30 de julho de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 537

UMA HÓSTIA SACERDOTAL

No seu áureo livrinho “Hóstias Sacerdotais” escreve o P. Leblanc:
“Encontrava-me num Sanatório, quando um jovem sacerdote, dirigindo-se a mim, disse:
— Padre, peço-lhe o favor de ir ao quarto número 12, onde se acha minha irmã tuberculosa. Está desenganada, mas não quer conformar-se com o pensamento da morte. O sr. poderia fazer-lhe algum bem; vá visitá-la e diga-lhe que foi a meu pedido.
Pouco depois entrava eu no quarto da doentinha. Admirou-se da minha visita, e parece que lhe desagradava, pois quando me viu entrar, gritou:
— Padre, não me faleis da morte.
Tal acolhimento era pouco encorajador. Deixei que falasse. Explicou-me, chorando, as razões por que não queria morrer e acrescentou:
— Dizei-me que não morro; não quero morrer! Quero sarar; dizei-me que hei de sarar!
Disse-lhe então:
— Espero que hás de recuperar a saúde, e vou rezar nessa intenção; o mais importante, porém, é que santifiques os teus sofrimentos. Se quiseres, propor-te-ei uma intenção.
— Dizei que intenso é — respondeu friamente; — mas isso não mudará nada, eu não quero morrer, sou muito moça.
— Foi teu irmão, o Padre N., quem pediu que te visitasse. Oh! quanto és feliz de ter um irmão sacerdote! Feliz seria também ele se tu, sua irmãzinha, quisesse oferecer teus sofrimentos pelo bom êxito do seu ministério sacerdotal. Quanto mais tu fores hóstia, tanto mais ele será sacerdote.
— É verdade, Padre? — perguntou-me com leve sorriso! Recolheu-se um momento interiormente, depois disse: — Vou. experimentar. Dou-vos a minha palavra e não a retirarei; mas não digas nada a meu irmão.
A causa estava ganha. Dias depois, a doentinha voltava para sua casa, onde viria a morrer como uma santinha. Durante seis longos meses, ainda que sofresse atrozmente, a sua paciência, a sua resignação, o seu abandono nas mãos de Deus jamais se desmentiram. Falava da morte como se fala de uma festa. A morte, que antes tanto temia, agora ela a desejava. Estava ansiada por fazer o sacrifício de sua vida em favor do irmão.
— Padre — disse-me um dia — a intenção que me propuseste foi para mim uma revelação. Sem ela eu teria amaldiçoado os meus sofrimentos e morreria desesperada.
Poucos dias antes da morte dizia a seu irmão:
— Como sou feliz de morrer! Podes estar certo que, no Céu, serei a tua Teresinha.

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