14 de março de 2011

O MISTÉRIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Sabemos pelo catecismo que os principais mistérios da nossa fé são a Santíssima Trindade, a Encarnação e a Redenção.

É muito importante lembrar sempre que desses três mistérios, o da Santíssima Trindade é o maior, o mais impenetrável, o mais adorável; e que os demais lhe são subordinados.

De fato, a encarnação e a redenção são atos temporais realizados no Homem-Deus, Jesus Cristo. Já o primeiro, ao contrário, tem por objeto os atos eternamente subsistentes da vida divina, ou seja, a geração do Filho e a processão do Espírito Santo.

Se a Encarnação e a Redenção ultrapassam a medida de nossa inteligência é porque elas se unem a uma das três Pessoas divinas, ao Filho de Deus: é isso que leva esses dois fatos a uma ordem absolutamente divina, ultrapassando inteiramente a luz da razão. É por estarem na dependência do mistério da Santíssima Trindade que eles são também mistérios. Assim, só há um mistérios, e todos os outros são prolongamentos desse dogma fundamental.

Segue daí que ele é o objeto principal da nossa fé e como o centro para onde ela é levada e para onde ela tende.

Sim, ela tende. Pois a fé traz com ela uma tendência a nos unir a Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Por essa razão nós dizemos: eu creio em Deus.

Jesus Cristo Nosso Senhor, na sua natureza humana e no mistérios de sua vida temporal é um laço destinado a nos unir à Santíssima Trindade, que é nosso fim supremo e último.

Não devemos nunca nos esquecer que Jesus Cristo, como homem, é apenas um intermediário, um mediador, como diz São Paulo, entre a Santíssima Trindade e a alma humana. Mediator Dei et hominum homo Christus Jesus (I Timot. II,5). Ele cimentou no seu Sangue essa aliança indissolúvel; é só por Ele que se realiza essa união eterna; mas ele não é, como homem, a finalidade superior que a fé nos revela, onde a esperança nos eleva e a caridade nos faz participar por antecipação. “Ninguém vem ao Pai senão por mim”, nos diz Ele (Jo XIV, 6). Só podemos ir ao Pai por Jesus Cristo; mas é ao Pai que devemos ir. O Pai é tomado aqui como toda a Trindade.

Essas considerações nos mostram como é importante para nós conhecer a Santíssima Trindade. Ela é o principal objeto de nossa fé: esforçar-se para conhece-la é alimentar a fé, mas ao mesmo tempo é preciso estudar esse mistério com imenso respeito, como Moisés diante do arbusto que ardia. Devemos suplicar a Deus que ele queira, ele próprio se descobrir a nós, nessas sombras luminosas da fé que apagam toda luz desse mundo e que são a bendita aurora da visão beatífica.

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FONTE: EMMANUEL-ANDRÉ, Pe. O mistério da Santíssima Trindade. Niterói: Permanência, 2006. p.9-10.

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