1 de junho de 2024

A Mulher Bendita - Padre Júlio Maria

II. O fac-totum da corte celeste

    Tal é a objeção em toda a sua brutalidade, ignorância e nudez.
    Em síntese, acusam a Igreja Católica de fazer de Maria Santíssima:
    1. O fac-totum da corte celeste
    2. Um objeto de adoração
    3. O objeto de um novo culto
    4. Uma novidade desconhecida no Evangelho e nos primeiros tempos do Cristianismo.
    Tomemos, uma por uma, todas as objeções e lhes demos uma resposta clara e sucinta, que dissipe todos os erros e faça refulgir a única verdade Católica.
    Maria Santíssima não é, nem pode ser o "fac-totum". É uma heresia, que a significação dos próprios termos refuta.
O fac-totum é Deus; e por isso só a Ele é devida toda a honra e gloria nos séculos dos séculos, como diz o Apóstolo (1 Tim I. 17).
    O termo - adoração - exprime o culto desta honra suprema; e este termo é exclusivamente reservado ao culto de Deus.
    O termo - super-veneração - exprime o culto que prestamos à Mãe de Deus; e nada tem de comum com a adoração, de modo que, neste culto, o excesso é impossível; para que houvesse excesso, necessário seria que, ultrapassando o culto de super-veneração, alguém deslizasse na adoração, o que nenhum católico faz nem pode fazer.
    Qual é pois, exatamente, o lugar de Maria Santíssima, na hierarquia divina da religião?
    É simples, e é belo. É São Paulo quem nos vai fornecer a descrição, em sua linguagem figurada e teológica. Ele escreve:
    Assim como num só corpo temos muitos membros, e nem todos os membros tem a mesma função, assim, ainda que muitos, somos um só corpo em Cristo, e cada um de nós membros uns dos outros (Roma. XII. 4. 5)
    Ora, vós sois corpo de Cristo, e membros unidos a membro (1 Cor. XII. 27).
    E ele é a cabeça do corpo da igreja, e é o princípio, o primogênito dentre os mortos; de maneira que ele tem primazia em todas as coisas, porque foi do agrado do Pai, que residisse nele toda a plenitude, e que por ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas. (Colos. I. 18, 19).
    Eis uma figura esplêndida da Igreja.
    A Igreja é o corpo místico de Jesus Cristo.
    Um corpo possui necessariamente três partes:
    A cabeça, o pescoço, os membros inferiores.
    É uma figura muitas vezes empregada pelo Apóstolo.
    A cabeça é o Cristo.
    Os membros somos nós.
    E como são ligados à cabeça os membros deste corpo?
    Pelo pescoço.
    O pescoço é pois a parte mediana, que e um membro do corpo, mas com esta particularidade, que é membro que toca, ao mesmo tempo, a cabeça e os membros.
    E entre os diversos membros deste corpo qual é a criatura que toca ao mesmo tempo Deus e as criaturas?
    É a Virgem Maria.
    Pela sua natureza, ela é uma simples criatura; pela sua dignidade, ela é Mãe de Deus.
    E que união mais intima pode existir entre duas criaturas do que a união de Mãe e filho?
    Eis porque Maria Santíssima é chamada pelos Santos: o pescoço do corpo místico de Jesus Cristo.
    Esta figura exprime admiravelmente o lugar que Maria Santíssima ocupa na Igreja e no culto católico.
    Ela não é a cabeça; ela é membro.
    Ela não é um simples membro, mas entre todos os membros goza do privilégio único e incomunicável, de ser diretamente unida a cabeça, enquanto todos os outros membros o são por intermédio do pescoço.
    Eis como cai por terra a primeira objeção protestante, acusando a Igreja de fazer de Maria Santíssima o fac totum da religião.
    O intermediário, o membro de ligação entre Jesus Cristo e os homens, é Maria Santíssima.
    Ora, quem é capaz de confundir o pescoço com a cabeça?
    Quem não vê que de nenhum modo e nunca e pescoço pode substituir a cabeça, ou ser colocado em cima da cabeça?
    A comparação de São Paulo é pois típica, profunda, expressiva, e indica para cada parte do corpo místico do Salvador o seu lugar próprio.
    Jesus Cristo.
    Maria Santíssima.
    Os homens.
Continua...

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