito? Onde o argumentador deste mundo? Acaso não declarou Deus por loucura a sabedoria deste mundo? Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem. Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os eleitos – quer judeus quer gregos –, força de Deus e sabedoria de Deus. Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens." I Coríntios. I, 18-25.











"Eu não quero saber doutra coisa, senão de Jesus, de Jesus Crucificado" (I Cor. II, 2). Quem quiser, diz S. Boaventura, crescer sempre em virtude e em graça, medite incessantemente os sofrimentos de Jesus Cristo. Ao mesmo Santo, pergunta São Tomás de que livro se socorria para tão belos ensinamentos quais eram os seus, e apontou São Boaventura para a imagem do Senhor na cruz: “Eis aqui, disse, o livro onde aprendi o pouco que sei”. Não há bálsamo tão consolador nas tribulações, lenitivo tão doce aos sofrimentos, conforto tão eficaz para as desventuras, como a lembrança da Paixão de Jesus. Nas chagas de Jesus crucificado aprenderam os Santos a coragem e Constancia com que sofreram as torturas, o martírio e a morte.





Condições indispensáveis para a meditação da Via Sacra:


1º. Percorrer sucessivamente as 14 estações, exceto em vias sacras públicas, em que o ministro percorre pelos fiéis;


2º. Percorrê-las sem interrupção notável;


3º. Meditar a Paixão do Senhor.




Eis, portanto, a meditação da Via Sacra, segundo o método apresentado pelo Frei Goffinè, em seu "Manual do Christão":




GOFFINÈ. Manual do Christão. Rio de Janeiro, RJ. Imprensa da Sacristia da do Colégio da Imaculada Conceição: 15ª Edição, 1944.




NIHIL OBSTAT: Pe. João Baptista de Siqueira. Rio de Janeiro, 20 de maio de 1930.


IMPRIMATUR: Mons. Rosalvo Costa Rego. Rio, 20, 5, 1930.


IMPRIMI POTEST et DE PERMISSU SUPERIORUM: Pe. Affonso Maria Germe. Rio, 6, 5, 1942.














A VIA SACRA




ORAÇÃO PREPARATÓRIA


Ó MEU Jesus! Amo-Vos mais que todas as coisas, porque sois infinitamente bom. Pesa-me de todo o coração, de vos ter ofendido, a Vós, que sois meu soberano bem. Ofereço-Vos este piedoso exercício em memória do que sofrestes no caminho do Calvário, por amor de mim, que sou um indigno pecador. – (Se for oferecido às almas do purgatório) Intento ganhar e aplicar às almas do Purgatório a indulgência plenária anexa a este piedoso exercício.





ESTAÇÃO I. Jesus condenado à morte.




V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.


R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.





V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus, e vos bendizemos.


R. Porque com a vossa cruz remistes o mundo.





PODIA o Divino Salvador nosso pulverizar com uma palavra, com um olhar só, aquele infame Juiz e a turba dos Judeus e algozes; queria, porém, satisfazer à justiça de seu Pai por todos os pecados do mundo, calou-se!... Obrigue-nos este exemplo a sofrer as injustiças dos homens, como satisfação à justiça eterna, tantas vezes por nós desacatada.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI


Miserere nostri, Domine, miserere nostri


Tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós.





PELO CAMINHO:


Sancta Mater istud agas,


Crucifixi fige plagas


Cordi meo valide,





Gravai, ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.





ESTAÇÃO II. Jesus com a cruz às costas.





V. Adoramus te, etc.





RECEBE Jesus, o justo por excelência, da mão dos algozes, o pesado lenho do seu sacrifício: E nós, pecadores, como recebemos as cruzes, às vezes tão leves, que nos envia o misericordioso Senhor, para lembrar-nos a devida penitência? – Comparemos, julguemos!





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO III. Jesus cai debaixo da cruz, primeira vez.





V. Adoramus te, etc.





CAI ao peso da cruz nosso Redentor. Levanta-se no meio de sangrentos insultos. Eis como se dignou expiar nossas quedas. – Sigamo-lo, pois, com o coração sinceramente contrito e penetrado, no caminho doloroso que aceitou trilhar por nós.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO IV. Jesus encontra sua Mãe Santíssima.





V. Adoramus te, etc.





IMENSA foi a aflição da mãe e do Filho, neste crudelíssimo encontro. Maria, porém, conhecia o plano divino, sabia que Jesus havia de ser imolado pela glória do Pai e Redenção do mundo, e dela também era o holocausto. – Alcance-nos a Mão do Salvador, os sentimentos de suas virtudes heróicas com perfeita imitação do seu divino Filho.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA O PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO V. O Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz.





V. Adoramus te, etc.





MEDITEMOS o ato que permite aqui Jesus. Não lhe falta a força àquele que sustenta o universo; quer, porém, ensinar-nos, aceitando tal auxílio, que nos devemos ajudar uns aos outros, no caminho da vida, com serviços e obséquios recíprocos.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Misere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO VI. A Verônica enxuga a face de Jesus.





