6 de julho de 2018

Tesouro de Exemplos - Parte 529

PONHA O FILHINHO SOBRE O ALTAR

Num populoso subúrbio pregava-se uma missão. Numa venda perto da igreja quatro homens juraram não entrar no templo e desviar das pregações a quantos companheiros pudessem. A mulher de um deles, boa cristã, suspeitou qualquer coisa e, uma tarde, à hora do jantar, falou com indiferença a respeito do pregador e dos homens que assistiam as pregações. O marido riu-se e exclamou:
— Oh! esses homens não irão até o fim!
E, falando, falando, contou a mulher tudo que se tramara na venda! Ela dissimulou a sua emoção e, no dia seguinte, contou tudo ao missionário. Este perguntou-lhe:
— A senhora tem filhos?
— Tenho um pequenino...
— Seu marido quer bem ao filhinho?
— Muito!
— Toma-o alguma vez nos braços?
— Sim, senhor.
— Bem; esta noite, quando o povo tiver saído da igreja depois do sermão, ponha seu filhinho sobre o altar, em frente do Tabernáculo, e diga com todo o ardor de seu coração: “Meu Jesus, misericórdia para meu marido!” Depois que o menino tocar no Sacrário, volte para casa e ponha-o nos braços do pai por algum tempo. E faça assim cada noite...
O pai está sentado na cozinha, e no fogão, uma panela a ferver com alguma coisa para a ceia. A mulher chega um pouco tarde, e o marido pergunta:
— De onde é que você vem?
Ela não responde a pergunta, mas diz:
— Segure um pouco o menino, enquanto eu vou arrumar a mesa.
E põe o menino no braço do pai, que o acaricia, ergue-o bem alto e sorri-lhe com doçura.
Naquele dia a ceia foi mais tranquila que de costume. No dia seguinte a mesma cena, tão simples, tão natural!
— Nosso filhinho é tão lindo, não é mesmo?
— Então!? — respondeu a mãe; — é tão inocente, é um anjinho!
— Um anjo! um anjo! como é belo ser um anjo!
E a mãe viu como ele abraçava o menino e o apertava afetuosamente ao coração. A graça de Deus trabalhava... Durante a ceia falou-se da Missão.
— Se você visse quantos homens tem ido a Missão!
O marido calou-se; não respondeu. No terceiro dia o pai tomou de novo nos braços o filhinho, instrumento inconsciente da Eucaristia; fez-lhe muitas caricias em silêncio, e a mãe notou que lhe corriam lágrimas dos olhos. No dia seguinte, sem dizer nada a mulher, o pai foi ouvir o sermão. Naquela noite, a mãe não pode por o filhinho sobre o altar, porque havia gente demais na igreja. Voltou para casa e ficou surpreendida ao ver que o marido não estava. Esperou-o.
Pouco tempo depois, abre-se a porta, e o pai entra todo contente, estende os braços e abraça fortemente a mulher e o filho, dizendo-lhe com os olhos marejados de lágrimas:
— Você não acreditará, mas digo a verdade: Acabo de confessar-me e, amanhã, irei comungar!
Eis ai como se alcança um milagre, um milagre da graça.

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