A SANTÍSSIMA EUCARISTIA NA
VIDA ESPIRITUAL DE SANTO TOMÁS DE AQUINO
- I -
Os outros doutores da Sorbonne apresentaram a Santo Tomás um problema a respeito da permanência dos acidentes eucarísticos “sine subjecto”:
Santo Tomás “(...) escreveu logo, como era costume seu, uma demonstração muito cuidada e lúcida, com a sua opinião. Escusado é dizer que sentiu, com simplicidade de coração, a pesada responsabilidade e a gravidade de tão judicial decisão, e parece, naturalmente, ter-se preocupado muito mais do que costumava com a sua obra. Buscou luz na oração e intercessão mais prolongada que de costume, e por fim, com um desses poucos mas impressionantes gestos corporais que caracterizam as ocasiões importantes da sua vida, depôs a tese aos pés do crucifixo do altar, e ali a deixou ficar como à espera de julgamento. Depois se virou, desceu os degraus e ficou submerso uma vez mais em oração; diz-se, no entanto, que os demais frades estavam à espreita, e que tinham boas razões para o fazer, pois declararam mais tarde que viram, com os seus olhos mortais, a figura de Cristo descer da cruz e deter-se junto do manuscrito, dizendo:
- Tomás, escreveste bem a respeito do meu Corpo.
Depois desta visão é que dizem ter-se dado o incidente da levitação miraculosa.”
(fonte: CHESTERTON, G.K.“Santo Tomás de Aquino”. São Paulo: LTr, 2003)
Depois desta visão é que dizem ter-se dado o incidente da levitação miraculosa.”
(fonte: CHESTERTON, G.K.“Santo Tomás de Aquino”. São Paulo: LTr, 2003)
- II -
“... resta dizer algo a respeito do ministro que serve à Santa Missa. Em nossa época dá-se aos meninos e a ignorantes este encargo, de que nem os próprios reis seriam dignos (...) São Tomás de Aquino, o sol da Escolástica, conhecia bem o valor inestimável deste ofício de servir no divino Sacrifício, e não se dava por satisfeito se, depois de ter celebrado a Santa Missa, não ajudava a outra”.
(fonte: “As excelências da Santa Missa” – São Leonardo de Porto Maurício)
- III -
“Após se ter confessado a Reginaldo, Tomás recebeu o viático em 4 ou 5 de março; como era costume, pronunciou uma profissão de fé eucarística (...)
“Recebo-te, preço da redenção de minh’alma, recebo-te, viático de minha peregrinação, por cujo amor estudei, realizei vigílias, sofri; preguei-te, ensinei; jamais disse algo contra ti, e se o fiz foi por ignorância e não insisto em meu erro; se ensinei mal a respeito desse Sacramento ou de outros, submeto-o ao julgamento da Santa Igreja Romana, em obediência à qual deixo agora esta vida”
(...) Tomás recebeu a Extrema-Unção no dia seguinte, respondendo ele próprio às palavras rituais. Morreu três dias depois, após ter recebido o Corpo do Senhor, ou seja, na quarta-feira, 7 de março, nas primeiras horas da manhã”.
(fonte: TORREL, Jean-Pierre, OP. “Iniciação a Santo Tomás de Aquino – sua pessoa e obra”. São Paulo: Edições Loyola, 2004. pp.342-344)
- IV -
“(..) parece-nos possível deduzir com um mínimo de certeza três traços característicos da maneira de orar de Tomás. O vínculo entre prece e estudo é evidentemente o primeiro (...). O segundo é certamente a devoção à Eucaristia (...). A atestação de duas Missas cotidianas – uma que celebra, outra à qual assiste – é repetida com uma freqüência que impede de pó-lo em dúvida. Ele, ao que parece, tinha também o hábito de recitar no momento da elevação a segunda parte do “Te Deum: Tu rex glorie Christe, Tu Patris sempiternus et Filius”, até o final. Isso poderá ser facilmente compreendido se nos lembrarmos que, de forma resumida, o cântico lembra nesse momento os “mistérios” da vida de Cristo. Mas é sobretudo na celebração da Missa que ele apresenta os êxtases prolongados que marcaram seus últimos meses: o do domingo da Paixão (26 de março de 1273) e o de São Nicolau, oito meses depois (6 de dezembro de 1273) (...)”.
O terceiro aspecto é a “devoção ao crucifixo: quando é apresentado em prece ou em levitação, é diante da imagem do crucificado ou do altar, símbolo litúrgico de Cristo. Se fosse necessário justificar ainda mais esse último ponto, bastaria consultar a maneira pela qual ele se refere a Cristo em seu ensino ou pregação:
“Quem quiser levar uma vida perfeita não tem outra coisa a fazer senão desprezar o que Cristo desprezou na Cruz, e desejar o que ele desejou. Com efeito, não há um só exemplo de virtude que a cruz não nos dê. Buscas um exemplo de caridade? Não existe amor maior do que dar sua vida por seus amigos, e Cristo o fez na cruz ... Buscas um exemplo de paciência? O mais perfeito encontra-se na cruz ... Buscas um exemplo de humildade? Olha o Crucificado ... Um exemplo de obediência? Pôe-te a seguir Aquele que se fez obediente até a morte ... Um exemplo de desprezo pelas coisas terrestres? Caminha atrás Daquele que é o Senhor dos senhores e Rei dos reis, no qual se encontram todos os tesouros da sabedoria e que, no entanto, na cruz, aparece nu, objeto de zombarias, conspurcado, batido, coroado de espinhos, recebendo de beber fel e vinagre, levado à morte” (Expositio in Symbol.; art.4, nº920-4) ”
Santo Tomás lembra com insistência que “toda ação de Cristo é para nós um ensinamento”, e isso foi uma regra de vida para ele próprio.
(fonte: TORREL, Jean-Pierre, OP. “Iniciação a Santo Tomás de Aquino – sua pessoa e obra”. São Paulo: Edições Loyola, 2004. pp.335-337)
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