V. Adoramus te, etc.





DULCÍSSIMO Jesus meu! Assim como recompensastes a compassiva e generosa Verônica, com vosso retrato, no véu que enxugou vosso rosto sagrado, dignai-vos de imprimir em nossos corações vossa imagem, e os vossos padecimentos por nós, que nunca os possa o pecado ofuscar ou delir.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO VII. Jesus cai, segunda vez.





V. Adoramus te, etc.





SUCUMBE de novo o Divino Cordeiro, ao peso dos nossos pecados antes que do lenho ignominioso. Ergue-se logo, continua sua marcha para o Calvário. – Exemplo para nós, de nunca entregarmo-nos ao desalento: retemperando-os com nova graça nas águas benditas da penitência.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO VIII. Jesus consola as mulheres de Jerusalém.





V. Adoramus te, etc.





NÃO choreis por Mim, chorais antes por vós e por vossos filhos, diz Jesus ás mulheres de Jerusalém, pensando só nas calamidades iminentes sobre sua pérfida pátria... E nos ensina que mais agradável lhe será nossa compaixão, se primeiro chorarmos nossos pecados, causa que são do seu sacrifício.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.




ESTAÇÃO IX. Jesus cai, terceira vez.





V. Adoramus te, etc.





TANTAS e tão graves são as nossas ofensas, que de novo prostram o nosso Salvador. – O que, porém, lhe causa tristeza mortal, é que será baldado para muitos, o sangue que derrama. Não sejamos nós ingratos tais, protestemos antes, corresponder amorosamente à sua divina graça.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO X. Jesus despido da túnica inconsútil.




V. Adoramus te, etc.





ABRACARAM-LHES os algozes a túnica inconsútil, pegada ao corpo pelas feridas sem conta da flagelação, e o despojaram, à vista do amotinado povo. – E eu, seu discípulo, tão apegado às vaidades, tão cobiçoso dos bens presentes... Livrai-me Senhor, e restituí-me a veste nupcial da vossa graça!





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO XI. Jesus pregado na cruz.





V. Adoramus te, etc.





QUE atroz suplício nosso Redentor, quando lhe transpassaram as mãos e os pés sagrados com enormes cravos, e o crucificaram! Com este sangue a correr em jorro, conheçamos o preço duma alma, e quanto custou a nossa. Detestemos o pecado, causa de tantas dores. Prendei, Senhor e Redentor meu, à vossa cruz minha vontade, nada a separe da vossa.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO XII. Jesus expira na cruz.





V. Adoramus te, etc.





DEPOIS de três horas de agonia, expira o nosso Redentor. Logo o céu, o sol, a lua, a terra, as pedras, todos os elementos se comovem em pavoroso assombro... – Choremos nossas iniqüidades, causa desta morte, e prometamos a Jesus pagar amor com amor, procurando com zelo ardente a salvação das almas.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO XIII. Jesus descido da cruz.





V. Adoramus te, etc.





MARIA recebeu em seus braços o corpo inânime de seu adorado Filho. Então mais fundo que nunca lhe penetrou à alma o gládio profetizado outrora por Simeão. Então seria aquela dor grande como o mar... – Ó Mãe dolorosíssima, nossas culpas foram a causa do martírio vosso, e de vosso Filho; suplicai-lhe por nós, que nos penetre o coração o sincero arrependimento e o firme propósito de emenda para todo o sempre.





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





ESTAÇÃO XIV. Jesus depositado no sepulcro.





V. Adoramus te, etc.





O SEIO do Pai eterno, o seio da Virgem, a gruta de Belém, a cruz do Calvário, o sepulcro de Gethsemani... Aqui termina a fulgurante carreira do nosso Redentor... Aí está debaixo de enorme pedra! Tudo para me salvar... e eu tão pouco farei pela minha salvação que tão caro custou a Jesus Deus-Homem!





PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.





Miserere nostri, etc.





Sancta Mater etc.





PAI NOSSO (6x) – AVE MARIA (6x) – GLÓRIA AO PAI (6x)





CONCLUSÃO




SENHOR meu Jesus Cristo, que para resgatar o mundo quisestes nascer, ser circuncidado, reprovado pelos ímpios Judeus, entregue com um ósculo pelo traidor Judas, amarrado e levado ao sacrifício como um cordeiro, arrastado pelas ruas, levado com tanta ignomínia aos tribunais da Anáz, Caifás, Pilatos e Herodes, acusado por falsas testemunhas, cruelmente rasgado com tantos açoites, ludibriado, cuspido com repugnantes escarros, coroado de agudos espinhos, fustigado com a cana... que vos tapassem os olhos por zombaria, que vos despissem, vos pregassem com três cravos, e vos erguessem na cruz no meio de dois ladrões... que vos dessem a beber vinagre e fel, e vos transpassassem o coração com a lança!... Ó piedosíssimo Redentor, por tantas dores e penas, por nosso amor padecidas, e que nós vamos meditando agora, livrai-nos das penas do inferno, levai-nos ao paraíso, como o ladrão convosco crucificado, ó meu bom e dulcíssimo Jesus, que com o Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.





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