11 de maio de 2024

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo Piedosas e edificantes meditações sobre os sofrimentos de Jesus

MEDITAÇÃO VIII

Jesus morto na cruz
Cristão, levanta os olhos, e contempla Jesus morto sobre aquele patíbulo com o corpo cheio de chagas que ainda correm sangue. A fé ensina que ele é teu Criador, teu Salvador, a tua vida, teu libertador, aquele que mais te ama que qualquer outro e o único que pode fazer-te feliz. Sim, meu Jesus, eu o creio: vós sois aquele que me amou desde toda a eternidade sem nenhum mérito meu; mesmo prevendo as minhas ingratidões, me destes o ser unicamente por pura bondade. Vós sois o meu Salvador, que me livrastes por vossa morte do inferno tantas vezes merecido. Vós sois a minha vida pela graça que me estes, pois sem ela permaneceria morto para sempre. Vós sois o meu Pai e Pai amoroso que me perdoou misericordiosamente tantas injúrias que vos fiz. Vós sois o meu tesouro, que me enriqueceu com tantas luzes e favores em vez e castigos que eu merecia. Vós sois a minha esperança, já que eu não posso esperar bem algum de quem quer que seja fora de vós. Vós sois, portanto, o meu verdadeiro e único amante: basta dizer que chegastes a morrer por mim. Vós, em suma, sois o meu Deus, o meu sumo bem, o meu tudo. Ó homens, ó homens, amemos a Jesus Cristo, amemos um Deus que se sacrificou totalmente por nosso amor. Ele sacrificou as honras que lhe competiam sobre a terra, sacrificou todas as riquezas e as delícias que podia gozar e se contentou com levar uma vida humilde, pobre e atribulada: finalmente, para pagar com seus sofrimentos os nossos pecados, quis sacrificar todo o seu sangue e sua vida, morrendo num mar de dores e de desprezos. Filho, diz da cruz o Redentor a cada um de nós, filho, que mais poderia eu fazer para ser amado por ti do que morrer por teu amor? Vê se se encontra no mundo quem te haja amado mais do que eu, teu Senhor e Deus. Ama-me, pois, ao menos em reconhecimento do amor que te demonstrei. Ah, meu Jesus, como é possível não chorar sempre o mal que fiz, desprezando o vosso amor, apesar de saber que os meus pecados vos obrigaram a morrer de dor sobre um patíbulo infame? E como poderei ver-vos pendente desse lenho por meu amor e não vos amar com todas as minhas forças? Como se explica, porém, Senhor, que vós, tendo morrido por nós todos, para que ninguém mais viva para si mesmo (2Cor 5,15), e eu tenha vivido unicamente para afligir-vos e desonrar-vos em vez de viver exclusivamente para amar-vos e glorificar-vos? Ah, meu Senhor crucificado, esquecei-vos das amarguras que vos causei, das quais eu me arrependo de todo o meu coração, e atraí-me pela vossa graça inteiramente a vós. Eu não quero mais viver para mim mesmo, mas
só agora vós que tanto me tendes amado e mereceis todo o meu amor. Eu me dou todo a vós e todas as coisas que me pertencem, sem reserva. Renuncio a todas as honras e prazeres desta terra e me prontifico a padecer por vosso amor tudo o que vos aprouver. Vós, que me concedeis esta boa vontade, dai-me também a graça de a pôr em prática. Ó Cordeiro de Deus, sacrificado sobre a cruz, ó vítima de amor, ó Deus amoroso, pudesse eu morrer por vós como morrestes por mim. Ó Mãe de Deus, Maria, obtende-me a graça de sacrificar toda a vida que me resta ao amor do vosso amabilíssimo Filho.

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