NO CALVÁRIO
Em 1917, pela salvação das almas, ofereceu-se a sofrer qualquer gênero de morte. Inclusive com "o abandono do Calvário".
E Deus aceitou seu oferecimento. Já vimos como, às vezes, eclipsava-se em sua alma a presença de Deus e acreditava-se desamparada por ele. Sua purificação mística culminou na noite do sábado, experimentando um abandono semelhante ao de Cristo na Cruz. Foram momentos de dúvidas, de angústia mortal. No meio de seu delírio, dizia estar recusada por Deus e condenada por não haver correspondido fielmente a tanta graça sua. Foi a última prova de crisol para que a semelhança com Cristo fosse perfeita.
Acompanhavam-na naquela hora de crise o Pe. Blanch, antigo confessor, e várias religiosas. Pouco a pouco a tempestade interior se foi acalmando e a tranquilidade voltou a renascer em sua alma.
Por fim, seu rosto se iluminou com seu habitual sorriso e, fixando o olhar em um ponto, como se visse alguém, exclamou docemente: "Meu Esposo!"
Prevenindo possíveis escândalos de pusilânimes por esta dura prova, será oportuno recordar o que por duas vezes advertiu Sta. Teresinha, pouco antes de morrer: "Nosso Senhor morreu na cruz entre angústias, e sem dúvida foi a sua a mais bela morte de amor".
Uma vez recuperada de todo, cheia de paz, nossa enferma repetiu humildemente jaculatórias expressando sua plena confiança em Jesus e na Santíssima Virgem.
MORTE INVEJÁVEL
No domingo teve momentos de lucidez. Num deles entoou um canto litúrgico. A tarde, depois de ser assistida pelo capelão, pareceu adormecer. Na realidade sumiu-se num letargo do qual não mais voltou.
2ª-feira, 12 de abril, às 19h45min ficou docemente adormecida nos braços do Senhor. Para ela, morrer é "submergir eternamente no Amor". E a única religiosa sobrevivente de quantas a viram expirar, disse: "Dava a impressão de ir submergindo numa imensa felicidade. Seu rosto, perdendo a palidez própria da morte, se ia ruborizando e iluminando, como que irradiando a felicidade da qual gozava".
No dia 14 de abril, celebraram-se seus funerais e enterro, presididos por grande número de sacerdotes; como correspondia a quem tinha vivido imolando-se ocultamente por sua santificação.
Ir. Teresa morreu com 19 anos e nove meses, onze de carmelita.
6 de novembro de 2021
Teresa de Los Andes - Deus, Alegria Infinita - Diário e Cartas
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