31 de maio de 2024

A Mulher Bendita - Padre Júlio Maria

CAPÍTULO 1

O culto de Maria Santissima

    É sabido que o protestantismo concentrou o seu ódio sobre a Virgem Santissima, Mãe de Deus.
    Porque este ódio?
    Para poderem os seus adeptos protestar contra a Igreja Católica.
    É a grande, e talvez a única razão.
   A Igreja Católica, na unidade perfeita e na firmeza granitica de seu ensino, atribui a cada pessoa o culto que lhe compete.
    Adora única exclusivamente a Deus, porque só Ele é Senhor Supremo, só Ele é Deus, e
somente Ele tem direito ao culto supremo da adoração.
    Dominus Deus noster, Dominus unus est (Deut. VI. 4).
    Venera a Virgem Maria, por ser Mãe de Jesus Cristo e, como tal, revestida de uma dignidade acima do todas as dignidades, tendo direito a um culto acima do culto tributado aos Santos.
    -Super modum, Mater mirabilis (2 Mach. VII. 20)
    Honra os Santos, por serem amigos de Deus e por gozarem, como tais, perto de Deus, de um poder de intercessão acima das criaturas, neste mundo.
    Temos, deste modo, um tríplice culto, essencialmente distinto um do outro, numa gradação harmoniosa e lógica.
    1. O culto de adoração (latria) devido a Deus.
    2. O culto de super veneração (hyperdulia) devido à Maria Santíssima.
    3. O culto de veneração (dulia) devido aos Santos.
    Tal é a base do culto católico, e basta compreender estas noções, para compreender a injustiça e o ridículo das objeções protestantes, acusando os católicos de Mariolatras, de adorarem a Mãe de Jesus.
    Vamos examinar tais objeções neste primeiro capítulo, dando-lhes a resposta que merecem.

I. A Mariolatria
    Não quero inventar nenhuma objeção; os amigos protestantes se encarregam da fabricação
e da propaganda.
    Vou tirar literalmente de seus escritos as tais objeções, para eles não me poderem acusar
de exagero ou de má interpretação.
    Eis a acusação de Mariolatria, tal qual a transcrevo de um jornal protestante.
    Chama-se Mariolatria a adoração de Maria Santíssima.
    Diz o articulista:
    "Indiscutivelmente, e não há quem ouse negar, no catolicismo Maria ocupa o lugar de destaque, é o "fac totum" da corte celeste. Todas as invocações, todas as adorações são dirigidas, apenas e unicamente a ela. Representa no catolicismo tudo, a substancia e a essência. A Maria são feitos os sermões e oferta dos presentes, os fiéis são convidados a confiar quase exclusivamente nela e no seu poder absoluto.
    Essa adoração toda, essa idolatria, criou o que se chama Mariolatria, que não passa de uma criação tardia, muito tempo depois de lançadas as bases do catolicismo.
    Maria começou a sair do silêncio em que a tinham envolvido os escritores do Novo Testamento, no meio do IV século. Foi obra de uma seita, composta quase que só de mulheres, aparecida na Thracia e naa Scisia superior, que começou a divulgar aos quatro ventos a divindade de Maria, e torná-la digna de adorações e cultos.
    EStes sectários foram chamados de "Colliridianos", por oferecerem à Mãe de Jesus algumas tochas chamadas em grego Kohhúga.
    Nos primeiros séculos nós não encontramos culto algum a Maria. Todos são unisonos e de acordo em pregar digno de culto somente Deus e o seu unigênito filho Jesus Cristo.
    Nem Justino Martir, nem Irineu, nem Tertuliano, nem Cipriano, nem Latancio, podem ser invocados como sustentadores e propugnadores do culto da grande "mãe de Deus", porque eles, como São Pedro, São Paulo e São João, não aludem a outra mediação senão à Deus e Jesus Cristo.
    Volvamos ao passado, isto é, aos primeiros séculos e os percorramos com atenção.
    Século I. Clemente Romano, o suposto sucessor de São Pedro, escreve nas suas Constituições Apostólicas: "Não é permitido avisinhar-se a Deus onipotente, que por Jesus Cristo seu filho. (Const. Apost. liv. 2 e 33)
    Século II. Inácio, discípulo do apóstolo João, escreve de Roma aos Filadelfios: "Nas vossas orações deveis ter perante os olhos apenas Jesus Cristo e o pai de Jesus Cristo".
    Século III. Origênes disse claramente: "Não tenhamos a desfaçatez de invocar algum outro, a não ser aquele que é Deus sobre todas as coisas, bastando a tudo por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo.
    Século IV. Atanásio pregava e escrevia: "Nós verdadeiramente somos adoradores de Deus, porque não invocamos nem criaturas nem homens; invocamos o filho, que por nascimento procede de Deus, e que é o verdadeiro Deus, que nasceu homem, é verdade, porém que não obstante é Deus e Salvador".
    Século V. João Capistrano se opõe aqueles que queiram introduzir outros mediadores além de Cristo.
    Nestes cinco primeiros séculos não se concebia outra adoração, outra veneração que não fosse Deus e Jesus Cristo. Como, pois, pode o catolicismo passar uma esponja no quadro negro do passado, e fazer valer todos os pontos de vista a opinião da seita de Colliridianos?
    Como, pois?
    Deixando mesmo em segundo plano Jesus Cristo? Mas porque? Acaso admitem a imaculada conceição de Maria?"
Continua... (vamos deixar o suspense para o martelo do Padre Júlio Maria)

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