9 de março de 2011

VIA-SACRA EUCARÍSTICA - PARTE I

VIA-SACRA EUCARÍSTICA
São Pedro Julião Eymard
(1811-1868)


Primeira estação
Jesus é condenado à morte


V. Nós Vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos
R. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Jesus é condenado pelos seus, por aqueles mesmos a quem tanto favoreceu. É condenado como sedicioso – quando é a própria Bondade. Como ambicioso – quando se pôs em último lugar. E é condenado à morte da cruz, qual último dos escravos.

Jesus aceita com amor essa sentença de morte. Foi para sofrer e morrer que baixou à terra e desta forma ensinar-nos a nós, também, a sofrer e morrer.

Jesus é ainda condenado à morte na santa Eucaristia. É condenado, nas suas Graças, que são desprezadas; no seu Amor, que é desconhecido; no seu estado sacramental, que é negado pela incredulidade e ultrajado pelo sacrilégio. Pela Comunhão indigna, o mau cristão vende Jesus Cristo ao demônio, entrega-o às suas paixões, põe-no aos pés de satanás, que reina no seu coração, e crucifica-o no seu corpo de pecado.

Os maus cristãos maltratam ainda mais a Jesus que os judeus. Em Jerusalém, foi condenado uma só vez. No Santíssimo Sacramento, no entanto, é condenado todos os dias, em milhares de lugares e por um número assustador de juizes iníquos.

E todavia Jesus deixa-se insultar, desprezar, condenar. E continua sempre sua Vida sacramental, a fim de nos mostrar que o Amor que nos tem é incondicional e sem reserva.

Ó meu Jesus, perdão mil vezes perdão por tantos sacrilégios. Se minha consciência me acusa de tão grande pecado, quero passar o resto de minha vida em reparação, amando-vos e honrando-vos por aqueles que vos desprezam. Ah! Concedei-me a Graça de morrer convosco!

Pai-Nosso, Ave-maria e Glória-ao-Pai. V. Senhor, tende piedade nós R. Tende piedade de nós As almas dos fiéis defuntos pela misericórdia de Deus descansem em paz. Santa Mãe, dá-me isto: Trazer as Chagas de Cristo Gravadas no coração!

Segunda estação
Jesus leva a Cruz

V. Nós Vos adoramos, etc.

Em Jerusalém, os judeus impõem a Jesus uma cruz pesada e ignominiosa. A cruz era, naquela época, o instrumento com que se supliciavam os últimos dos homens. E Jesus acolhe tão pesada Cruz com júbilo. Recebe-a com carinho. Beija-a com amor. Leva-a com doçura.

Ele quer, deste modo, no-la suavizar e moderar, no-la tornar doce e amável. Quer deificá-la com o seu Sangue.

No divino Sacramento do Altar, os maus cristãos impõem a Jesus uma cruz que, para o seu Coração, é bem mais pesada, bem mais ignominiosa ainda. E esta cruz são as irreverências, nos santos lugares, a dissipação do espírito, a frieza do coração em sua Presença, a tibieza da devoção. Quão humilhante é para Jesus essa cruz que se compõe de filhos tão pouco respeitosos, de discípulos tão miseráveis.

E no seu Sacramento, Jesus ainda leva as minhas cruzes. Coloca-as no seu Coração para santificá-las. Cobre-as com seu Amor, imprime-lhes o seu beijo, a fim de torná-las amáveis, mas quer que eu as leve para Ele e lhas ofereça. Aceita as confidências de minha dor, tolera as lágrimas que derramo sobre minhas cruzes, agrada-se do amparo e do consolo que lhe venho pedir.

Ah! quão leve se torna a cruz banhada na Eucaristia! Quão bela e quão radiosa nos chega através do Coração de Jesus! Quão bom nos é recebê-la de suas Mãos, beijá-la ao seu exemplo. Na Eucaristia, irei, portanto, me refugiar nas minhas aflições, irei procurar consolo e força e aprender a sofrer e a amar.

Perdão, Senhor, perdão por aqueles que não vos têm respeito ao vosso Sacramento do Amor. Perdão pelas minhas indiferenças e distrações em vossa santa Presença. Quero amar-vos e amo-vos de todo o coração.

Pai-Nosso, etc.

Terceira estação
Jesus cai pela primeira vez


V. Nós vos adoramos, etc.

Jesus perdera tanto Sangue na sua Agonia que durou três horas, bem como na sua rude Flagelação, e ficara tão enfraquecido no correr da noite cruel que passara entregue aos seus inimigos que, depois de caminhar alguns momentos, cai prostrado sob o peso da Cruz!

Se Jesus-Eucaristia cai por terra nas santas parcelas tantas vezes sem que ninguém disto se aperceba, quantas vezes não cai de dor ao ver o pecado mortal macular uma alma. E quão mais doloroso é ainda para Jesus cair num coração infantil que o recebe indignamente quando a ele se chega pela primeira vez. É cair num coração de gelo que o fogo do seu Amor não consegue fundir, num espírito orgulhoso e dissimulado que seu Poder não consegue tocar, num corpo humano que não passa dum túmulo cheio de podridão.

Ah! Jesus chega-se à alma nesse primeiro encontro com tanto Amor e é tão mal recebido! Uma alma de criança e já tão pecaminosa! Ser tão moço, e já ser um Judas! Ah! quão sensível é ao Coração de Jesus o crime duma Primeira Comunhão sacrílega!

Ó Jesus! Obrigado pelo Amor que me testemunhastes na Primeira Comunhão, Amor que nunca hei de esquecer. Sou vosso, todo vosso, e vós sois todo meu. Fazei de mim o que quiserdes.

Pai-Nosso etc.

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FONTE: A Divina Eucaristia - escritos e sermões de São Pedro Julião Eymard. São Paulo: Loyola, 2002. v3. p.261-278.

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