A MALDIÇÃO DE UMA MÃE
Antes da aurora foi Agostinho, o santo bispo de Hipona, despertado por uns gemidos e profundos soluços que vinham da rua. Dois homens seminus, de barba e cabelos compridos, sujos, fracos e famintos, tremiam convulsivamente diante da residência do bispo.
- Como vos chamais? - perguntou Agostinho.
- Paulo e Paládio, responderam sem cessar de chorar.
- Tranquilizai-vos, nós vos socorremos.
- É impossível tranquilizar-nos. Vimos de Cesaréia da Capadócia; em nossa familia éramos sete irmãos e três irmãs. Ofendemos a nossa mãe viúva e ela nos amaldiçoou e a maldição penetrou em nossa carne, em nosso sangue, em nossos ossos. Livra-nos, Santo de Deus, da maldição de nossa mãe. E se não o podes, faze-nos ao menos morrer.
S. Agostinho rogou a Deus por êles e curou-os.
Se tanto pôde naqueles filhos a maldição de uma mãe terrena, que não será terrível, irrevogável e final maldição de Deus, pai nosso ofendido por nossos pecados: Ite, maledicti, in ignem aeternum?
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