24 de março de 2011

A PRESENÇA REAL DE CRISTO NA EUCARISTIA – PARTE 1

eucharist2 “A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual”. (Catecismo de São Pio X)

A PRESENÇA REAL DE CRISTO NA EUCARISTIA – PARTE 1

ARTIGO 1 – O fato da presença real

Neste artigo nos propomos unicamente a expor o fato da presença real de Cristo na Eucaristia tal como nos propõe a fé, sem entrar em averiguação alguma do modo com que se produz tal fato. Isto nós veremos no artigo seguinte.

Vamos estabelecer a doutrina católica em forma de conclusão.

CONCLUSÃO. Na Eucaristia se contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, o Sangue, a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se faz realmente presente sob as espécies sacramentais. (de fé divina, expressamente definida)

Se prova:

1. PELA SAGRADA ESCRITURA. Transcrevemos em colunas paralelas os textos dos evangelhos sinóticos alusivos à instituição da Eucaristia, completados com o de São Paulo aos Coríntios:

MATEUS, 26

26. Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo”.

27. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: “Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados”.

MARCOS, 14

22. Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”.

23. Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e todos dele beberam.

24. E disse-lhes: “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos”.

LUCAS, 22

19. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim”.

20. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós”.

23. Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24. e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim”. 25. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim”. 26. Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que ele venha. 27. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. 28. Que cada um examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. 29. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.

Compare-se estes textos com os da promessa da Eucaristia na sinagoga de Cafarnaum e se verá claramente o realismo indiscutível daquelas expressões que tanto escandalizaram os judeus:

“Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. (Jô, 6, 53-56)

É impossível falar mais claro e de maneira mais realista. O que Cristo prometeu em Cafarnaum o realizou em Jerusalém na última Ceia. Consta claríssimamente pela Sagrada Escritura a presença real de Cristo na Eucaristia.

2. PELO MAGISTÉRIO DA IGREJA. A doutrina da presença real de Cristo na Eucaristia, repetida constante e unanimemente pela tradição cristã, recebeu no Concílio de Trento a sanção infalível da Igreja. Eis aqui o texto das principais declarações dogmáticas contra os erros protestantes:

“Se alguém negar que no Santíssimo Sacramento da Eucaristia está contido verdadeira, real e substancialmente o corpo e sangue juntamente com a alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, e por conseguinte o Cristo todo, e disser que somente está nele como sinal, figura ou virtude — seja excomungado. (D 883)

“Se alguém negar que no venerável sacramento da Eucaristia, debaixo de cada uma das espécies e debaixo de cada parte dessas espécies, quando elas se dividem, está presente o Cristo todo — seja excomungado”. (D 885)

“Se alguém disser que no admirável sacramento da Eucaristia, depois da consagração, não estão o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas somente no uso, quando se recebe, e não antes nem depois; e que nas hóstias ou partículas consagradas, que se guardam ou sobram depois da comunhão, não permanece o verdadeiro corpo do Senhor — seja excomungado”. (D 886)

3. PELA RAZÃO TEOLÓGICA. É evidente que a razão humana não pode demonstrar por si mesma a presença real de Cristo na Eucaristia, já que se trata de uma verdade estritamente sobrenatural, que só pode ser conhecida por divina revelação. Mas, suposta essa divina revelação, a razão teológica encontra facilmente argumentos de altíssima conveniência. Santo Tomás expõe esplendidamente as seguintes principais razões (Cf.III, 75, I):

a) Pela perfeição da Nova Lei, que deve expressar em sua plena realidade o que na Antiga se anunciava por meio de símbolos e figuras.

b) Pelo amor de Cristo para conosco, que lhe impulsionou a ficar na Eucaristia como verdadeiro amigo, já que a amizade impulsiona a conviver com os amigos. “Por isso, este sacramento é o sinal da maior caridade e reconforto de nossa esperança por causa da união tão familiar de Cristo conosco”.

c) Para a perfeição da fé, que se refere a coisas não visíveis e deve exercitar-se com relação à divindade de Cristo (na Encarnação) e com relação à sua humanidade (na Eucaristia).

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FONTE: MARIN, A.R. Teologia Moral para Seglares. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1958. v.II: Los Sacramentos. p.127-128.

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