26 de novembro de 2021

A Humilde Santa Bernadette - Colette Yver

CAP1TULO II

A INFÂNCIA

É Bartrés (1) uma aldeazita situada ao norte de Lourdes, a meia légua da cidade.
Na cumeeira do morro bastante elevado, verdejante e arborizado, de aspecto vicejante como as pradarias bigorrenses, à beira da encosta de Leste, Bartrés está assentada no côncavo de uma dobra do chão, como no porão de comprido barco, entre duas ladeiras relvosas remontadas de carvalhais.
A estrada de Lourdes passa por ela fazendo uma espiral inclinada...
Não se pense num grande povoado, não. Só poucas casas de camponêses, esparsas à direita e à esquerda
sem nenhum plano. Igreja boa, bem restaurada.
Caminhos que qualquer chuva torna medonhamente lamacentos, como todos os fundos de bacia.
Trezentos moradores.
Nas beiras deste profundo valezinho, rebanhos atarefados com os focinhos no capim, vacas das charnecas, de chifres delgados, de pelo louro, vaquinhas bretãs malhadas de preto e branco; e sobretudo carneiros lanzudos e gordos, imóveis quais pedras de alvenaria, surgidas na sua tarefa de pastar.
Ao sul, e quão perto nos parece! surge diante de nós, a cada instante, a série de altos e baixos agigantados dos Pirineus; o Pico de Ger, a delgada agulha do Pico do Meio-Dia bigorrense e, a seguir, os cumes de Arbizon e de Nouvielle. E aqueles montes de dois ou três mil metros, tão vizinhos que aparentam vegetação, com seu dédalo de vales escuros, com suas vertentes caindo abruptas, tornam mais meiga e sorridente a aldeola de Bartrés tão molemente semi-sepultada entre duas intumescências da terra, que se alonga em linhas arredondadas.

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