11 de março de 2011

VIA-SACRA EUCARÍSTICA - PARTE II

VIA-SACRA EUCARÍSTICA
São Pedro Julião Eymard
(1811-1868)

Quarta estação
Jesus encontra sua santa Mãe

V. Nós Vos adoramos, etc.

Maria acompanha a Jesus no caminho do Calvário, sua Alma, então, passa por um verdadeiro martírio. E, porque muito ama, muito também se compadece.

Infelizmente, hoje em dia, Jesus-Eucaristia, não encontra quem o console, como Maria, encontra, pelo contrário, e por entre os filhos do seu Amor, as esposas do seu Coração, os ministros de suas Graças, muitas almas que se unem aos seus carrascos para humilhá-lo, blasfemando o seu Nome e renegando a sua Pessoa.

Ah! quantos o renegam, quantos apostatam, quantos abandonam o serviço e o amor da Eucaristia, se esse serviço lhes pedir um sacrifício maior, um ato de fé prático!
Ó Jesus! doce Salvador de minha alma, quero seguir-vos humilhado, insultado, maltratado, a exemplo de Maria minha Mãe e reparar pelo meu amor tantos crimes!

Pai-Nosso etc.

Quinta estação
O Cireneu ajuda Jesus a levar a Cruz

V. Nós Vos adoramos, etc.

Jesus, enfraquecido cada vez mais, dobra sob o seu fardo. Os judeus, ansiosos por fazê-lo morrer na cruz, para que atingisse o auge da humilhação, pediram a Simão, o Cireneu, que ajudasse a levar a Cruz. Simão quis se esquivar, mas foi constrangido a carregar esse instrumento, que lhe parecia tão ignominioso. Submeteu-se e mereceu que Jesus lhe tocasse o coração, convertendo-o.

Jesus, no seu Sacramento, chama os homens a si e mui poucos respondem ao seu apelo. Convida-os a participar do Banquete eucarístico e eles encontram mil pretextos para recusar. A alma ingrata e infiel também recusa a Graça de Jesus Cristo, dom por excelência do seu Amor, deixando-o só e abandonado, enquanto as suas Graças, que quisera derramar em abundância, são desprezadas. Ah! tem-se medo do seu Amor.

Em lugar do respeito que lhe é devido, Jesus só recebe, a maior parte das vezes, irreverências. Envergonha-nos encontrá-lo nas ruas e fugimos logo que o avistamos, por não ousarmos dar-lhe um testemunho aberto da nossa fé.

Ó meu divino Salvador, será possível que assim seja? Infelizmente é verdade e sinto já remorsos de consciência. Quantas vezes, preso ao que me agradava, recusei ouvir vosso apelo. Quantas vezes, para não ser obrigado a me corrigir, rejeitei o convite tão cheio de amor quanto honroso para mim, em que pedíeis para assentar-me à vossa Mesa. Arrependo-me do fundo do coração. Compreendo que é melhor deixar tudo a deixar, por culpa própria, uma só Comunhão, a maior e mais amável das Graças. Esquecei o passado, doce Salvador, e recebei e guardai vós mesmo as resoluções que faço para o futuro.

Pai-Nosso etc.

Sexta estação
Verônica enxuga o Rosto de Jesus

V. Nós Vos adoramos, etc.

A Face do Salvador não se assemelha mais a uma face humana. Está coberta de Sangue. Os carrascos cospem nela, cobrem-na com lodo. E, Ele, o esplendor de Deus, torna-se irreconhecível. Seu Rosto divino está todo maculado.

Mas, eis que, sob tão vil aspecto, Verônica reconhece o seu Salvador e seu Deus, e, cheia de coragem, afronta a soldadesca. Vem, movida por compaixão, enxugar a Face augusta de Jesus, que, para recompensá-la, imprime os seus traços na toalha com que Verônica lhe presta tão piedoso serviço.

Ah! divino Jesus, quão ultrajado, insultado e profanado sois no vosso Adorável Sacramento! E onde encontrar as Verônicas compassivas que vêm reparar tamanhas abominações? Ah! quanto nos entristece e nos apavora tão grande número de sacrilégios cometidos com tanta facilidade contra o augusto Sacramento. Dir-se-ia que Jesus Cristo, entre nós, não passa dum simples estrangeiro, indiferente, desprezível, mesmo.

Vela, é verdade, sua Face sob a nuvem de espécies bem fracas e humildes. E fá-lo para que nosso amor possa descobrir, pela fé, seus traços divinais.

Creio, Senhor, que sois o Cristo, o Filho do Deus vivo, e adoro vossa Face adorável, cheia de Glória e de Majestade, oculta pelo véu eucarístico. Dignai-vos, Senhor, imprimir vossos traços no meu coração a fim de que, por toda a parte, eu leve comigo a Jesus, e Jesus-Eucaristia.

Pai-Nosso etc.

Sétima estação
Jesus cai pela segunda vez

V. Nós Vos adoramos, etc.

Apesar de Simão ajudá-lo a carregar a Cruz, Jesus, pela sua fraqueza, cai uma segunda vez, e isto lhe causa novos sofrimentos. Seus Joelhos, suas Mãos se dilaceram por tantas quedas no caminho árduo que segue, enquanto aumentam os maus-tratos ao aumentar a raiva dos carrascos.

Ah! que vale o auxílio do homem se não tivermos o de Jesus Cristo! E quantas quedas esperam aqueles que só se apóiam em meios humanos!

Todos os dias – e quantas vezes por dia! – o Deus da Eucaristia cai pela Comunhão em corações covardes e tíbios, que o recebem sem preparo, guardam-no sem piedade, deixam-no ir sem um ato sequer de amor ou gratidão. Se, portanto, Jesus, ao visitar-nos, permanece de mãos atadas, é devido à nossa tibieza.

Quem ousaria receber uma alta patente da terra com o pouco caso com que recebemos diariamente o Rei do Céu?

Divino Salvador, quero fazer ato de desagravo por todas as minhas Comunhões tíbias e sem devoção. Viestes a mim um sem-número de vezes. Agradeço-vos de coração e quero, para o futuro, ser-vos fiel. Dai-me o vosso Amor e de nada mais precisarei.

Pai-Nosso etc.

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FONTE: A Divina Eucaristia - escritos e sermões de São Pedro Julião Eymard. São Paulo: Loyola, 2002. v3. p.261-278.

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